Por Revista VEJA
Investigação mostra que o ministro do STF e Léo Pinheiro,
envolvido no petrolão e recém-libertado da cadeia, têm preocupante proximidade.
O ministro Benedito Gonçalves, do STJ, também está no rol de amigões do
ex-presidente da OAS
No dia 13 de novembro do ano passado, o engenheiro Léo
Pinheiro, sócio e presidente da empreiteira OAS, não imaginava que sua rotina
estaria prestes a sofrer uma reviravolta em algumas horas. Era noite de quinta-feira.
Trocando mensagens com um amigo, ele parecia tranquilo e informava: "Estou
indo para a África na segunda". Depois, perguntou: "Você vai ao
aniversário do ministro Toffoli no domingo?". O amigo respondeu que ainda
não sabia se compareceria à festa. Marcaram um encontro para o sábado no Rio de
Janeiro e outro para segunda-feira, 17, em São Paulo. Léo Pinheiro acabou não
indo à África, ao Rio, a São Paulo nem ao aniversário do ministro. A Polícia
Federal prendeu o engenheiro horas depois da troca de mensagens. Seis meses se
passaram e esse diálogo, aparentemente sem relevância, ganhou outra dimensão.
Léo Pinheiro foi solto na última semana no fim de um julgamento dividido, em
que o voto do ministro Toffoli foi decisivo para sua libertação. Toffoli votou
com o relator, ministro Teori Zavascki, para conceder habeas corpus ao
empreiteiro Ricardo Pessoa, da OAS - decisão logo estendida aos demais presos
da Lava-Jato. Se Toffoli tivesse votado contra a concessão do habeas corpus,
Pessoa e Léo Pinheiro teriam sido mantidos atrás das grades.
Léo Pinheiro, ponta de lança do esquema de corrupção da
Petrobras, acusado de desviar bilhões de reais e de subornar algumas dezenas de
políticos, deve sua soltura à inadequada e estranha proximidade com o ministro
Toffoli? É tão difícil afirmar que sim quanto que não. Para que os empreiteiros
continuassem presos bastaria que um dos outros ministros que votaram a favor
do habeas corpus, Gilmar Mendes e Teori Zavascki, tivesse discordado do
relator. A questão é que, até onde se sabe, nem Gilmar Mendes nem Teori
Zavascki têm relações com empreiteiros. Como mostra o relatório da Polícia
Federal, Toffoli é próximo de Léo Pinheiro, da OAS. Ambos são amigos diletos do
ex-presidente Lula, em cujo governo Toffoli, ex-advogado do PT, foi nomeado
para o STF.
O ministro Benedito Gonçalves, do STJ: processo decidido em
favor da empreiteira do amigo, lobby para chegar ao Supremo
e favores, muitos
favores (Lula Marques/Folhapress)
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VEJA teve acesso a um relatório produzido pelos
investigadores da Operação Lava-Jato a partir das mensagens encontradas nos
telefones apreendidos com Léo Pinheiro. O documento mostra que o empreiteiro
frequentava as altas esferas de poder da capital. O interlocutor que aparece
marcando encontros com ele no Rio e em São Paulo e a ida à festa de aniversário
de Toffoli é o ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça
(STJ). Vale lembrar que Benedito chegou a ser o nome preferido do governo para
assumir uma vaga no STF. "As mensagens demonstram uma proximidade entre
Léo Pinheiro e Benedito Gonçalves, bem como a proximidade destes com o ministro
Toffoli", conclui o relatório da Polícia Federal.
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