Por Andrés Candela
Senador Iván Cepeda: pouco, quase nada, utilizo vivências
pessoais, embora tenha argumentos e exemplos que me permitam sustentar qualquer
coluna. Queria escrever sempre como verdadeiramente penso e sinto, mas é
impossível: as palavras sempre são poucas e estarão limitadas ante a
impotência, a injustiça, e talvez a única coisa que teremos como improvisado
relator da situação é um profundo suspiro, é o mais próximo à dor, que
desconhece as palavras. O senhor deve saber melhor que eu. Não obstante,
permita-me traçar-lhe um breve parágrafo como cabeçalho para tratar o tema do
título.
A paternidade me avivou angústias que minha juventude sempre
calou. Eu, literalmente, deixei de ser a primeira pessoa do singular para me
converter a todo momento em “ela” e seu bem-estar. Quando a puseram entre meus
braços não soube o que fazer. Isso nunca foi um segredo. Eu jamais me converti
no “homem mais feliz do mundo” nesse dia, como ocorreu a muitos. Além disso,
estive em “estado de choque” e de silêncio por vários dias, e necessitei tempo
para assimilar essa diminuta vida que já faz parte da minha e que hoje
necessitaria mais que a vida para imaginar minha existência sem sua
proximidade.
Pois bem, senador Cepeda, considero que encobrir as vítimas
das FARC de forma implícita (sem nunca se referir a elas) é uma vil canalhice,
depois de tantos anos de massacres, porém parece ser uma ordem tácita, porque
assim estariam fazendo muitos funcionários, senadores e jornalistas para
esquentar a coroa para Santos com tão oneroso e improdutivo processo de “paz”,
cujos únicos e notórios resultados são a grande quantidade de insensatez
apregoadas pelos camaradas de Havana, o aumento das incursões subversivas e o
regresso das FARC a diversos territórios do país onde já não estavam. Além disso,
senador Cepeda, parece ao senhor que nossa realidade é tão perfeita ou
imaculada que carecemos de vítimas e que devemos importá-las de Gaza? Não lhe
parece que a Colômbia já tem sua boa dose de sacrificados - tanto das FARC como
dos para-militares - para sair a nos ocupar dos problemas de outras latitudes
no mesmo dia da instalação do Congresso da Colômbia, com um cartaz que dizia
“fim do massacre em Gaza”?! E qual é - segundo seu critério, senador Cepeda - a
importância que merecem as vítimas de Gaza acima das vítimas das FARC?! Porque
nesse caso também devo lhe perguntar: para qual país legislará o senhor?!
Senador Cepeda, no fim de semana antes de ver sua fotografia
no Twitter e a de seus companheiros no Congresso com o mencionado cartaz,
também me chegou um vídeo que, lhe asseguro!, só tive coragem de vê-lo uma só
vez. Um vídeo cuja cena, como pai de família, me destroçou a alma... E que Deus
me ajude no parágrafo seguinte porque não sou ávido atirando letras, sou
obstinado organizando-as! Essa é - talvez - minha única virtude.
E foi transitando nos caminhos de meu ócio como encontrei
uma dor desmesurada, uma angústia solitária (embora houvesse muita gente a seu
redor), a cara da vida e da morte postas de frente, sem as quais nenhuma
existência se avaliaria. Entretanto, presenciar tão incalculável sofrimento em
tão tenra idade não tem nada de vida, embora estejamos falando da morte de um
verdadeiro herói sem cadeira política! Quem pode passar por cima da tragédia de
um menino que implora o olhar de seu pai morto? “Papai, papai, papai... por
favor, olhe para mim, paizinho!”. Não houve uma só voz que o consolasse, nem um
só regaço que o protegesse... Por que? Porque a maioria de nossa pérfida classe
política desvalorizou nossos verdadeiros heróis e a justiça jogou fora a venda,
e agora posa com os olhos enfocando o ouro! Depois... um grupo de senadores
acreditado ser o tribunal moral de todo o mundo, do mundo inteiro!
PS: O vídeo, segundo a informação que encontrei, data de um
dos tantos massacres contra a Polícia Nacional e orquestrado, indubitavelmente,
pelas FARC.
Tradução: Graça Salgueiro
Fonte: Mídia Sem Máscara
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