Por Cristina Indio do Brasil
O promotor da 26ª Promotoria de Investigação Penal do
Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), Luís Otávio Figueira Lopes,
apontou que ativistas decidiam em reuniões fechadas as ações violentas em
manifestações nas ruas do Rio. A indicação está no texto da denúncia
encaminhada por ele na sexta-feira (18) ao juiz da 27ª Vara Criminal da
Capital, Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau. Após o recebimento da denúncia,
o juiz decretou as prisões preventivas de 23 ativistas.
De acordo com o promotor, com a intensificação das
manifestações e com as ocupações em regiões da cidade houve a tentativa de
unificação dos grupos com a criação da Frente Independente Popular (FIP), que
conforme o texto, era gerida por reuniões públicas e outras de natureza fechada,
em que participavam as lideranças. “Nessas reuniões fechadas estabeleceu-se que
o protesto pacífico não seria meio hábil ao alcance dos objetivos dos grupos,
tendo sido, então, definido que deveria ser incentivada a prática de ações
violentas no momento das manifestações, tais como a depredação de bancos, de
estabelecimentos comerciais e o ataque a ônibus e viaturas policiais”, indicou
o promotor no texto que a Agência Brasil teve acesso.
Ele disse que Elisa Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, pode ser
identificada como uma das principais lideranças da FIP junto com Igor Mendes da
Silva, Leonardo Fortini Baroni Pereira, Emerson Raphael Oliveira da Fonseca,
Camila Aparecida Rodrigues Jourdan, Felipe Proença de Carvalho Moraes, Luiz
Carlos Rendeiro Junior e Drean Moraes De Moura Corrêa. O promotor indicou que
esses ativistas foram responsáveis pela decisão de incitar os ocupantes do
movimento Ocupa Câmara [na Câmara Muncipal do Rio em agosto 2013] a promoverem
a queima de um ônibus, o que foi feito após a realização de uma das reuniões
fechadas da frente.
O promotor atribui ainda a Elisa Quadros a orientação para
incendiar o prédio da Câmara. “Também durante tal ocupação, Elisa Sanzi foi
vista comandando manifestantes no sentido de carregarem três galões de gasolina
para a Câmara Municipal, passando a incitar os demais manifestantes a incendiar
o prédio, objetivo não alcançado em razão da intervenção de outros
participantes dos atos, fatos apontados no depoimento da testemunha XXXXXXXX
[não identificada no texto]”, informou.
Para ele, Filipe Proença de Carvalho Moraes, Camila
Aparecida Rodrigues Jourdan e Pedro Guilherme Mascarenhas Freire desempenham
função de direção na Organização Anarquista Terra e Liberdade (OATL), que se
reporta diretamente à direção da FIP.
“As atribuições de tal grupo incluem o planejamento dos atos
violentos, bem como a preparação do material ofensivo a ser utilizado nos
confrontos: coquetéis-molotov, artefatos explosivos, além de fogos de artifício
alterados para adquirirem potencial lesivo, como, por exemplo, com a colocação
de pregos em morteiros, posteriormente disparados em direção aos agentes de
segurança pública”, destacou, indicando ainda que Felipe Frieb de Carvalho,
Pedro Brandão Maia, Bruno de Sousa Vieira Machado, André de Castro Sanchez
Basseres e Joseane Maria Araújo de Freitas “eram incumbidos de efetuar a
distribuição de tal material, bem como utilizá-lo diretamente na agressão de
policiais, muitas vezes disparando artefatos de dentro de veículos e fugindo em
seguida”, apontou.
A ativista Camila Jourdan participava da elaboração de
artefatos que eram disponibilizados para black blocs. Segundo o promotor, isso
foi identificado em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
O advogado Lucas Sada, que faz parte da equipe de advogados
do Instituto de Defensores dos Direitos Humanos (IDDH) e defende André de
Castro Sanchez Basseres, Gabriel da Silva Marinho, Luiz Carlos Rendeiro Júnior,
Pedro Mascarenhas e Karlayne Moraes da Silva Pinheiro, avaliou que a denúncia
do Ministério Público é falha e acrescentou que as acusações serão rebatidas
durante o processo. “No momento oportuno a gente vai combater todas as
alegações que estão sendo feitas”, informou em entrevista à Agência Brasil.
O advogado foi contratado também pelo Sindicato dos
Jornalistas do Município do Rio de Janeiro para defender a funcionária da
Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Joseane Maria Araújo de Freitas. Lucas
Sada disse que conversou com ela e que a acusação apontada no texto é falsa.
“Ela nunca produziu um coquetel-molotv na vida, nunca atirou um
coquetel-molotov, nunca entrou em confronto com a polícia. Essa alegação é uma
fantasia”, disse. Amanhã (21) os
advogados entrarão com pedido de habeas corpus dos ativistas que estão com
prisão preventiva decretada.
Dos 23 ativistas com prisão preventiva decretada, cinco
estão detidos no Complexo Penitneciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste, e
os outros são considerados foragidos pela polícia.
Fonte: Agência Brasil
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