quarta-feira, 18 de maio de 2016

TEMER ACERTA MAIS UMA E MARCO AURÉLIO ERRA FEIO


Vem muito mais chumbo grosso pela frente


Artistas pegam nosso dinheiro e falam mal de nós


Artista brasileiro passa mais tempo Invadindo coisa do que Fazendo Arte


PT DEFINE ESTRATÉGIA SUJA PARA INFERNIZAR TEMER


Cunha afronta Justiça e País mandando na Câmara


Os bolivarianos esperneiam contra o impeachment


CUBA - Medo de perder a Boquinha


Temer nomeia Flávia Piovesan para Direitos Humanos


Grampo no Supremo


Debate sobre Maranhão tira foco de votações na Câmara


Fazenda e Banco Central vão falar a mesma língua


Antagonista chapa-branca


CAPITÃO NASCIMENTO ou Pablo Escobar???


As tarefas de Meirelles


Enquanto cidade entra em colapso, prefeito brinca na internet


terça-feira, 17 de maio de 2016

TEMER CALA SEXISTAS E MARCA GOLAÇO NA EQUIPE ECONÔMICA


Temer precisa focar urgentemente nas questões principais e de efeitos imediatos


Meirelles reafirma compromisso fiscal


Temer parece não perceber que sua lua de mel será curta


ATENÇÃO TEMER! DIALOGAR COM LULA É ERRO MORTAL


Já se vê uma perspectiva melhor para a economia


Restabelecer a República no Brasil


Temer com foco na economia e na área social


NO GOVERNO TEMER A ORDEM É ARTICULAR E PRIVATIZAR


Afastado, Cunha dá as cartas e mantém mordomias


A maior virtude do homem é ser razoável


'Ou apoiamos o governo Temer, ou afundamos todos'


Jean Wyllys é democrático e de oposição


Temer reage a entrevista do ministro da Justiça


Ministros de Temer tem que ter coragem! Senão ficarão reféns para sempre!


Roda Viva: Delcídio do Amaral


segunda-feira, 16 de maio de 2016

Ordem e Progresso


Brasil se impõe contra Foro de São Paulo


Na prova de português, Temer massacra Dilma e Lula


Temer deve tomar medidas rápidas


A ruína do PT


Ministério sem mulheres gera críticas a Temer


Ministério Temer deixa a desejar


Vídeo constrangedor mostra a empolgação de petistas com o golpe de Maranhão… que durou pouco.


domingo, 15 de maio de 2016

INACREDITÁVEL: ROMBO DEIXADO POR DILMA É AINDA MAIOR


Temer quer impeachment concluído antes da Olimpíada


Hay gobierno ! A rafuagem foi posta para fora e não voltará mais.


Problemas escondidos agora impõem sacrifícios


O "Dia da Vitória"


É muito difícil não haver aumento de imposto


Os vices: Temer x Itamar


“O Novo Governo”


Está consumado o afastamento da presidente Dilma. Tudo teve início com a manifestação popular, em 15 de março de 2015, naquele que foi considerado o maior protesto contra um governante brasileiro em todos os tempos – 6,9 milhões ao longo do território nacional segundo os organizadores. Razões de sobra existiam para isso, pois o Brasil já se encontrava mergulhado na maior crise econômica, política, ética e moral de que temos conhecimento em nossos já muitos anos de vida.

A corrupção foi institucionalizada nos órgãos públicos. Os desvios de verbas públicas atingiram números inacreditáveis. O desemprego níveis assustadores. O País, desacreditado na comunidade internacional, praticamente paralisado. Chegamos, e ainda hoje nos encontramos, a um passo do caos.

Instalado o processo de impeachment, aprovado o rito processual pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, por esmagadora maioria dos seus integrantes, determinaram o afastamento da presidente por 180 dias, período em que assume um governo interino, enquanto no próprio Senado a dirigente afastada passa a ser julgada pelos crimes de responsabilidade de que é acusada. Tudo em total respeito à Lei Maior, a Constituição Federal, e agora sob a coordenação do próprio presidente do STF.

O mais é o “jus sperniandi” de gente que jamais esteve preparada – ética e moralmente e muito menos sob o aspecto da competência — para dirigir os destinos do Brasil.

Mas os problemas estão longe de terminar, e disso temos plena convicção. Nossas atenções devem voltar-se, sobretudo, para o comportamento do novo governo. Se o afastamento do antigo tornou-se absolutamente necessário para que houvesse a esperança de reerguimento e reconquista do orgulho nacional, ninguém deve ter tantas ilusões quanto aos que chegam. A vigilância e cobrança permanentes da sociedade são essenciais.


O povo brasileiro foi às ruas, também, para repudiar a cleptocracia comandada pelo PT. Não suportaremos novos desapontamentos. Entre os ministros anunciados para compor a equipe do novo presidente, estão algumas raposas velhas e até investigados pela Justiça. Ninguém ignora as dificuldades de Michel Temer para montar uma equipe ideal nas circunstâncias atuais, no entanto, ele aceitou e até, a partir de um determinado momento, pareceu incentivar o desenlace da tragédia petista. Sua responsabilidade é, pois, imensa. Não pode falhar.

sábado, 14 de maio de 2016

TEMA DA DESPEDIDA DE DILMA ROUSSEFF


Sobre eventual aumento de tributo: “População aceita se for temporário”


Falta o 1º chute a gol da equipe de Temer


Educação financeira - Com Denise Campos de Toledo


Os primeiros passos de Temer


“A única fonte de tortura que a senhora teve foi a lei”


Coadjuvante, PSDB vive crise de identidade


Não foi por falta de aviso


sexta-feira, 13 de maio de 2016

Trocar Marcela por Dilma já seria um enorme ganho, mas não será só isto !


TEMER, UM DISCURSO LIBERAL E EM PORTUGUÊS...UHUUU


Temer x Dilma: Elegância x Descontrole


Do Dilmês ao Português


Trabalho contra crise só com paz


Michel Temer prega governo de 'salvação nacional' em primeiro pronunciamento como presidente


Faltou recato na cerimônia de Temer no Planalto


Os netos de Cardozo vão querer mudar de avô


PT nunca mais


Só ações efetivas garantirão confiança em Temer


O MINISTÉRIO TEMER E O DISCURSO BURRO E SEXISTA


Impeachment é destaque na mídia internacional


O DISCURSO PATÉTICO DE DILMA, A MENTIROSA


Chegada de Lula ao Planalto; & Pronunciamento de Dilma Rousseff após aprovação do impeachment no Senado


Dilma conserva os benefícios da Presidência


VITÓRIA: DILMA É INTIMADA E AFASTADA. VIVA BRASIL!!!


Magno Malta fala do pós-Dilma: "País febril vai restituir sua saúde"


Temer não pode trair as ruas


"Ruínas de um governo": Collor compara 2016 a 1992 na votação do impeachment de Dilma


Temer venderá otimismo econômico


quarta-feira, 11 de maio de 2016

A cassação é inexorável


A última chicana imbecil do governo Dilma


Na luta pelo mandato, Dilma não pensa no Brasil


Nem adrenalina pura salva o cadáver insepulto do governo Dilma Roussef


DELCÍDIO É CASSADO. IMPEACHMENT NAS MÃOS DE TEORI


Junto com Dilma, afunda o projeto político de Lula


Dilma faz despedida compatível com erros do mandato


GOVERNO PT TENTA NOVO GOLPE NO STF E NAS RUAS; TEMER SE ENQUADRA


Dólar cai com volta da expectativa de impeachment


Alvaro Dias critica governo por tentativas de anular o processo de impeachment da presidente Dilma


A última cartada de Dilma


O passado e o futuro


Mesa Diretora da Câmara pede renúncia de Waldir Maranhão


A Dilma é o nosso fundo do poço


Um caráter por trás de um bigode


Waldir Maranhão revoga decisão que anulou sessão do impeachment


Sobre saída da presidente: "A Dilma vai ter seu dia de 'rampeira'"


Brasil deve assistir troca da guarda de governos


Próximos passos da Lava Jato


HÉLIO BICUDO: STF INSTALOU DITADURA AO AFASTAR CUNHA


terça-feira, 10 de maio de 2016

CALHEIROS SEGUE COM IMPEACHMENT. BANCADA DA CHUPETA CHORA


Falha manobra absurda para travar impeachment


A Operação Maranhão de Dilma


Renan decide manter processo de impeachment


Waldir Maranhão tem de ser cassado


TRAIDOR DA PÁTRIA, MARANHÃO PODE SER EXPULSO E CASSADO


Senadora Ana Amélia condena decisão do presidente interino da Câmara sobre processo do impeachment de Dilma


Espera-se uma gestão mais eficiente da economia


Deputado Waldir Maranhão faz pronunciamento


Filho de Waldir Maranhão dava expediente em dois locais ao mesmo tempo


Zeze Perrella analisa decisão do presidente interino da Câmara sobre processo de impeachment


A decisão de Maranhão, impeachment e Renan Calheiros


PRESSÃO - RENAN VAI IGNORAR #GOLPE NO #IMPEACHMENT


Manhas e artimanhas... Veja a reação de Dilma ao saber da anulação do Impeachment por Waldir Maranhão


Guido Mantega é levado à PF na Operação Zelotes


GOLPE: MARANHÃO ANULA IMPEACHMENT


Waldir Maranhão anula sessão da votação do impeachment na Câmara


Moralização das licitações


ENTREVISTA: JANAÍNA PASCHOAL, HÉLIO BICUDO E O IMPEACHMENT


"Ninguém é louco para abortar o impeachment..." - SERÁ ???


segunda-feira, 9 de maio de 2016

ASCENSÃO E QUEDA DO PETISMO


ptldAs razões do impeachment da presidente e do inferno astral do partido devem ser buscadas em sua compulsão à construção de versões, ao tratamento desonesto dos fatos e da história, aos sofismas, às inversões de responsabilidade e à incapacidade de se corrigir. Em uma só palavra: à mentira ou falsidade em suas muitas formas. O crime de responsabilidade não aconteceria fora desse quadro, digamos assim, clínico.

Detalhando um pouco mais. Para alcançar a vitória em 2014 foi preciso, confessadamente, "fazer o diabo" e ele foi feito. Foi necessário escandalizar a todos com prévia proclamação sobre o quanto seriam "capazes de fazer para ganhar". E fizeram. A imperiosa determinação de vencer a qualquer custo implicava, entre outras ações e omissões, esconder a realidade fiscal e manter elevado o gasto público sem autorização legislativa. Tudo com olho na urna e um silenciador na consciência de quem ainda dispusesse de uma. Por isso, o crime de responsabilidade que dá causa ao impeachment tem, ele mesmo, origem num mal maior - a relação hostil com a verdade e com a realidade. É por ela que, nestes dias, fingem indignação e simulam ironias em atlético e aeróbico esforço para sovar um pouco mais a velha estratégia: construir versões, torcer os fatos, inverter responsabilidades, evadir-se das próprias culpas, perseverar na incorreção.

Note-se: houve outros crimes de responsabilidade praticados pela presidente - crimes que prosseguiram, em cascata, desde antes de o processo haver começado a tramitar. Sobre todos eles, o tempo e a Justiça ainda haverão de falar. Alguns estão gravados e nós ouvimos.

 E SE FOSSE NO SEU CONDOMÍNIO?

Veio de um amigo a mais clara explicação sobre o crime de responsabilidade praticado pela presidente Dilma. Perguntou-me ele: "Num condomínio, pode o síndico usar recursos do Fundo de Reserva sem autorização da assembléia?". E em seguida: "Se o síndico faz isso, o que lhe acontece?". As respostas são óbvias. Não pode o síndico agir assim por conta própria. E se o fizer, cai-lhe a casa em cima, entra em desgraça, é destituído da função. Ora, se tal conduta tem gravidade num condomínio, imagine-se quando falamos de um país e de seu orçamento!

UM PESO E UMA MEDIDA

O Procurador Geral da República descarregou um caminhão de candidatos à investigação no colo do STF. Sobrou para ambos os lados do espectro político. Pouco depois, por unanimidade, o Supremo mandou Eduardo Cunha tirar férias. Ninguém foi às ruas protestar, ninguém esbravejou, ninguém saiu por aí a cuspir nos demais. A nação celebra todo gesto de limpeza, todo ato de Justiça, toda contribuição ao saneamento moral das instituições. Essa diferença em relação aos paladinos do indefensável, que chamam bandidos de heróis, só não vê quem não quer. Por isso, não imagine o vice-presidente que a inclemência institucional e popular em relação à organização criminosa que está sendo afastada do poder o beneficie além dos precisos termos da Constituição, que o fazem primeiro da linha sucessória. Tão logo assuma, estará sendo pessoalmente julgado por sua conduta e pelas escolhas que fizer. Os bons brasileiros têm um só peso e uma só medida.


___________________
Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

Teori foi alvo de arapongas


BATE-BOCA: Cássio Cunha Lima e Gleisi Hoffmann se desentendem em Comissão do Impeachment


A situação da esquerda, segundo Marta Harnecker


Marta Harnecker, psicóloga, escritora e jornalista chilena, é uma das principais investigadoras e divulgadoras dos pensamentos e experiências detransformação social de nosso continente. Após a deposição de Allende, passou a viver em Cuba, onde se casou com Manuel Piñero Losada – já falecido -, uma das lideranças do PC Cubano. Atualmente, com um segundo matrimônio, vive no Canadá.


É autora de uns 40 livros, entre os quais “Conceitos Elementares do Materialismo Histórico”, com 61 edições e mais de um milhão de exemplares vendidos, tendo sido traduzido para o francês, português, inglês e grego.


Sua última obra – “Fazendo Possível o Impossível: A Esquerda no Umbral do Século XXI”, foi publicada no México, Espanha, Cuba, Brasil, Itália, Portugal, Canadá e França.

É deste último livro o texto abaixo, resumido:


Estamos atravessando uma fase ultraconservadora. Vivemos um período de refluxo da humanidade. Não só fracassou o socialismo soviético, como o capitalismo demonstrou uma surpreendente capacidade para se adaptar às novas circunstâncias e para utilizar em benefício próprio os avanços da nova revolução técnico-científica, enquanto os países socialistas, depois de terem alcançado um notável desenvolvimento econômico, foram caindo na estagnação até acabarem no desastre que conhecemos. Ao que se acrescentam as dificuldades econômicas que começaram a sofrer os governos social-democratas europeus e os seus regimes de “estado de bem-estar”: detenção do crescimento econômico, inflação, ineficiência produtiva.


Devemos reconhecer que vivemos tempos angustiantes, plenos de confusão e de incertezas. A deterioração do nível de vida da maioria da população do planeta, incluindo setores cada vez mais amplos das camadas médias, que alguns têm denominado como globalização da pobreza, é alarmante; a ameaça do desemprego é uma preocupação presente tanto nos países pobres, como nos países desenvolvidos  – OBS: no Brasil, segundo os indicadores de órgãos de pesquisas, há 11 milhões de pessoas desempregadas -; a fragmentação social e organizativa parece ter atingido o seu nível máximo, enquanto os sonhos de construção de uma nova sociedade se reduziram à sua expressão mais tímida.


A deterioração do meio ambiente ameaça a sobrevivência das futuras gerações e a corrupção galopante produz um vasto efeito desmoralizador. Continua e continuará a estar presente o perigo da guerra desencadeada por diversos grupos que apelam para o terrorismo indiscriminado – OBS: citando apenas alguns exemplos, vide o denominado Estado islâmico na Síria e no Iraque, a Al-Shabab, na Somália, a Al-Qaeda, em todo o mundo -.
A ação política está órfã de modelos explicativos e orientadores, porque em sua maioria os velhos modelos foram derrubados, e os novos não conseguem demonstrar sua eficiência em termos de crescimento com eqüidade, e os esforços para inverter o retrocesso costumam desembocar na frustração e na impotência.


Torna-se mais urgente do que nunca uma opção alternativa se não estivermos dispostos a aceitar essa cultura integral do desperdício, material e humano que, não apenas gera lixo não-reciclável pela ecologia, mas também, resíduos humanos difíceis de reciclar socialmente, ao impelir grupos sociais e nações inteiras para o desamparo coletivo.
São enormes os desafios que se colocam à esquerda latino-americana, que está desconcertada e sem um projeto alternativo, pois está vivendo uma profunda crise que abrange três terrenos: o teórico, o programático e o orgânico.


A Crise Teórica


A crise teórica da esquerda latino-americana tem uma tripla origem. Em primeiro lugar, a sua incapacidade de elaborar um pensamento próprio. Analisa-se a realidade com parâmetros europeus. Por exemplo, considerava-se a América Latina como uma formação feudal, quando era capitalista dependente; ou aplicava-se o esquema de análise classista europeu a países que tinham uma população majoritariamente indígena, o que conduzia a desconhecer a importância do fator étnico-cultural.
Em segundo lugar, ela não foi capaz de realizar um estudo rigoroso das experiências socialistas e também não realizou uma análise séria das causas das suas derrotas.


Contudo, não há dúvida de que a explicação mais importante dessa crise teórica é a inexistência de um estudo crítico do capitalismo dos fins do Século XX. O capitalismo da revolução eletrônica, da informática, da globalização e das guerras financeiras.


Em que se modifica, por exemplo, o conceito de mais-valia – conceito central da análise crítica do capitalismo em Marx - com a introdução da máquina digital e da robótica, por um lado, e com o atual processo de globalização, por outro? Como afeta as relações técnicas e sociais de produção e as relações de distribuição e consumo a introdução das novas tecnologias no processo de trabalho? Que modificações sofreram tanto a classe operária e a burguesia numa era em que o conhecimento passa a representar um elemento fundamental das forças produtivas? Para onde vão a atual globalização e as suas conseqüências? Quem são os elementos que podem constituir uma base objetiva potencial para a transformação desse modo de produção?


A esquerda, em última análise, tem de reavaliar a teoria como uma arma imprescindível para a transformação social, destinando tempo à formação teórica, reconquistando quadros intelectuais, formando comunidades científicas de pesquisadores, e criando escolas populares permanentes de quadros.


A Crise Programática


A esquerda latino-americana vive uma profunda crise programática, que não é alheia à crise teórica acima descrita. Após a queda do socialismo soviético a esquerda teve grande dificuldade para conceber um projeto transformador que possa assumir os dados da nova realidade mundial e que permita fazer confluir num único feixe todos os setores sociais afetados pelo regime imperante. Há um excesso de diagnósticos e uma ausência terapêutica.

A esquerda, se quiser sê-lo, não pode definir a política como a arte do possível. A realpolitik tem de opor uma política que, sem deixar de ser realista, sem negar a realidade, vá criando as condições para transformá-la. Para a esquerda, a política deve consistir então na arte de descobrir as potencialidades existentes na situação concreta de hoje para tornar possível, amanhã, o que no presente parece impossível.

A Crise Orgânica


Além de viver uma crise teórica e programática, a esquerda também não conta com um sujeito político adequado aos novos desafios. Há um generalizado ceticismo em relação à política e aos políticos.



Essa crise da atual institucionalidade dos partidos de esquerda, exprime-se tanto na perda da sua capacidade de mobilização e atração perante as pessoas, e especialmente perante a juventude, quanto numa evidente disfuncionalidade das suas atuais estruturas, hábitos, tradições e maneiras de fazer política, com as exigências que a realidade social reclama de um ator político de caráter popular e socialista, em processo de renovação substancial.


Para levar adiante o processo de transformação social profunda, portanto, é necessária uma organização em que a análise política se assuma como uma síntese de um processo coletivo de construção de conhecimento, que integre tanto a experiência direta como o exame da realidade global a partir da teoria.


Isso implica a rejeição de duas teses extremas: a “vanguarda iluminada” e o “basismo”. A primeira concebe a instância política como a única capaz de conhecer a verdade: o partido é a consciência, a sabedoria; e a massa, um setor atrasado.


A tese oposta é o “basismo”. Este sobrevaloriza as potencialidades dos movimentos sociais. Supõe que esses movimentos são auto-suficientes. Rejeita indiscriminadamente a intervenção de qualquer instância política, e com isso contribui, muitas vezes, para levar água ao moinho da divisão do movimento popular.


A história de múltiplas explosões populares do Século XX demonstrou cabalmente que não basta a iniciativa criadora das massas para conseguir a vitória sobre o regime imperante. Os acontecimentos de Maio de 1968 na França são um dos muitos exemplos que corroboram esta afirmação.
Para que a ação política seja eficaz, para que as atividades de protesto, de resistência e de luta do movimento popular consigam os seus objetivos anti-sistêmicos, é necessário um sujeito organizador que seja capaz de orientar os múltiplos esforços que surjam espontaneamente, e de promover outros.

A cópia do modelo bolchevique conduziu a vários desvios. Reconhecendo a importância da organização política – alusão aos partidos políticos, às organizações político- militares e aos movimentos e frentes políticas – para conseguir os objetivos de transformação social, a esquerda marxista, porém, fez pouquíssimo para adequá-la às exigências dos novos tempos. Durante um longo período, isso teve muito a ver com a cópia acrítica do modelo bolchevique de partido, ignorando o que o próprio Lenin pensava a esse respeito.


O que a maior parte da esquerda latino-americana conheceu não foi o pensamento de Lenin em toda a sua complexidade, mas a versão simplificada dada por Stalin.


Lenin sempre concebeu o partido como o sujeito político por excelência da transformação social, como o instrumento para exercer a condução política da luta de classes – luta que se dá, sempre, em condições históricas, políticas e sociais específicas – e, por isso, considerava que a sua estrutura orgânica tinha de adequar-se à realidade de cada país, e modificar-se de acordo com as exigências concretas da luta.


Essas idéias precoces de Lenin foram ratificadas no III Congresso da Internacional Comunista, em 1921.



Todavia, a cópia acrítica do modelo bolchevique de partido levou a uma série de erros, desvios e faltas, que passamos a enumerar, cometidos pelos partidos comunistas da América Latina, com um rápido comentário relativo a cada um desses desvios, erros e faltas:


- Vanguardismo


Uma das atitudes mais negativas da esquerda marxista latino-americana e caribenha foi a de se auto-proclamar “vanguarda do processo revolucionário”, e muitas delas “a vanguarda da classe operária”, embora essa classe fosse quase inexistente em alguns desses países. Não compreenderam que o caráter de vanguarda de um processo não é coisa que se auto-proclame, mas sim que se conquiste na luta, e que não pode haver vanguarda se não houver uma retaguarda.


- Verticalismo e Autoritarismo


O estilo de condução verticalista – que se traduzia por pretender dirigir autoritariamente desde cima, enviando “para baixo” linhas de ação – era a prática habitual. Não havia uma preocupação em convencer as pessoas das propostas que se apresentavam. Isso conduzia a outro desvio: a tendência para ocupar cargos de direção nos movimentos sociais para controlá-los do topo, em vez de levar a cabo um paciente trabalho de base.

- Cópia de Modelos Exteriores


A maior parte das vezes, as elaborações estratégicas foram construídas não como resultado da procura de um caminho próprio adequado à especificidade do país, mas por meio da soma dos componentes estratégicos parciais de diferentes experiências revolucionárias de outras latitudes. Por exemplo: o que simboliza para os povos da América Latina a foice que figura na bandeira de muitos partidos comunistas? O que significa para os indígenas guatemaltecos o nome Ho Chi Minh e até o de Che Guevara?


- Teoricismo, Dogmatismo e Estrategismo


O teoricismo e o dogmatismo têm estado presentes nas mais diversas vertentes da esquerda: tanto nos partidos da esquerda tradicional como na autoproclamada esquerda revolucionária. A tendência era fazer análises teóricas de caráter geral, incapazes de explicar como funcionam os processos concretos. Pensou-se que se deveria fazer o caminho da unidade evitando as discussões teóricas, caindo, então, no praticismo, com a rejeição de todos os esforços de teorizar sobre a realidade.

Outro dos males que sofreu a esquerda – desta vez a esquerda revolucionária – foi o de estrategismo, pelo ual formulavam-se as grandes metas estratégicas, a luta pela liberdade nacional e pelo socialismo – mas não se fazia uma análise concreta sobre a situação concreta da qual se tinha de partir. Partia-se, quase sempre, da errada apreciação da existência de uma situação revolucionária em toda a América Latina e que bastaria uma centelha para incendiar a planície.

- Subjetivismo


Tem havido muito subjetivismo na apreciação da correlação de forças. Costuma acontecer que os dirigentes, movidos pelas suas paixões revolucionárias tendam a confundir os desejos com a realidade. Tende-se a subestimar as possibilidades do inimigo e, por outro lado, a superestimar as possibilidades próprias. Por outro lado, os dirigentes tendem a confundir o estado de espírito da militância mais radical com o estado de espírito dos setores populares da base. Também tem havido na esquerda uma tendência para se auto-enganar, para falsificar os dados das mobilizações, dos comícios, das greves, das forças de que dispõe cada organização, o que, depois, se projeta em linhas de ação incorretas, porque partidas de bases falsas.

- Concepção da Revolução como Assalto ao Poder


A esquerda em geral sempre teve uma concepção do Poder reduzida ao Poder do Estado, e a esquerda revolucionária concebia a revolução essencialmente como um assalto ao Poder do Estado e, portanto, concentrava seus esforços em criar condições para esse assalto, descurando outros aspectos da luta, entre os quais o trabalho de transformação cultural da consciência popular, tarefa que era relegada para depois da tomada do Poder.

- Insuficiente Avaliação da Democracia


Durante muitos anos as organizações de esquerda, influenciadas pela tônica que Lenin colocou na ditadura do proletariado, desdenharam outras de suas considerações: que o socialismo deveria ser concebido como a sociedade mais democrática, ao contrário da sociedade burguesa, que só é democrática para uma minoria. Em lugar de reivindicar a democracia, nos seus discursos e na sua propaganda punha-se a ênfase na ditadura do proletariado acabando, assim, por negar o próprio valor da democracia.

- Consideração dos Movimentos Sociais como meras Correias de Transmissão


Sempre existiu uma tendência em reconhecer as organizações sociais como elementos manipuláveis: simples correias de transmissão da linha do partido. Essa posição apoiava-se na tese de Lenin em relação aos sindicatos quando do início da Revolução Russa. Essa tese, mal digerida, foi aplicada pelas esquerdas em seu trabalho com o movimento sindical, primeiro, e depois com os movimentos sociais. A direção do movimento, os cargos nos organismos de direção, a plataforma de luta, enfim, tudo era resolvido pelas direções partidárias e depois mandava-se para baixo a linha a seguir.


- Visão do Cristianismo como Ópio do Povo


Até a década de 60, a esquerda latino-americana e caribenha, aplicando de forma mecânica a apreciação de Marx da religião da sua época como o ópio do povo, identificou o cristianismo com a hierarquia da Igreja Católica. Mas as transformações que começaram a ocorrer a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965) e que culminam com a Conferência de Medellin em 1968, com o surgimento da Teologia da Libertação e o movimento das Comunidades Cristãs de Base – aos quais tem que se acrescentar o gesto do sacerdote Camilo Torres, “que morre combatendo na guerrilha do ELN, na Colômbia – vão alterando essa injusta apreciação do papel que podem representar os cristãos na revolução” (Martha Harnecker, “Cristãos e Indígenas na Revolução”. Editora Século XXI, México).


- Desconhecimento do Fator Étnico-Cultura


A esquerda viveu muitos decênios ignorando o fenômeno indígena. A aplicação do reducionismo classista ao campesinato indígena levava a considerá-lo uma classe social explorada que devia lutar pela terra como qualquer outro camponês, ignorando a importância do fator étnico-cultural que fazia desse campesinato um setor social duplamente explorado e com uma cultura ancestral de resistência ao opressor.


- Conclusão


Nos anos 70, com os duros golpes recebidos e o auge do processo revolucionário na América Latina, deu-se um rápido processo de amadurecimento entre os dirigentes da esquerda. Começou-se a ter consciência de todos esses erros e desvios. Todavia, a tomada de consciência nem sempre se traduz em prática política imediata, visto que se requer um certo tempo para superar hábitos  que marcaram a esquerda durante décadas e para que essas transformações sejam assimiladas pelos quadros intermediários e de base.


Contudo, parece necessário advertir que, por mais desvios e erros que tenham sido cometidos, não se trata de jogar tudo fora e começar do zero. Além de usar uma linguagem adaptada ao novo desenvolvimento tecnológico, é fundamental que a esquerda rompa com o velho estilo de pretender levar mensagens uniformes a pessoas com interesses diferentes. Não se pode pensar em massas amorfas. O que existe são indivíduos, homens e mulheres, que estão em diferentes lugares, fazendo coisas diferentes e submetidos a influências ideológicas diferentes.

Temos que ser capazes de individualizar as mensagens, tendo em conta que os métodos clandestinos de atuação perderam sua vigência com os processos de abertura democrática que a América Latina passou a viver, mas cumpre não abandonar os métodos de autodefesa e ter um bom serviço de informações para conhecer os passos do inimigo, a fim de preparar a tempo a contra-ofensiva.


Num mundo em que reina a corrupção, e que existe um crescente descrédito com os partidos políticos e com a política em geral, é fundamental que as organizações de esquerda se apresentem com um perfil ético claramente diferente, que sejam capazes de encarnar na vida quotidiana os valores que dizem defender e   que suas práticas sejam coerentes com seus discursos políticos.

_________________

Carlos I. S. Azambuja é Historiador.