Por Percival Puggina
Está em curso, no Ocidente, um enorme projeto de reengenharia da
sexualidade humana. É a Ideologia de Gênero, ou da ausência de sexo. O
igualitarismo é seu objetivo, e a diferença, o inimigo a ser atacado mediante
desconstrução. Para tanto pasme leitor ! , sem nenhuma evidência científica,
contra o que a observação da natureza revela, seus difusores sustentam que
ninguém nasce homem ou mulher, macho ou fêmea.
Afirmam que a sexualidade é uma construção social, sujeita a mudanças,
definida e redefinida de inúmeros meios e modos, desde quando o bebê é vestido
de tal ou qual cor. Assim, o sexo deixa de ter significado para a definição do
masculino e do feminino.
Livre pensar é só pensar, ensinava insistentemente Millôr Fernandes. É
livre o direito de teorizar, de ideologizar, de expor teses. O problema é
quando se transforma um disparate qualquer em objeto de ação do Estado. Foi o
que aconteceu há alguns anos com a produção de material didático sobre
sexualidade infantil para distribuição nas escolas. O conteúdo era tão abusivo
e tão absurdo, que foi rejeitado pela própria presidente Dilma. Pois aquilo já
era produto da Ideologia de Gênero, que pretendeu, posteriormente, se tornar
conteúdo obrigatório no Plano Nacional de Educação, o PNE. Quando o projeto do
governo foi submetido ao Congresso Nacional, as duas Casas suprimiram todos os
dispositivos relativos a esse assunto, mantendo uma regra simples e correta:
“erradicação de todas as formas de discriminação”. No entanto, como costumam
fazer quando contrariados, os promotores da desconstrução das diferenças
buscaram outros caminhos para chegar onde pretendiam. Optaram pelo mais comum.
Reuniram-se consigo mesmos noutro fórum e decidiram segundo queriam. Foi o que
aconteceu na Conferência Nacional de Educação, quando os mesmos conteúdos
suprimidos da lei federal retornaram oficialmente como orientação para os programas
estaduais e municipais.
Agora, deputados estaduais e vereadores em todo o país deliberam sobre
o tema nos respectivos planos, desatentos à lei federal e em obediência à
ideologia hegemônica da burocracia educacional.
O Estado, os governos, seus funcionários, jamais receberam da
sociedade, e tampouco das famílias, poderes para orientar a sexualidade e o
comportamento sexual das crianças e dos adolescentes. Esse é um papel da
natureza e dos pais. O Estado não é nem pode ser educador sexual. Além de
ensinar os conteúdos curriculares, nos quais falha clamorosamente, que ensine a
não discriminação, o respeito mútuo e a responsabilidade. E, no mais, que não
se meta!
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