Por Percival Puggina
Desde o dia 24 de
abril, um grupo jovens caminha ao longo dos 1,1 mil km que separam Brasília da
cidade de São Paulo, de onde partiram. Junto com a bandeira do Brasil, levam
faixas e cartazes pedindo o impeachment da presidente. Proclamam "Fora
Dilma!" e "Fora PT!".
A marcha, de 33
dias, segue pelo acostamento das rodovias e vai sendo aclamada pelos que passam
e pelos moradores das cidades por onde transitam. Os caminhantes têm pés de romeiros,
corações de guerreiros e amor à pátria. Anima-os um amor verdadeiro ao Brasil,
amor virtuoso, que se submete ao sacrifício da intempérie, que vence o cansaço,
que desconhece desânimo e que não olha para trás. Aqui ou ali, os exércitos de
Stédile ladram enquanto sua caravana passa, na chuva e no sol, por vezes noite
adentro.
A marcha cresce, em
grandeza e significado, a cada repórter que não reporta, cada fotógrafo que não
clica ou noticiário que não noticia. Os grandes gestos se tornam ainda maiores
quando ocultados por quem os deveria divulgar. Entende-se. Há neles uma
grandeza que oprime e constrange os acomodados e os acumpliciados.
Queridos leitores
destas linhas. Feliz a Pátria que gerou tais filhos! Que lição esplêndida, a
juventude brasileira vem proporcionando à Nação nos últimos meses! Foram eles,
os jovens, rapazes e moças, que levaram milhões às ruas nas grandes
demonstrações de março e abril. Nenhum era nascido quando o PT surgiu. A
maioria sequer se equilibrava em skate quando Lula foi eleito. Mas descobriram,
em poucos anos, algo que a imensa maioria da população levou três décadas para
ficar sabendo. E trataram de agir. Hoje, marcham pelo Brasil. Ensinam civismo
aos Congressistas. Representam-nos ante os que nos deveriam representar. Falam
pelos que calam, embora devessem falar. Cobram das instituições o cumprimento
de seu dever.
Pare um momento,
leitor, e faça uma oração por eles. Agradeça a Deus pedindo que o Senhor guie
seus passos. E divulgue o que estão fazendo. Quem puder, esteja com eles em
Brasília no dia 27. O Brasil precisa saber que, malgrado a omissão dos omissos,
apesar da penumbra que encobre em mistérios e silêncios os bastidores das
instituições, há neste país rapazes e moças que iluminam o futuro com suas
presenças.
______________
Percival Puggina (70), membro da Academia
Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site
www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no
país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas
e Gaviões, integrante do grupo Pensar.
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