No mês passado os militares receberam a última parcela do
minguado reajuste. Que não chegou, nem de longe, a cobrir as perdas
inflacionárias. Com isso, enquanto sargentos, cabos e soldados são empurrados
para as favelas (que em tempos de PT são chamadas de comunidades), os oficiais
são empurrados para as cidades e bairros periféricos, já que os defasados
salários mal dão para custear os alugueis. Comprar a casa própria está muito
mais difícil, ainda mais com o enorme aumento dos juros e nenhum incentivo para
militares, que segundo o governo, estão acima dos limites para ser auxiliados
pelos programas-esmola como bolsa-família, bolsa energia, bolsa telefone e
coisas do gênero.
Os militares do Rio de Janeiro receberam um “bônus” para sua
vida já complicada. São vistos agora pela marginalidade como se fossem
policiais comuns. Aqueles que residem em locais mais humildes, por questão de
segurança, tem que ser extremamente discretos e se esforçar ao máximo esconder
sua profissão da vizinhança.
Se antes o militar já era visto pelos marginais como inimigo
em potencial, por não participar das maracutaias e se manter longe dos maus
“amigos”. Agora, por participar efetivamente das ações de repressão ao tráfico,
passou a ser considerado o “elemento estranho”.
Pelo que se percebe, a situação política – econômica está
tão caótica que poucas categorias já se organizam com vista a exigir reajustes
para o próximo ano. Os militares, que não dão sinais de que se curvarão à
ideologia petista, e não têm representação política, já que não elegeram
representantes para o Congresso – com exceção de Bolsonaro – como sempre,
dependem de organizações montadas por esposas ou militares da reserva, como
UNENFA e AMARPFA para fazer soar um pouco mais alto seus pedidos de reajuste. Ainda
não se percebeu em 2015 qualquer movimentação voltada para a questão salarial a
ser definida no início de 2016.
Instituições como POUPEX e bancos privados que fazem
empréstimos consignados, antes eram tábua de salvação de militares endividados.
Mas, agora, concedendo seguidos empréstimos para quitar dívidas de membros das
Forças Armadas, acabam por ser um nó que aperta o pescoço de muitos, da ativa e
reserva. Pesquisa publicada aqui mostra que ainda em 2013 cerca de 50% dos
militares tinham dívidas com empréstimos que comprometiam mais de 50% de sua
renda.
“73% dos militares da RESERVA OU REFORMADOS têm como
principal dívida empréstimo(s) para quitar dívidas anteriores… Mais de 80% normalmente não tem condições de
quitar suas dívidas mensais.”
Pesquisa realizada pela Revista Sociedade Militar Obs:
Amostras: Ativa – 0,125% da população./
Reserva/reformados – 0,04% da população (0,0395%) Obs. 1) As amostras, além de conter
participantes de todas as forças em praticamente todos os estados da federação,
representam, no caso dos militares da ativa, aproximadamente 0,12% da população
total (de Aprox.288.000), um número bem expressivo. Para comparação, em São
Paulo, onde a população de eleitores beira os 28.000.000, normalmente o IBOPE
entrevista de 1000 a 1500 pessoas, somente cerca de 0,005% da população
estudada. Para uma amostra similar a da revista elet. Sociedade Militar o IBOPE
teria que entrevistar mais de 30.000 pessoas. 2) Dado o bom nível da amostra
podemos acreditar que as conclusões refletem bem e com pouca margem de erro a
situação da população em foco. Dados
colhidos em 2012. Estima-se que a situação piorou.
Os quartéis também não estão imunes ao descaso. Sabe-se que até o
atendimento na área de saúde está prejudicado por conta da questão financeira.
Consultas e exames são marcados para datas longínquas. Uma leitora nossa esteve a pouco tempo em
um ambulatório militar em Niterói e testemunhou o sufoco passado por alguns
militares subalternos, que tinham que realizar o serviço de limpeza em
banheiros e instalações, substituindo funcionários da empresa contratada,
ausente por motivos financeiros. Oficiais médicos e de enfermagem têm que
realizar as tarefas antes realizadas por cabos e sargentos, agora deslocados
para a manutenção, o que prejudica o sistema como um todo.
Essa semana um grande jornal paulista publicou nota
informando que a redução de recursos para o PAC trouxe um corte de R$ 1,6 bilhão
para alguns dos projetos mais importantes da Defesa e que o forte
contingenciamento em 2015 trará inúmeros prejuízos à manutenção das estruturas
físicas, à aquisição de armamentos, à qualidade dos serviços prestados,
incluindo, o que é muitíssimo preocupante, as atividades de formação e
adestramento.
Militares ao invés de se manterem adestrados e em boas
condições físicas, pelo que percebemos, serão deslocados mais para tarefas de
manutenção de instalações e equipamentos, visando a preservar o que ainda resta
do que foi adquirido nos anos 80 e 90.
A publicação informa que a esquadra brasileira está próxima
de um colapso terrível. A fragata Constituição, capitânia da força
multinacional que patrulha o litoral do Líbano, sofreu grande avaria na costa
libanesa no fim do mês passado. A avaria é tão grave para o navio de quase 40
anos que foi preciso despachar emergencialmente um navio-patrulha para
substituí-la. Com isso – em outro vexame internacional – o Brasil se arrisca a
perder a liderança da missão, integrada por 15 países.
Por falta de recursos a Marinha deixou de fazer a manutenção
necessária nas suas corvetas nacionais, da classe Inhaúma, que se encontram
paradas há quase três anos.
Fala-se também da aposentadoria das fragatas classe
Greenhalgh, que vieram da Inglaterra.
Todos esses navios têm por volta de 30 anos de uso.
Quem entra nos navios e percorre locais um pouco abaixo do
convés principal nota facilmente que o material tem que sofrer manutenções com
intervalos de tempo cada vez menores. O piso dos corredores quase sempre
brilha. Mas, os equipamentos nem sempre respondem de forma tão brilhante quanto
deveriam.
A Marinha de Guerra do Brasil “opera” hoje com
aproximadamente: 1 submarino, 3 fragatas da classe Niterói, 2 fragatas Tipo 22,
1 corveta e 3 navios-patrulha.
A marinha brasileira possui mais de 50 almirantes.
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