Por Edilberto Sirotheau
Dentro de poucos dias,
teremos mais um aniversário do Movimento Cívico-Militar de 31 março de 1964, que depôs o Presidente
João Goulart.
É data marcante de nossa história recente e que era
comemorada com Ordens-do-Dia dos Comandantes Militares e reuniões cívicas
de entidades representativas de nossas comunidades.
Lembrada como um movimento que impediu a implantação, no
País, de uma República Sindicalista,
passo inicial que o transformaria em uma República Socialista, eufemismo então
utilizado para denominar os países sob o jugo comunista.
Nos dias atuais, quando
pseudos "historiadores", "cientistas políticos" e
ex-militantes comunistas buscam reescrever os acontecimentos daquela época e
dos vinte e um anos que se seguiram,
todos são levados a acreditar que aquele
foi o período mais tenebroso, cruel e sangrento de nossa história.
Segundo suas versões, foram os "anos negros da
ditadura", os "anos de chumbo", das "torturas" e dos
"assassinatos" que "envergonham" as nossas Forças Armadas.
Foi isso, realmente, o que aconteceu? Esse foi um pecado
mortal que nós, militares, cometemos? Devemos nos envergonhar do que fizemos?
Na verdade, o Movimento Cívico-Militar, que alguns tentam
identificar como uma Revolução foi a exteriorização da vontade de quase
totalidade da população brasileira.
Os meses que antecederam a deposição do Presidente João
Goulart foram marcados por constantes tumultos, greves nacionais e sublevações,
inclusive nas Forças Armadas, que
recebiam o repúdio das populações das principais cidades do País.
Muitas foram as manifestações públicas, como as monumentais
"Marchas com Deus pela Liberdade", reunindo centenas de milhares de
pessoas que exigiam um basta no clima de baderna em que vivia o Brasil.
Era o prenúncio de uma verdadeira guerra civil.
Ante o clamor nacional, com o germe da insubordinação e da
quebra de disciplina alastrando-se em seu próprio cerne, as Forças Armadas
agiram. Fizeram, na realidade, uma Contra Revolução, para preservar os verdadeiros valores da
democracia, ameaçados pela política de "pelegos" que buscava instalar
uma república socialista totalitária no País.
O Movimento Cívico-Militar de 31 de março contou com o apoio
dos principais órgãos de imprensa, como
se pode constatar pesquisando os jornais e revistas da época, e das principais
lideranças políticas nacionais de então, como Magalhães Pinto, Carlos
Lacerda, Ademar de Barros, Pedro Aleixo,
Milton Campos, Ranieri Mazzilli, José Maria Alkmin, Juraci Magalhães e
Ulysses Guimarães, dentre outros.
Contando com ampla aceitação popular e apoio do Congresso
Nacional, assumiu a Presidência da República o General Castelo Branco,
Oficial-General culto e íntegro do nosso Exército, com a missão de rearrumar a
Nação e logo entregar o poder aos Políticos, através de eleições, como rezam os
preceitos democráticos.
Infelizmente, a volta à normalidade democrática teve de
aguardar mais tempo, em razão de que Cuba, dominada pela ditadura dos irmãos
Castro, já estava funcionando como verdadeiro polo de irradiação do comunismo
para a América Latina, ministrando cursos de formação de guerrilheiros para a
tomada do poder. As consequências, todos sabem, foram as dezenas de
organizações subversivas e terroristas atuando em toda a América Latina.
No Brasil, dezenas de organizações utilizaram como
mão-de-obra, basicamente, jovens estudantes, idealistas, que eram levados a
acreditar que a implantação do comunismo seria a salvação da humanidade. E que,
para tanto, poderiam "fazer o diabo".
Foi um período de muita violência, com dezenas de ações
terroristas de toda ordem, como atentados a instalações diplomáticas e
militares, atentados em aeroportos, assaltos a bancos, sequestros de diplomatas
estrangeiros, sequestros de aviões comerciais para serem levados para Cuba,
assassinatos de militares brasileiros e estrangeiros, além de implantação de
áreas de guerrilha rural em algumas regiões do País.
Foram anos difíceis, de muita violência e perdas de
preciosas vidas de todos os lados - vítimas inocentes da população civil,
policiais civis e militares, militares das Forças Armadas e de nações amigas, e
militantes comunistas de dezenas de organizações terroristas.
O clima de verdadeira guerra revolucionária que se instalou
no País obrigou as autoridades a adotarem algumas medidas de exceção, como os
Atos Institucionais, para assegurar a volta à normalidade democrática. E assim
foi.
Derrotadas as organizações terroristas, em meados da década
de 70, foram revogados os Atos Institucionais e iniciada a volta à democracia
plena, de forma lenta, gradual e segura, para evitar novas investidas de
facções extremistas totalitárias.
Ao final, para assegurar a volta da paz e apagar os rastros
da violência ideológica, foi aprovada a Lei de Anistia, com o objetivo de
apagar definitivamente o período de embate fraticida por que passáramos.
Com pesar, observamos que os derrotados de ontem tentam
reescrever a história e querem se fazer passar por combatentes defensores da
democracia. Na verdade, queriam exatamente acabar com a democracia e implantar
um regime comunista. Basta constatar a realidade em que vive Cuba há mais de 50
anos, o país exemplo do que pretendiam.
Apesar das dificuldades, durante os vinte e um anos dos
governos militares, foi possível transformar o País, preparando-o para trilhar
o caminho do desenvolvimento e da democracia. Da posição de 48º na economia
mundial, passamos para a oitava posição.
Foram construídas as gigantescas hidrelétricas de Itaipu, Tucuruí, Ilha Solteira, Rio Grande
e muitas outras que asseguraram a energia necessária para o nosso crescimento
durante décadas.
Foi construído um excelente complexo de telecomunicações,
ligando todas as regiões do País. Foram construídas as rodovias Transamazônica,
Cuiabá-Santarém, Manaus-Boa Vista, Porto Velho-Manaus, e iniciada a Perimetral
Norte, para citar algumas de maior importância estratégica para consolidar
nossa ocupação na cobiçada Região Amazônica, além de muitas outras que
aumentaram e melhoraram as malhas viárias nas Regiões Sul, Sudeste, Nordeste e
Centro-Oeste.
Consolidou-se Brasília, como Capital Federal, concretizando
o sonho visionário de D. Bosco, que Juscelino iniciou.
Implantou-se a indústria aeronáutica, que orgulha o nosso
País. Construiu-se um complexo aeroportuário que atendeu perfeitamente, por
décadas, nossas necessidades. Foram construídos os gigantescos portos de
Paranaguá e Tubarão, dentre outros, que melhoraram significativamente nossos
resultados nos comércios de exportação e importação.
Foi iniciada a exploração de petróleo em nossa plataforma
submarina, desde o início com excelentes resultados. Foi criado e desenvolvido
o Pró-Álcool, exemplo de solução alternativa para a nossa carência de fontes de
energias fósseis.
Foram criados o FGTS, o BNH, o MOBRAL, o Projeto Rondon, a
SUFRAMA, a EMBRAPA, e tantas outras iniciativas que contribuíram
significativamente para melhorar a qualidade de vida de nosso povo, engajando e
conscientizando centenas de milhares de brasileiros sobre os nossos problemas e
os desafios a vencer. Enfim, fizemos muito. Muito mais do que nos anos que se
seguiram.
Portanto, tenhamos orgulho do que fizemos. Cumprimos o nosso
dever. Salve 31 de março de 1964.
Fonte: Portal Militar
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Edilberto Telles Sirotheau Corrêa é Major Brigadeiro.
Nasceu em 20 de agosto de 1942, em Belém/PA. Foi declarado Aspirante Aviador em
1962. Reformado em 20 de agosto de 2010.
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