Dilma reeleita: corrida ministerial movimenta Brasília
(Ueslei Marcelino/Reuters)
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Prata da casa — Os que tinham a esperança de que Dilma
escolhesse um nome de mercado para o Ministério da Fazenda terão de encarar os
fatos: a presidente ficará mesmo com seu rebanho na hora de compor a equipe
econômica. Nada de banqueiros. Tampouco vão embarcar economistas de linhagem
diferente da desenvolvimentista. Até o momento, o mais cotado é Nelson Barbosa,
ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Meses atrás, quando
questionado pelo site de VEJA sobre o interesse, Barbosa negou. Contudo, nos
bastidores, sabe-se que o economista se tornou figura frequente no bairro do
Ipiranga, onde Lula mantém seu QG, em busca de apoio para a postulação. Dilma
havia se mostrado reticente. Agora, encara o economista como uma saída mais
sensata. "Ele seria uma boa escolha por ter bom trânsito no governo, no
Congresso e entre os empresários", afirma um cacique petista.
Melhor que nada — No mercado financeiro, o nome de Barbosa
não é malquisto como o de seu ex-chefe, Guido Mantega. "Não concordo com o
que ele pensa. Mas o respeito como economista. Já o Mantega...", diz um
gestor de fundos. Em Brasília, o sentimento é de que a presidente não morre de
amores por ele, mas precisa de um ministro com características conciliadoras e
que aceite, sem maiores crises, que o chefe da pasta será mesmo ela. Barbosa,
por sua vez, não teria de trabalhar com seu desafeto Arno Augustin, que deixa a
Secretaria do Tesouro Nacional ao final deste governo.
Fica, vai ter bolo — O atual presidente do Banco Central,
Alexandre Tombini, embora não seja aclamado pelo mercado, é visto pelos
governistas como um nome que "não causa muitos problemas". O governo
pode fazer, contudo, mudanças pontuais em algumas diretorias do BC. Já na
Fazenda, o único dos atuais secretários que deve permanecer na pasta é Dyogo
Oliveira, que ocupou a secretaria-executiva interinamente após a saída de
Nelson Barbosa.
Quase lá — Para a pasta da Agricultura, a senadora Kátia
Abreu é a número um da fila. Não é de hoje que a presidente da Confederação
Nacional da Agricultura (CNA) pavimenta seu caminho até a Esplanada. Nos dois
últimos anos, principalmente em 2014, houve uma aproximação forte com a
presidente Dilma. Kátia se tornou espécie de “consultora” para assuntos do
agronegócio no Palácio do Planalto. A "amizade" criou até mesmo
desavenças na própria CNA, já que a senadora foi criticada por não fazer a oposição
que as federações do setor exigiam. A trajetória política também foi
providencial. A senadora deixou a oposição (DEM-TO) em 2011, transferiu-se ao
PSD de Gilberto Kassab, apoiador de Dilma e, em seguida, ao PMDB, que é o
"dono" da pasta no governo.
Doce — Sem função parlamentar em 2015, depois da derrota nas
eleições para governador do Rio Grande do Norte, Henrique Eduardo Alves vem
sendo sondado pelo governo para assumir a pasta da Previdência, que é comandada
pelo seu tio, Garibaldi Alves. A aliados, o atual presidente da Câmara disse
que, por ora, não aceitará o cargo. Voltará para Natal para cuidar dos negócios
da família e militar pelo partido.
Prêmio de consolação — Dar a Previdência a Henrique Alves é
a estratégia do governo para acalmar os ânimos do peemedebista depois da
derrota que sofreu em seu estado natal. Alves ficou irado depois que o
ex-presidente Lula apareceu apoiando seu adversário Robinson Faria (PSD-RN).
Nova ala — O atual ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio
Mercadante, tem não apenas tentado se manter forte no governo, mas também
procura emplacar nomes em outras pastas. Uma das tentativas de Mercadante é
arrumar um substituto para Paulo Bernardo, que hoje ocupa o Ministério das
Comunicações. Depois de o nome de Bernardo e de sua mulher, a senadora Gleisi
Hoffman, aparecerem entre os possíveis favorecidos do esquema de corrupção da
Petrobras, a base governista considera improvável que o ministro seja mantido.
Balão de ensaio — A escolha dos novos ministros do governo
Dilma está dividida em várias frentes. De um lado, o presidente nacional do PT,
Rui Falcão, está conversando com os partidos aliados à sigla para dar início à
distribuição de ministérios. Do outro, o articulador é o ex-presidente Luís
Inácio Lula da Silva, que tem contado a diversos aliados os nomes que gostaria
no governo, como forma de testá-los junto à opinião pública. Os rumores sobre o
presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, assumir a Fazenda são de autoria
do ex-presidente.
Em alta — Novato na pasta, o ministro da Saúde, Arthur
Chioro, tem grandes chances de permanecer no cargo. Nos bastidores de Brasília,
fala-se que seu nome é defendido com afinco por empresários da indústria
farmacêutica. A maior dificuldade dos governistas no âmbito da Saúde seria,
contudo, garantir um nome forte para a presidência da Anvisa — agência que foi
fatiada entre diversos partidos.
Órfão — Derrotado, o ex-ministro Alexandre Padilha (PT-SP)
também poderia voltar para Brasília, já que ficou sem nenhum cargo. A
dificuldade da volta está no fato de seu nome ter sido citado nas denúncias da
Operação Lava Jato, apesar de nada ter sido comprovado.
Pé na rua – Quem não ficará no governo são os ministros
Guido Mantega (Fazenda), Marta Suplicy (Cultura) e Mauro Borges
(Desenvolvimento). Mantega, que está no cargo há quase oito anos, já teve sua
demissão anunciada durante a campanha presidencial. Marta deve sair por ter
sido uma dos principais entusiastas do movimento "Volta, Lula". Já
Borges assumiu o MDIC de forma quase que interina, quando Fernando Pimentel
deixou a pasta para disputar o governo mineiro pelo PT.
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