Por Alexandre Borges
Há 84 anos, em 12 de agosto de 1930, nascia em Budapeste
Schwartz György, depois renomeado George Soros, o mais bem sucedido gestor de
fundos multimercados da história.
Ele nasceu numa família de judeus não-praticantes numa época
conturbada em que a Hungria, durante a década de 30, tinha estreitas relações
com a Alemanha nazista e a Itália fascista. Em 1940, o país entrou formalmente
no Eixo, permanecendo até o fim da Segunda Guerra. Temendo que a família fosse
perseguida e eventualmente morta, o pai de George Soros subornou um oficial
húngaro para que ele hospedasse George dentro de sua casa e apresentasse o
rapaz como seu afilhado cristão. A função deste funcionário do governo húngaro,
de nome Baumbach, era encontrar judeus, denunciar para as autoridades
responsáveis pelas deportações para campos de concentração e confiscar seus
bens. Em muitas dessas ações, o jovem George, rebatizado como Sandor Kiss,
acompanhava o padrinho. Sobre isso, numa entrevista para a CBS em 1998, Soros
disse que era um mero espectador e não sentia qualquer remorso, além de revelar
que foi o período mais feliz da sua vida porque, mesmo com tanto sofrimento em
volta, ele se sentia protegido.
Com 17 anos, George Soros se muda para Londres e mais tarde
nasce o financista. Em 1959, vai para Nova Iorque e, dois anos depois, consegue
a cidadania americana. Ele vive intensamente os anos 60 nos EUA e a
contracultura, que marcaram sua visão de mundo para sempre. Nessa época, fica
íntimo do autor socialista Michael Harrington e passa a frequentar seu círculo
de amigos. O livro mais conhecido de Harrington, o libelo esquerdista “The
Other America”, foi lido e elogiado publicamente pelo presidente democrata
Lyndon Johnson, que ele dizia ter influenciado seu governo e suas idéias de
redistribuição de renda via estado.
Em 1992, ficou mundialmente famoso por ter “quebrado” o
Banco da Inglaterra, faturando na operação 1 bilhão de euros. Assim como sua
carreira como financista é conhecida, sua influência política é ignorada ou
abafada. Neste mesmo ano de 1992, Soros confessa que seus gastos com suas
fundações para influenciar a política e a sociedade já ultrapassava US$ 300
milhões anuais.
Seu principal executivo na Soros Foundation Network era
ninguém menos que Aryeh Neier, fundador da Students for a Democratic Society
(SDS), o maior e mais radical grupo de esquerda dos EUA nos anos 60, do qual
uma dissidência nasceu o Weather Underground, grupo terrorista de inspiração
comunista liderado por Bill Ayers, o lançador da carreira política de Barack
Obama. Atualmente, Ayers se tornou especialista em educação e suas idéias estão
ajudando a implementar nos EUA o Common Core, o polêmico sistema integrado e
unificado de padronização educacional do país comandado pelo governo federal.
Soros é, possivelmente, o indivíduo sem cargo eletivo mais
influente do mundo. Possuidor de uma fortuna pessoal estimada em US$ 13 bilhões
e administrando US$ 25 bilhões de terceiros, é tão poderoso no Partido
Democrata americano que no programa humorístico Saturday Night Live foi chamado
de “dono” do partido. E na prática não é nada muito diferente disso. Dentro do
Partido Democrata, candidatos independentes, não ligados a Soros, são cada vez
mais raros.
Rebuilding Economics: George SorosSoros se vê como um
missionário das próprias utopias e não conhece limites para usar sua fortuna
quase sem paralelo para influenciar a política, a imprensa e a opinião pública
em diversos países, especialmente os EUA. Como ele mesmo disse, “minha
principal diferença de outros com uma quantidade de recursos acumulados
parecida com a minha é que não tenho muito uso pessoal para o dinheiro, meu
principal interesse é em idéias.” Soros também revelou que seu sonho era
escrever um livro “que durasse o mesmo que nossa civilização” e que ele
valorizaria isso mais do que qualquer sucesso financeiro. Ele já lamentou que
mudar o mundo é muito mais difícil do que ganhar dinheiro. Num livro de 1987,
disse que já tinha se achado uma espécie de deus mas que depois se convenceu
que seria mais como uma mistura de John Maynard Keynes com Albert Einstein.
Sua idéias políticas incluem uma oposição à supremacia
política e econômica dos EUA, que ele considera um impeditivo para a criação de
uma sociedade “global”, com interesses comuns e supranacional. Num livro de
2006, afirmou que os EUA são a grande fonte de instabilidade do mundo. Segundo
ele, os americanos são nacionalistas demais e ignoram os principais problemas
do planeta, que poderiam ser resolvidos com “cooperação internacional”. Para
ele, se os EUA não forem o tipo “correto” de líder mundial, o país vai se
autodestruir.
Não por acaso, Soros é um grande entusiasta da zona do Euro
e sonha com uma integração política na Europa sucedendo a integração econômica,
mesmo que sem acabar formalmente com os estados nacionais, mas transformando
todos em satélites dessa “sociedade aberta”. Ele crê que as nações são fontes
eternas de instabilidade e só a criação de instituições supranacionais poderá
trazer equilíbrio ao mundo, o que ele chama de “aliança”. A idéia é um pesadelo
para qualquer democrata, mas uma utopia desejável para mentes fanáticas. O pai
de George Soros, Tivadar, era um entusiasta do Esperanto, uma risível tentativa
de criação de um idioma global.
Soros defende também que, a despeito dos bons resultados
econômicos do capitalismo, o sistema de livre mercado é incompetente para
resolver desigualdades sociais, o que é uma mentira facilmente demonstrável.
Não há um único ranking da The Heritage Foundation que não prove, ano após ano,
que os países mais livres são não só os mais prósperos mas também os que provêm
mais riqueza e mobilidade social para os cidadãos de baixa renda
(http://www.heritage.org/index/).
Na visão de Soros, o empreendedorismo é algo falho e
incompleto e que deveria ser substituído pela idéia de “empreendedorismo
social”, uma mistura entre a busca de lucros e “justiça social”. Alguma
diferença do que pensa Barack Obama? Não que eu saiba. Soros acredita também
que o terrorismo deve ser combatido com mais diplomacia e medidas pontuais, que
levem em consideração as motivações e reivindicações dos terroristas, e é
radicalmente contra ações militares para o combate ao terror. Alguma diferença
do que pensam vários bocós, inclusive da direita? Não que eu saiba.
Sobre Israel, ele diz que não é um sionista e que a questão
palestina deveria ser resolvida também com mais diplomacia, citando as
tentativas de Jimmy Carter e Bill Clinton, que teriam sido torpedeadas por
conta de um lobby poderoso da American Israel Public Affairs Committee (AIPAC),
a principal associação pró-Israel dos EUA. Alguma diferença do que pensam
vários “analistas isentos” da imprensa que culpam Israel por tudo de ruim que
acontece no Oriente Médio? Não que eu saiba.
Há 30 anos, Soros mantém a Open Society, nome tirado de um
livro de Karl Popper. A Open Society é uma ONG bilionária destinada a
influenciar a opinião pública e a política no mundo. Ela está presente em mais
de 70 países é tão poderosa que, em alguns regimes, é considerada um “governo
informal”.
Nos EUA, mantém o poderosíssimo Media Matters, que dá o tom
de praticamente toda imprensa americana, além de ser o principal financiador do
The Huffington Post, um ícone da esquerda mundial. A Open Society é inspirada
pela idéia do filósofo francês Henri Louis Bergson que acreditava num mundo com
valores morais “universais” e não de sociedades “fechadas”, o que influenciou
vários pensadores que até hoje criticam os ideais do pais fundadores da nação
americana e do “excepcionalismo americano”.
As agendas políticas promovidas e patrocinadas
financeiramente por George Soros e suas fundações partem do princípio de que os
EUA são uma nação opressora e violadora dos direitos humanos, que suas ações
militares são fruto de racismo e intolerância com outros povos, o que seria, na
avaliação de Soros, algo historicamente relacionado à sociedade americana.
Muitas dessas fundações e ONGs constantemente pautam a imprensa com denúncias
contra o governo dos EUA, muitas delas promovendo processos judiciais contra o
país.
Soros financia também inúmeros grupos defensores de “valores
progressistas”, de “redistribuição de renda”, o que inclui o recrutamento e
treinamento massivo de candidatos a cargos eletivos, militantes, ativistas e
lobistas. A idéia central é expandir ao máximo os programas assistencialistas e
o welfare state para corrigir o que ele vê como “imperfeições” do capitalismo.
Algumas dessas organizações miram diretamente na imprensa, no sistema judiciário,
o que inclui a formação de juízes, e em instituições religiosas, treinando
clérigos.
Outras agendas políticas importantes incluem a
flexibilização das fronteiras dos EUA e facilitação das regras de imigração,
além de oposição a toda ação militar americana (classificadas como “imorais” e
desnecessárias), cortes no orçamento militar, ambientalismo e ativismo
feminista radical, mais poder para organizações globais como a ONU, legalização
das drogas e da eutanásia, “anti-sionismo”, além do financiamento bilionário de
candidatos do partido democrata.
Ele também financiou vários movimentos revolucionários e
insurgentes no mundo. Nos anos 90, se orgulhava de ter patrocinado a derrubada
de governos como os de Vladimir Meciar, Franjo Tudjman e Slobodan Milosevic. Na
Geórgia. ajudou a derrubar o governo de Eduard Shevardnadze. Na Ucrânica, é
associado a grupos que lutam contra a dominação russa. Pode parecer um
contra-senso, mas Soros é um opositor das nações “isoladas” e sonha com um
mundo “aberto”, sem fronteiras, por isso apoia a esquerda no Ocidente e é
opositor dela na Ásia.
Soros é tão próximo de Bill Clinton que alguns dos mais
importantes ocupantes de cargos públicos no seu governo são considerados
indicações diretas dele. Em 2004, gastou tudo que podia para tentar impedir a
reeleição de George W. Bush mas não conseguiu.
Em dezembro de 2006, George Soros recebeu Barack Obama em
seu escritório em Nova Iorque. Duas semanas depois, Obama revelou que seria
candidato a presidente dos EUA e, uma semana depois, George Soros anunciou
publicamente que apoiava sua indicação nas primárias contra Hillary Clinton, o
que parecia uma maluquice na época. O resto é história. Hoje ele apóia Hillary
para a próxima eleição presidencial.
O número de fundações, ONGs, sindicatos e veículos de
comunicação que recebem dinheiro de George Soros ou de suas fundações é tão
vasto que só um incansável pesquisador como David Horowitz para catalogar e
publicar no seu portal “Discover the Networks”. Se você tiver curiosidade, é só
clicar aqui: http://www.discoverthenetworks.org/individualProfile.asp?indid=977
Publicado na Reaçonaria.
Fonte: Mídia Sem Máscara
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Alexandre Borges é diretor do Instituto Liberal.
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