A CPI da Petrobras foi criada com o objetivo de não pegar os
corruptos. Ainda assim, o governo e a liderança do PT no Senado decidiram não
correr riscos e montaram uma fraude que consistia em passar antes aos
investigadores as perguntas que lhes seriam feitas pelos senadores. A trama foi
gravada em vídeo.
TEATRO: Parecia uma encenação — e era mesmo. As perguntas que seriam feitas pelos parlamentares ao ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli foram enviadas a ele antes do depoimento por José Eduardo Barrocas, chefe do escritório da estatal em Brasília, que aparece no detalhe da foto (Geraldo Magela/Ag. Senado) |
VEJA teve acesso a um vídeo que revela a extensão da fraude.
O que se vê e ouve na gravação é uma conjuração do tipo que, nunca se sabe,
pode ter existido em outros momentos de nossa castigada história republicana.
Mas é a primeira vez que uma delas vem a público com tudo o que representa de
desprezo pela opinião pública, menosprezo dos representantes do povo no
Parlamento e frontal atentado à verdade. Com vinte minutos de duração, o vídeo
mostra uma reunião entre o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José
Eduardo Sobral Barrocas, o advogado da empresa Bruno Ferreira e um terceiro
personagem ainda desconhecido.
A decupagem do vídeo mostra que, espantosamente,
o encontro foi registrado por alguém que participava da reunião ou estava na
sala enquanto ela ocorria. VEJA descobriu que a gravação foi feita com uma
caneta dotada de uma microcâmera. A existência da reunião e seus participantes
foram confirmados pelos repórteres da revista por outros meios — mas a intenção
da pessoa que fez a gravação e a razão pela qual tornou público seu conteúdo
permanecem um mistério. Quem assiste ao vídeo do começo ao fim — ele acaba
abruptamente, como se a bateria do aparelho tivesse se esgotado — percebe
claramente o que está sendo tramado naquela sala. E o que está sendo tramado é,
simplesmente, uma fraude caracterizada pela ousadia de obter dos parlamentares
da CPI da Petrobras as perguntas que eles fariam aos investigados e, de posse
delas, treiná-los para responder a elas. Barrocas revela no vídeo que até um
“gabarito” foi distribuído para impedir que houvesse contradições nos
depoimentos. Um escárnio. Um teatro.
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