quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Ex-contadora de Alberto Youssef diz que Luiz Argôlo recebeu dinheiro do doleiro

Por Sílvia Mugnatto

Em depoimento no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Meire Poza afirmou que Youssef, preso pela Polícia Federal, fazia pagamentos a diversas pessoas e empresas, entre elas o deputado Luiz Argôlo.

Oitiva da Senhora Meire Bonfim da Silva Poza, Testemunha Arrolada pelo deputado Marcos Rogério, Relator dos processos N°s 14/14 e 15/14, referentes as representações N°s 26/14 e 27/14
Meire Poza afirmou que não viu Youssef 
pagar Argôlo, mas que entregou dinheiro 
ao doleiro para isso. 
A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, disse nesta quarta-feira (13) ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara que o deputado Luiz Argôlo (SD-BA) recebeu dinheiro do doleiro. O deputado é investigado pelo seu relacionamento com Youssef, que foi preso na operação Lava Jato, da Polícia Federal.

A reunião foi encerrada antes do depoimento de uma testemunha de defesa de Argôlo em virtude da morte do candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos.

Meire, que já havia feito acusações pela revista Veja desta semana, disse que só falaria sobre Argôlo e que, em outra ocasião, trataria de outros nomes.

A contadora disse ao relator do processo contra Argôlo no conselho, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), que Youssef “era um banco” e explicou como ele atuava. “Ele pagava contas, dava dinheiro, dava presentes, emprestava. Eu fazia TEDs (transferência eletrônica disponível) e pagamentos que não tenho conhecimento do que se tratava. Às vezes vinha algum pagamento em que ele falava só para eu pagar", afirmou. No entanto, ela declarou que não tem a relação das pessoas para qual o doleiro emprestava dinheiro.

Meire disse que seu escritório prestou serviços para Youssef por quatro anos. Segundo ela, a GFD, uma holding de Youssef, emitia notas para empresas sem que serviços fossem prestados. Com intermediação do deputado Luiz Argôlo, teria sido repassado mais de R$ 1 milhão para duas empresas do Ceará.

Versão do advogado
O advogado de Argôlo, Aluisio Lundgren, perguntou a Meire se ela tinha visto dinheiro vivo sendo entregue ao deputado. Ela respondeu que não, mas que entregou dinheiro a Youssef para ser repassado a Argôlo. O advogado ressaltou que o deputado vendeu um terreno a Youssef, o que foi confirmado por Meire.

Ao final do depoimento, Meire afirmou que os negócios de Argôlo com Youssef eram ilícitos. Mas Aluisio Lundgren rebateu. "Para mim, o depoimento foi bastante consistente. É claro que tem alguns pontos que a própria testemunha não tem conhecimento total. Mesmo para dizer que as relações do deputado com o senhor Youssef seriam ilícitas, eu vi uma certa hesitação inicial da própria testemunha. Eu vou reafirmar: as relações eram lícitas e esses dados, que a testemunha não tem conhecimento, no interrogatório do deputado eu vou esclarecer todos os pontos", destacou.

Meire Poza também afirmou que Youssef disse ter um "bom acesso" a prefeituras do PT. No entanto, ela contestou trecho da reportagem da revista Veja, segundo o qual ela saberia de algum esquema irregular com o partido.


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