Por Sílvia Mugnatto
Em depoimento no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados,
Meire Poza afirmou que Youssef, preso pela Polícia Federal, fazia pagamentos a
diversas pessoas e empresas, entre elas o deputado Luiz Argôlo.
Meire Poza afirmou que não viu Youssef
pagar Argôlo, mas que
entregou dinheiro
ao doleiro para isso.
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A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, disse
nesta quarta-feira (13) ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara que
o deputado Luiz Argôlo (SD-BA) recebeu dinheiro do doleiro. O deputado é
investigado pelo seu relacionamento com Youssef, que foi preso na operação Lava
Jato, da Polícia Federal.
A reunião foi encerrada antes do depoimento de uma
testemunha de defesa de Argôlo em virtude da morte do candidato à Presidência
pelo PSB, Eduardo Campos.
Meire, que já havia feito acusações pela revista Veja desta
semana, disse que só falaria sobre Argôlo e que, em outra ocasião, trataria de
outros nomes.
A contadora disse ao relator do processo contra Argôlo no
conselho, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), que Youssef “era um banco” e
explicou como ele atuava. “Ele pagava contas, dava dinheiro, dava presentes,
emprestava. Eu fazia TEDs (transferência eletrônica disponível) e pagamentos
que não tenho conhecimento do que se tratava. Às vezes vinha algum pagamento em
que ele falava só para eu pagar", afirmou. No entanto, ela declarou que
não tem a relação das pessoas para qual o doleiro emprestava dinheiro.
Meire disse que seu escritório prestou serviços para Youssef
por quatro anos. Segundo ela, a GFD, uma holding de Youssef, emitia notas para
empresas sem que serviços fossem prestados. Com intermediação do deputado Luiz
Argôlo, teria sido repassado mais de R$ 1 milhão para duas empresas do Ceará.
Versão do advogado
O advogado de Argôlo, Aluisio Lundgren, perguntou a Meire se
ela tinha visto dinheiro vivo sendo entregue ao deputado. Ela respondeu que
não, mas que entregou dinheiro a Youssef para ser repassado a Argôlo. O
advogado ressaltou que o deputado vendeu um terreno a Youssef, o que foi
confirmado por Meire.
Ao final do depoimento, Meire afirmou que os negócios de
Argôlo com Youssef eram ilícitos. Mas Aluisio Lundgren rebateu. "Para mim,
o depoimento foi bastante consistente. É claro que tem alguns pontos que a
própria testemunha não tem conhecimento total. Mesmo para dizer que as relações
do deputado com o senhor Youssef seriam ilícitas, eu vi uma certa hesitação
inicial da própria testemunha. Eu vou reafirmar: as relações eram lícitas e
esses dados, que a testemunha não tem conhecimento, no interrogatório do
deputado eu vou esclarecer todos os pontos", destacou.
Meire Poza também afirmou que Youssef disse ter um "bom
acesso" a prefeituras do PT. No entanto, ela contestou trecho da
reportagem da revista Veja, segundo o qual ela saberia de algum esquema
irregular com o partido.
Fonte: Agência Câmara Notícias
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