Por ucho.info
Fechando o cerco – A Justiça Federal do Paraná decidiu
soltar o empresário Leonardo Meirelles, um dos sócios do laboratório Labogen,
depois que ele decidiu colaborar com a investigação e revelou que um
financiamento de R$ 31 milhões do Ministério da Saúde para o laboratório havido
sido obtido por meio de “contatos políticos” do doleiro Alberto Youssef.
O deputado federal André Vargas (PT-PR), vice-presidente da
Câmara dos Deputados e coordenador da campanha de Gleisi Hoffmann ao governo do
Paraná, é um dos contatos políticos do doleiro, de acordo com mensagens
interceptadas pela Polícia Federal. O deputado petista disse em pronunciamento
na Câmara, na última quarta-feira (2), que apenas encaminhou Youssef ao
Ministério da Saúde. As suspeitas são de que seu envolvimento com o escuso
negócio é muito maior e passaria até por uma associação informal com o doleiro
no Labogen, que pode ter resultado em lucro líquido de R$ 90 milhões.
Meirelles havia sido preso junto com Youssef durante a
Operação Lava Jato, no último dia 17. Youssef é acusado pela PF de comandar um
esquema de lavagem que movimentou R$ 10 bilhões. A Labogen conseguiu o
financiamento em dezembro do ano passado, quando Alexandre Padilha (PT) era o
ministro da Saúde, para produzir 35 milhões de comprimidos por ano de citrato
de sildenafila (o princípio ativo do Viagra), medicamento para disfunção erétil
e também usado no tratamento de hipertensão pulmonar. Os R$ 31 milhões seriam
pagos em cinco anos, mediante a entrega dos lotes do medicamento.
O Labogen foi usado pelo doleiro para fazer remessas para o
exterior e repatriar US$ 37 milhões (R$ 84 milhões), segundo dados da PF. A
movimentação de dólares era feita por meio de simulação de importação e
exportações. O advogado de Meirelles, Haroldo Nater, disse que o empresário
emprestou a empresa ao doleiro porque precisava de recursos para investir no
laboratório.
O laboratório estava quebrado quando Meirelles comprou há
cerca de cinco anos, com dívidas de R$ 54 milhões, segundo Nater. Atualmente, o
passivo soma R$ 24 milhões. Meirelles ficava com uma comissão que variava de
0,5% a 1% sobre as remessas. Meirelles contou à PF que o doleiro também
investiu R$ 3 milhões no laboratório e por isso usou seus contatos políticos
para obter o financiamento no Ministério da Saúde.
E-mails revelados pelo jornal “Folha de S. Paulo”, em 27 de
março passado, apontam que o diretor de inovação do Ministério da Saúde,
Eduardo Jorge Valladares Oliveira, indicou que o Labogen deveria associar-se ao
laboratório farmacêutico EMS.
A PF suspeita que o Labogen foi usado para pagar propina por
causa da diferença entre os parceiros. A EMS é o laboratório com maior
faturamento do País (R$ 5,8 bilhões em 2012, o último dado disponível). Já o
Labogen tem uma folha de pagamento de R$ 28 mil, segundo a PF.
O Ministério da Saúde cancelou a parceria assim que a Folha
questionou o órgão sobre o negócio suspeito. Foi também aberta uma sindicância
para apurar as razões pelas quais o diretor de inovação da pasta teria indicado
o EMS.
O ministério afirma que jamais teve contato com a EMS, mas
só com o laboratório da Marinha, que fazia parte da parceria. A pasta informa
que não houve pagamento, uma vez que nenhum medicamento foi entregue.
Ex-ministro da Saúde e candidato do PT ao governo de São Paulo, Padilha disse
apoiar a investigação e o cancelamento da parceria.
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