Por Valdo Cruz - Folha de SP
Com a CPI, certamente, chegaremos lá! |
BRASÍLIA - A valentia demonstrada em público por muitos nos
últimos dias não passa de fachada. O sentimento que predomina em Brasília,
salvo algumas exceções, é de temor em relação ao que pode vir por aí de uma CPI
da Petrobras e, principalmente, da Polícia Federal.
O medo só fez aumentar na última sexta-feira, depois que a
PF iniciou a segunda fase da operação Lava Jato, focada em operações da
petroleira.
Naquele dia e no fim de semana, as conversas entre atores
políticos e empresariais versavam sobre o risco de perda de controle.
Sinal de que há muita coisa arquitetada de forma nada
republicana em negócios com a estatal que, se vier a público, pode complicar a
vida de muita gente tida como boa nos gabinetes da capital federal.
Não é de hoje que o
corpo técnico da estatal, aquele não se mete em relações políticas para galgar
cargos, reclamava do uso político da Petrobras e dos consequentes negócios
feitos por essa turma na empresa.
Lembro de ter ouvido, de um deles, que as negociatas
ganharam proporções insuportáveis. Pedi informações para levantar algumas
delas. Resposta: coisa de profissional, não deixam rastros. Mas um dia a casa
cai, desabafou ele. Talvez tenha chegado tal momento.
Daí o medo que toma conta de Brasília, principalmente
daqueles que, nos últimos anos, apadrinharam diretores na estatal. Daí que, em
nome da sobrevivência, tudo indica que deve ser acionada a tropa de choque
governista para sufocar qualquer tipo de investigação. Ainda mais em ano
eleitoral.
A politicalha diz que a presidente Dilma não havia
compreendido que, mesmo livre de qualquer conexão com malfeito na estatal, seu
governo corre o risco de ser uma das vítimas de uma devassa na Petrobras.
Como explicar, por exemplo, o apoio em sua campanha de
aliados que se lambuzaram na estatal. Daí que, em nome da eleição, o medo deve
vencer a valentia. A conferir.
Fonte: A Verdade Sufocada
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