A volatilidade do dólar hoje esteve muito relacionada aos
rumores quanto á posição de Levy no governo. Logo na abertura dos negócios a
cotação disparou, no embalo da especulação quanto à possível saída do ministro
da Fazenda, diante da incapacidade de o governo executar o ajuste fiscal. Levy,
chamado de mãos de tesoura, como observou o Financial Times, estaria queimando
muito a própria imagem.
Afinal, um governo que manda para o Congresso uma proposta
orçamentária já prevendo déficit no próximo ano é um governo que quer continuar
gastando. Isso pegou muito mal aqui e no exterior. Fez com que o Brasil já
passasse a ser tratado como um país sem grau de investimento, sem o selo de bom
pagador.
O mercado, desde a semana passada, já está antecipando o
rebaixamento do País pelas agências de classificação de risco. Mas, em meio ao
nervosismo, começou a circular a conversa de que Dilma teria sido alertada por
banqueiro quanto ao risco de o Brasil sofrer um ataque especulativo, com saída
mais pesada de investimentos e desdobramentos mais sérios para a economia, caso
Levy abandonasse mesmo o barco, por se sentir isolado, sem espaço para
trabalhar. Conversa que coincidiu com a mudança na agenda, internacional, do
ministro, que deveria estar na Turquia, e confirmação da reunião com Dilma, no
Palácio do Planalto.
Resta ver o que vai acontecer, de fato. Discurso já não
adianta muito. Não basta prestigiar o ministro. Técnico de futebol também é
elogiado antes de cair. É preciso mostrar resultado. Aí é que a coisa complica.
Por mais que o ministro seja respeitado pelo currículo que tem, o governo está
numa enrascada. A presidente Dilma está enfraquecida, sem força política e,
talvez, até sem disposição pra fazer os cortes necessários para viabilizar uma
meta de superávit das contas públicas. Meta que ainda possa salvar o País do
rebaixamento. Ontem mesmo ela admitiu que pra melhorar as contas poderíamos ter
mais aumento de impostos, sem descartar inclusive a volta da CPMF, que foi
idéia do Planejamento.
Aliás, em vários embates, Nelson Barbosa é que tem tido mais
apoio, como naquele primeiro corte do orçamento, na redução da meta fiscal...
Coube a ele o anúncio da intenção do governo de reduzir o número de
ministérios, o que ainda não aconteceu. Mesmo que se tente fortalecer a posição
de Levy, difícil imaginar que ele possa mesmo ter força pra fazer o que tem de
ser feito, com o governo fragilizado como está.
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