terça-feira, 4 de agosto de 2015

Procuradores da Lava Jato admitem que Lula é investigado em sigilo. Risco é que Dirceu vire judas do PT

 
A esperada prisão preventiva de José Dirceu de Oliveira e Silva vai além do caráter simbólico. A Força Tarefa do Ministério Público Federal constatou que o ex-ministro praticamente reeditou, no Petrolão, o mesmo de que foi acusado no Mensalão - que acabou condenando-o com base na questionável "teoria do domínio do fato". Além de perder o direito à confortável prisão domiciliar, o ilustre consultor de empresas, suspeito novamente de receber propinas em dinheiro, tem tudo para complicar a vida do "amigo" Luiz Inácio Lula da Silva.

O chefão do PT teve seu nome citado, pelo menos dias vezes, na entrevista concedida por procuradores do MPF para explicar a 17a fase da Lava Jato, batizada de "Pixuleco". Perguntado se o ex-presidente Lula também poderia ser investigado, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima respondeu que, qualquer pessoa sem foro privilegiado pode ser alvo: "Nenhuma pessoa está livre de ser investigada". Questionado novamente se Lula é ou não investigado, informou: "Há investigações em andamento, grande parte em sigilo".

A grande dúvida e temor na petelândia é que José Dirceu se transforme em uma espécie de "judas" do PT. Na inteligência militar, há muito tempo já circulam informes de que Dirceu já estaria colaborando, em sigilo, com investigações da Lava Jato, em troca de abrandamento de pena. Oficialmente, não há qualquer negociação em andamento entre advogados do petista e o MPF. A certeza geral é que uma "delação" premiada de Dirceu seria fatal para a cúpula petista. Ele já recebeu a visita de um médico. Vai precisar de um pai-de-santo para se salvar...

O delegado da Polícia Federal Márcio Adriano Anselmo deixou claro que considerou evidente a participação de José Dirceu no Petrolão, repetindo o esquema do Mensalão. O policial só estabeleceu uma diferença: "Agora ele se beneficiou de maneira pessoal. No mensalão foi de maneira partidária". Dirceu é apontado como o principal padrinho e beneficiário dos crimes cometidos pelos diretores Renato Duque e Paulo Roberto Costa, nas áreas de serviços e abastecimento da Petrobras.   
O delegado Anselmo revelou que existem provas de pagamentos mensais, em espécie, feitos a Dirceu e outras pessoas de sua relação. Até jornalistas, cujos nomes não foram citados pela PF e MPF, aparecem como beneficiários dos "mensalões do petrolão". Dirceu agora é investigado por corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.  O ofício da prisão de Dirceu foi encaminhado pelo juiz Sérgio Moro ao Supremo Tribunal Federal.

Lobistas de Brasília não têm certeza se Dirceu vai partir para alguma transação penal. No entanto, o mesmo não se fala do irmão dele. Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, já tinha sinalizado a amigos que "entregaria tudo" se acontecesse algo de pior (como uma prisão). Ele foi detido em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Teve decretada prisão temporária, que vence num prazo de cinco dias. O ex-assessor de Dirceu, Roberto Marques, também foi preso.

A 17ª fase da Operação Lava-Jato recebeu o nome de Pixuleco. A expressão foi revelada pelo presidente da UTC, apontado pela Força-Tarefa como o chefe do cartel de 13 empreiteiras, cujas empresas foram beneficiadas em contratos com a Petrobras, outras estatais e órgãos públicos. Pessoa revelou que pixuleco era o termo usado pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, para denominar a propina paga aos beneficiários dos contratos superfaturados ou não.

José Dirceu de Oliveira e Silva, um dos ideólogos do Partido dos Trabalhadores e considerado da linha "stalinista" da agremiação chefiada simbolicamente pelo $talinácio, tem a chance história de promover sua tão sonhada revolução. Basta abra a caixinha de pandora do PT. Ele, Lula, Tarso Genro, Rui Falcão e Marco Aurélio Garcia são cardeais que têm a chave.

O jogo sujo do poder vai mudar no Brasil se Dirceu relatar quem mais se beneficiou, além dele próprio, do esquema de arrecadação montado nas estatais (e nos fundos de pensão, que são também alvo de investigação).


Nenhum comentário:

Postar um comentário