“E se for absolvido
no Supremo, como é que fica?”, pergunta José Dirceu no vídeo de 5:52 que
reproduz alguns trechos do Roda Viva transmitido pela TV Cultura em novembro de
2010. O entrevistado parecia convencido de que, se o processo do mensalão algum
dia fosse julgado, seria inocentado por um tribunal majoritariamente composto
de Lewandowskis e Toffoli. Ao longo do programa, sempre caprichando na pose de
guerreiro do povo brasileiro, mentiu com a convicção dos que se acham
condenados à perpétua impunidade.
As perguntas foram
muito melhores que as respostas, comentei no último bloco. Os devotos da seita
lulopetista, claro, viram outro programa. “O Dirceu acabou com você!”, berraram
incontáveis milicianos entre insultos e risadas eletrônicas igualmente
obscenas. “Vai pra casa, tucano!, ordenaram outros tantos cretinos
fundamentais. Continuo onde estive nos últimos seis anos. Dirceu foi para a
cadeia, conseguiu escapar da Papuda para cumprir o resto da pena no recesso do
lar. Nesta segunda-feira, voltou a dormir numa cela.
De novo, ele terá de
optar entre o silêncio e a confissão. No caso do Mensalão, a mudez de Dirceu
manteve Lula longe do banco dos réus. Talvez recupere a fala agora que voltou
ao centro do pântano a bordo do Petrolão. Ele sabe que o juiz Sérgio Moro é bem
menos compassivo que a bancada governista do STF. Descobriu o que é envelhecer
na gaiola. Vai escolher entre a submissão a Lula e a vida em liberdade.
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