Essa conjuntura, criticada por empresários e sindicalistas,
só tende a provocar mais desemprego. Levantamento de hoje da Fiesp, a Federação
das Indústrias de São Paulo, apontou o corte de 30 mil e 500 empregos em julho,
o pior dado desde 2006. E a previsão é que os cortes cheguem a 200 mil até o
final do ano. Só no Estado de São Paulo.
A proposta de redução de jornada de
trabalho, com corte de salários, deve segurar pouco o avanço do desemprego. Não
há indicação de melhoria de atividade, nem a que costuma ocorrer com a
proximidade do final do ano. Todas as datas do comércio têm sido piores que do
ano passado. No dia dos pais, por exemplo, a queda foi de 5%. Sem consumo,
difícil uma reação mais firme da indústria. As exportações até são beneficiadas
pela alta do dólar. Só que temos uma economia fechada. O impacto das
exportações é mais limitado.
O consumo das famílias representa cerca de 60% do
PIB enquanto o setor externo fica entre 20 e 25%. O fato é que a economia
brasileira entrou em recessão no primeiro semestre e quase não conta com
fatores de recuperação neste segundo.
De acordo com a Serasa Experian, a
atividade econômica caiu 1,4% no segundo trimestre, após a contração de 0,2% no
primeiro. E a gente não vê o governo avançando com uma agenda positiva pra
inverter o sinal. Tem agora a tal agenda Brasil do Renan, que não vai trazer
estímulos mais consistentes. Fora o jogo de cena político, pra diminuir a
pressão em cima do governo, tem muita proposta polêmica, de pouca eficácia, que
vai contra até o que o governo defende. Pode ajudar um pouco em matérias
tributárias; talvez, garantir maior receita.
Mas não é isso que vai estabelecer
um horizonte de crescimento. Estamos longe disso. Desemprego, queda do consumo,
da confiança, baixa popularidade do governo, crise política, investigações da
Lava Jato e risco da perda do grau de investimento são apenas algumas questões
que comprometem o potencial de reação da economia.
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