Por Diário do Poder
JD CONSULTORIA está entre empresas que operaram na Abreu e
Lima
A Polícia Federal incluiu a JD Assessoria e Consultoria, do
ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, em um grupo de 31 empresas
"suspeitas de promoverem operações de lavagem de dinheiro" em
contratos das obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, - construção
iniciada em 2007 que deveria custar R$ 4 bilhões e consumiu mais de R$ 23
bilhões da Petrobras.
O documento é o primeiro de uma série de perícias técnicas
da PF que aponta um porcentual de desvios na Petrobras de até 20% do valor de
contratos. O porcentual é superior aos 3% citados até aqui nas investigações da
Operação Lava Jato, que incluía apenas propina dos agentes públicos e
políticos.
"Foi identificada movimentação financeira da ordem de
R$ 71,4 milhões, tendo como origem Construções e Comércio Camargo Corrêa S/A e
como destino as seguintes empresas, suspeitas de operarem lavagem de dinheiro:
Costa Global Consultoria e Participações, JD Assessoria e Consultoria, Treviso
do Brasil Empreendimentos e Piemonte Empreendimentos", registra laudo
anexado na quinta-feira aos autos da Lava Jato.
As outras três empresas citadas neste mesmo trecho do laudo
são de dois delatores da Lava Jato que confessaram envolvimento no esquema na
Petrobras: Paulo Roberto Costa (Costa Global), ex-diretor de Abastecimento da
estatal, e Julio Camargo (Treviso e Piemonte), lobista da Camargo Corrêa e do
grupo japonês Mitsui.
A JD - que passou a ser usada por Dirceu para dar
consultorias e palestras após sua saída do governo Luiz Inácio Lula da Silva,
em 2006 -, integra tabela de empresas indicadas "como operadoras de
lavagem de capitais". "No período compreendido entre 31 de maio de
2010 e 28 de fevereiro de 2011, foi identificada movimentação financeira da
empresa Construções e Comércio Camargo Corrêa S/A para a JD Assessoria e
Consultoria Ltda., num montante de R$ 844,6 mil", registra a perícia.
Os peritos dizem que em documento fornecido pela Camargo
Corrêa, a JD integra uma lista de "empresas consultoras que supostamente
teriam prestado serviços à empreiteira". "Nessa relação foi
localizada uma planilha eletrônica contendo a descrição sucinta de um contrato
entre a JD e a Camargo Corrêa, cujo objeto foi apresentado como 'Serviços de
consultoria e análise dos aspectos sociológicos e políticos do Brasil'",
diz o laudo.
Os investigadores da Lava Jato apuram o uso de falsas
consultorias por políticos e ex-agentes públicos como forma de ocultar dinheiro
de propina. Além de Dirceu, o ex-ministro Antonio Palocci é alvos de
investigação.
As suspeitas reforçadas pelo laudo da PF são de que os
pagamentos para a JD tiveram relação com as obras vencidas em 2009 pelo
Consórcio CNCC - liderado pela Camargo Corrêa - para construção das unidades da
refinaria Abreu e Lima.
O novo laudo, concluído no dia 2, tem 209 páginas e cruza
dados contábeis, de engenharia, quebras de sigilos e materiais arrecadados em
buscas, com ajuda da Petrobrás.
A defesa de José Dirceu afirma que a JD Assessoria nunca
teve contrato com o consórcio responsável pela refinaria Abreu e Lima. Segundo
o advogado Roberto Podval, Dirceu foi contratado pela Camargo Corrêa para atuar
em Portugal, "como a própria construtora reconhece". "Não teve
qualquer relação com contratos e obras da Petrobrás."
A empreiteira, por meio do advogado Celso Vilardi,
apresentou em abril o contrato com a JD. Ele disse que os serviços foram
prestados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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