Nas condições atuais da economia só dá pra esperar mais
desemprego. Aliás, a PNAD contínua, que é uma pesquisa mais ampla, feita em
3.500 municípios, já havia registrado, no trimestre encerrado em maio, uma taxa
de desemprego de 8,1%. Mas a tendência, independentemente da pesquisa, é de
mais cortes, dado o enfraquecimento da atividade. Caminhamos para uma recessão
que pode passar dos 2% este ano, contaminando também 2016.
O anúncio feito pelo
governo, da redução da meta fiscal, da meta de superávit das contas, foi o
reconhecimento que a economia deve ter desempenho muito fraco até 2018. Com
superávits magrinhos, o governo vai tentar, apenas, evitar que a dívida pública
cresça demais. Os saldos previstos não devem melhorar a relação dívida/PIB. Ao
contrário, essa relação pode até piorar. Perspectiva que aumenta a
possibilidade de um rebaixamento do Brasil na avaliação de risco, perdendo o
selo de bom pagador, pela incapacidade de gerar saldos melhores nas contas
públicas.
Se isso ocorrer, a situação só vai piorar. O Brasil perde
investimentos, o dólar avança, Pra segurar o impacto na inflação, os juros têm
de continuar altos, pressionando a dívida, que ainda terá um custo maior para
ser financiada. Daí o esforço do governo em passar o recado que, mesmo reduzindo
a meta, vai fazer mais cortes e tentar garantir maior receita.
Só que aí também
depende do Congresso, para a aprovação de medidas, como a repatriação de
recursos. E depender do Congresso, com a crise política que temos, não é muito
animador. Foi esse risco todo que fez o dólar comercial subir 2,17% hoje, com a
cotação de venda em quase 3,30 . O Financial Times tem razão ao comparar a
situação atual do País a um "filme de terror sem fim".
Temos a pior
recessão dos últimos 25 anos, com desemprego crescente, investimentos em queda,
inflação e juros nas alturas, crise política, risco de perda do grau de
investimento. Pior: sem ações efetivas que mostrem um caminho para o governo
retomar as rédeas da economia. Não pra repetir as bobagens que produziram essa
crise, mas pra reverter o ciclo negativo e fazer a economia retomar o caminho
do crescimento.
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