Por Ucho.Info
Tiro certeiro – Depois de ter afirmado, em acordo de delação
premiada, que usou dinheiro do Petrolão para bancar despesas de 18 políticos, o
empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, terá de depor em outro
processo, o que pode complicar ainda mais o governo da petista Dilma Rousseff.
Pessoa é uma das testemunhas na Ação de Investigação
Judicial Eleitoral (Aije) que apura irregularidades na arrecadação da campanha
de Dilma em 2014. O delator será ouvido em 14 de julho no Tribunal Regional
Eleitoral (TRE) de São Paulo.
Também já foram relacionados como testemunhas outros
delatores da Operação Lava-Jato. No processo, o PSDB afirma que a presidente
Dilma Vana Rousseff cometeu abuso de poder econômico e político nas últimas eleições.
O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro João Otávio de Noronha, já
havia determinado que fossem ouvidos o ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras, Paulo Roberto Costa, e o doleiro Alberto Youssef.
Logo após as eleições, em dezembro passado, o PSDB
protocolou ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) listando fatos que
considera ilegais ao longo da campanha presidencial, como o uso de prédios
públicos para atividades eleitorais e a manipulação de indicadores
sócio-econômicos. Na ação, os tucanos solicitaram à Corte a diplomação os
senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP),
respectivamente candidatos a presidente e vice-presidente, que terminaram a
corrida eleitoral na segunda colocação.
Para o PSDB, “a eleição presidencial de 2014, das mais
acirradas de todos os tempos, revelou-se manchada de forma indelével pelo abuso
de poder, tanto político quanto econômico” praticado em proveito de Dilma e do
vice-presidente reeleito Michel Temer. De acordo com o partido, as irregularidades
praticadas pela campanha à reeleição da petista teriam sido, na verdade, “uma
ação coordenada visando a garantir o êxito do projeto reeleitoral dos
investigados”.
Inclusive, na ação de investigação judicial eleitoral, o
PSDB relembra que a própria presidente, ainda na fase de pré-campanha, afirmou,
em um ato público na cidade de João Pessoa (PB), que é possível “fazer o diabo
quando é a hora da eleição”.
O empreiteiro Ricardo Pessoa contou em seu acordo de delação
premiada que foi persuadido “de maneira bastante elegante” pelo atual ministro
da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, a contribuir
com a campanha petista de 2014. Segundo ele, a abordagem lhe custou R$ 10
milhões para a campanha de Dilma. Um servidor Palácio do Planalto, chamado
Manoel de Araújo Sobrinho, acertou os detalhes dos pagamentos diretamente com
Pessoa.
Documentos entregues pelo empresário à Justiça mostram que
foram feitos dois depósitos de R$ 2,5 milhões cada, em 5 e 30 de agosto de
2014. Depois dos pagamentos, Araújo Sobrinho acertou com o empreiteiro o
repasse de outros R$ 5 milhões para o caixa eleitoral da petista. Pessoa
entregou metade do valor pedido e se comprometeu a pagar a parcela restante
depois das eleições. Só não cumpriu o prometido porque foi preso antes.
Indagada sobre as acusações feitas pelo empreiteiro, a
presidente Dilma Rousseff afirmou que “não respeita delator” e negou
irregularidades em sua campanha. “Eu não respeito delator. Até porque eu estive
presa na ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em uma delatora”,
disse a presidente em Nova York.
O que mais chama atenção na declaração da petista é que ao
invés de atacar a delação de Ricardo Pessoa, desclassificando-a, a presidente
atacou o próprio delator, ou seja, Dilma se auto-acusou chamando o empreiteiro
de traidor, não de mentiroso. (Danielle Cabral Távora)
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