Há certas vantagens em estar morando no exterior e ainda não ter
assinado o canal da Globo internacional. Por exemplo: não tinha como ver o
Programa do Jô especial, com a “entrevista” da “presidenta” Dilma (na verdade,
como disse um leitor, foi o Jô quem esteve no programa da Dilma). Isso evitou
uma noite mal dormida, fruto do embrulho estomacal. Dormi feito um anjo, e só
nesse sábado de manhã, já psicológica e fisicamente preparado, fui encarar a
parada. Dureza!
Já tinha escrito aqui sobre a decadência de Jô Soares, ao
transformar-se num defensor mentiroso de Dilma, mas o homem realmente chegou ao
fundo do poço. Sem nenhuma cerimônia, sem precisar disfarçar muito, o
entrevistador se transformou num bajulador explícito do governo, em troca
sabe-se lá de quê. O programa pareceu produzido por João Santana, o marqueteiro
de Dilma.
Jô começa elogiando a sede fanática de Dilma pela leitura. Sério? Não
era piada? Então vejamos um exemplo dessa voracidade literária:
Em seguida, Jô faz a primeira pergunta “incômoda”: quis saber de Dilma
o que ela tinha a dizer sobre a acusação da oposição, “de que ela não cumpriu
algumas de suas promessas”. Como é?! Que “oposição” seria essa? O PT? Pois nem
os tucanos, pusilânimes por natureza, “atacam” Dilma dessa forma patética.
Algumas promessas? Não, Jô, Dilma não deixou de cumprir algumas promessas. Ela
praticou escancarado estelionato eleitoral, dizendo que jamais faria o que está
fazendo, e que o que está fazendo seria feito se a oposição vencesse, o que
seria o caos para o Brasil. Entendeu?
A bola levantada pelo humorista rendeu uma oportunidade para Dilma
repetir suas falácias, de que a crise brasileira ainda é o resultado da crise
internacional, que começou há 7 anos.
Mesmo? Que tipo de entrevistador sério deixaria uma mentira dessas
passar batida, sem contestar com fatos amplamente conhecidos? Por que Jô Soares
não mostrou que os demais países emergentes crescem bem mais do que o Brasil
com bem menos inflação? A “marolinha” virou onda, mas atingiu só o Brasil, e Jô também não sabe? Dilma
culpou até a seca pela nossa crise! E Jô concordando, acenando com a cabeça
como se Dilma tivesse dado uma explicação profunda e verdadeira!
Jô Soares, depois, elogiou Dilma como alguém que sempre defendeu a
democracia e quis saber como ela encarava os “radicais”. Como é? Dilma, a
“moderada” ex-terrorista, defendia a democracia quando pregava o regime cubano
no Brasil? Vamos falar a verdade: Dilma nunca defendeu a democracia! E continua não
defendendo! Senão, por que aplaude o governo de Maduro na Venezuela? Por que
continua afagando o ditador Fidel Castro? Mas Jô fez seu papel de lacaio do
governo. Se tivesse sido contratado por João Santana não faria diferente.
A cartada sexual também veio à tona: Jô acusou um suposto machismo
pelas críticas ao governo, e destacou a fama de durona da presidente.
Intragável não seria um termo mais correto? Arrogante não seria um adjetivo
mais adequado? Quem já trabalhou com Dilma atesta: não é questão de “pavio
curto”, como disse Jô, mas de destempero mesmo, de agressividade gratuita,
típica de quem não tem liderança natural, por mérito. Jô não teria como cobrar
algo nesse tipo, pois isso exigiria independência na entrevista.
A essa altura precisei de um “break”, procurei um Engov, um Plasil,
pois já estava evidente o que viria pela frente. Ainda faltavam uns 40 minutos
de show de horror. Não estava errado. Jô teceu loas ao passado de Dilma, à sua
coragem após ter perdido um pai cedo, ter enfrentado um câncer. Perguntou do
que ela tinha medo, já que claramente não tinha medo de cara feia, pois
encarava Renan Calheiros e Eduardo Cunha diariamente. Sutil, Jô? Nem tanto. A
alegação “velada” de que Dilma é vítima de complô do PMDB, uma presidente
acuada, tadinha!, só cola para incautos. Mas não eram nos inteligentes que Jô
estava de olho, não é mesmo?
Desisti, confesso. A conexão ajudou, pois o vídeo começou a travar (não
é só no Brasil que internet dá problema). Mas já sabia que não perderia nada
demais, pois todo o resto da entrevista era previsível: continuaria sendo uma
conversa de comadres, um bate-papo entre uma presidente sem credibilidade e um
entrevistador igualmente sem credibilidade, em final triste de carreira.
Talvez o programa ontem tenha tido boa audiência. Curiosidade mórbida
do público. Mas foi a visita da saúde para o Programa do Jô. Agora ele pode
continuar ladeira abaixo rumo ao traço, pois quem ainda consegue levar esse
entrevistador a sério depois desse espetáculo ridículo? A data escolhida, ao
menos, foi adequada: o dia nos namorados. Jô e Dilma pareciam dois enamorados
mesmo, num abraço dos afogados:
PS: Dilma acha que existem ministérios “simbólicos”. Resta só
convencer os “contribuintes” que os pesados impostos que pagam para
financiar tais ministérios são também simbólicos, pois eles sentem de forma bem
real e concreta a tungada em seus bolsos.
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