Por Percival Puggina
Os discursos habituais do ex-presidente Lula constituem
expressões de boquirroto. Coisas de falastrão. Manifestações de incontinência
verbal. Estou falando difícil para não escrever o que realmente sinto
vontade... Então, vai lá, no "popular": ele diz muita besteira. O
fato é que depois de ouvi-lo durante tantos anos, habituamo-nos a seus
atropelos de forma e conteúdo. Não se poderia esperar nada mais aprimorado de
alguém com o perfil de nosso ex-presidente. Não há como Lula ser melhor do que
Lula, mesmo porque nunca lhe ocorreu fazer algo melhor de si mesmo. Portanto,
ele pode passar a vida repetindo que é filho de uma mulher analfabeta, incapaz
de fazer um "O" com um copo, pois sempre encontrará quem ria de tal
grosseria, e mesmo quem reconhece o desrespeito contido na frase acaba
aceitando-a como "coisas do Lula".
No dia 23 de
fevereiro, ele participou de um ato em defesa da Petrobras. Enquanto assistia o
vídeo com a fala do ex-presidente fiquei pensando no velório do prefeito Celso
Daniel e nas coisas que a alta nomenclatura petista dizia naqueles primeiros
momentos, logo após o crime. Espero que a entendam a analogia: Petrobras, Celso
Daniel, velório, lágrimas, culpa aos adversários. Pois é. Lula, no evento sobre
a Petrobras, trovejava sua indignação com as zelites que não suportavam a
prosperidade dos pobres. O motivo pelo qual as elites veriam com tão maus olhos
uma suposta prosperidade dos mais humildes fica envolto na névoa do mais denso
mistério. Havendo normalidade das funções mentais é muito fácil entender que a
prosperidade de todos beneficia a todos e a todos faz felizes. O inverso, como
Lula pretende sugerir, só pode ser aceito e aplaudido por imbecis de prontuário
médico, com foto, diagnóstico e medicação.
Pois bem, nesse
discurso, lá pelas tantas, referindo-se às mobilizações da oposição contra o
governo da presidente Dilma, que nem ele haverá de considerar probo e bem
sucedido, Lula afirmou: "Também sabemos brigar. Sobretudo quando o João
Pedro Stédile colocar o exército dele do nosso lado". Foi delirantemente
aplaudido pelo público que se concentrava no pequeno auditório.
Desta feita, as coisas mudam de figura. Não se trata de
fanfarronada. Não é besteira. Em uma dúzia de palavras, Lula reconheceu vários
fatos: 1) o MST é um "exército"; 2) tem comandante; 3) tem regimento
próprio e fora da lei; 4) obedece ordens do partido e serve a seus fins
políticos. Ora, a Lei dos Partidos Políticos (Lei Nº 9.096 de 29 de setembro de
1995), em seu artigo 28, estabelece quatro motivos para o cancelamento do
registro e do estatuto de uma organização partidária. Um deles é estar
subordinado a entidade ou governo estrangeiros (Foro de São Paulo, por exemplo)
e o outro é "manter organização paramilitar".
O PT, senhores membros do Ministério Público Eleitoral, se
enquadra em pelo menos duas das quatro situações previstas na lei! E quanto à
última, a milícia petista do MST tem bandeira, boné, orientações para ação
guerrilheira, centros de treinamento, e seus membros, quando atacam, brandem
foices de cabo longo, luzidias como baioneta de desfile. E Lula concitou sua
milícia ao estado de prontidão. Estão esperando o quê, senhores do Ministério
Público Eleitoral?
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Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de
Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de
Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões,
integrante do grupo Pensar+.
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