Por “O Antagonista”
Marcelo Odebrecht: se ele cair, entrega Lula
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"Procure Lula", disse Emílio Odebrecht ao
desesperado fundador da OAS
César Mata Pires, fundador da OAS, é um homem desesperado. A
sua empreiteira está afundando depois de deflagração da Operação Lava Jato.
Desesperado e amargurado com a Odebrecht, com quem mantinha, digamos, acordos
bastante lucrativos. Ele foi aconselhado a ameaçar Lula, como contaremos a
seguir.
No dia 20 de fevereiro, reproduzimos aqui que César Mata
Pires procurou Marcelo Odebrecht, diretor-presidente da dita-cuja, para saber
como era possível que a empreiteira comandada pelo menino não tivesse ninguém
preso. Na mesma conversa, ele disse que não estava preocupado em salvar a
própria pele, mas que não deixaria os seus herdeiros pagarem por "erros
cometidos em equipe" -- menção a lambanças cometidas pela OAS com a
cumplicidade da Odebrecht, que até agora vem se safando. A informação foi
tirada de uma reportagem publicada pelo Estadão, cujo tema principal eram os
encontros de Lula e Paulo Okamotto com empreiteiros à beira de um ataque de
nervos. Ao jornal, a Odebrecht negou o encontro e a OAS saiu-se com uma
evasiva.
O Antagonista resolveu apurar os desdobramentos dessa
história e descobriu que César Mata Pires procurou também Emílio Odebrecht, pai
de Marcelo e presidente do Conselho de Administração da empresa. O encontro foi
na ilha de Kieppe, na baía de Camamu, no sul da Bahia, de propriedade dos
Odebrecht. O dono da OAS formulou a mesma pergunta a Emílio: como era possível
que a empreiteira dele não tivesse ninguém preso, ao passo que a sua estava com
toda a diretoria em cana. E acrescentou: o que eu posso fazer para salvar a
OAS?
A resposta de Emilio Odebrecht foi: "Procure
Lula".
Emílio contou-lhe então que, temendo pela prisão de Marcelo,
foi direto ao ponto com o petista. Emílio Odebrecht disse a Lula o seguinte:
"Se for preso, o Marcelo não aguentará a pressão: ele vai abrir a boca e
contará tudo o que sabe sobre as suas relações com a Odebrecht."
O Antagonista revelou que Lula interferiu para que Renato
Duque fosse solto, depois de ser ameaçado pela mulher do ex-diretor da
Petrobras, operador do PT na estatal. Não se sabe se Lula moveu um dos seus
tentáculos para manter, até o momento, graúdos da Odebrecht fora da prisão. Não
se está insinuando, aqui, nada contra a Justiça. O empenho dos procuradores da
Lava Jato em incriminar a empreiteira é grande, assim como o do juiz Sergio
Moro. A nossa impressão é de que a Odebrecht será pega no momento certo pelos
bravos paranaenses.
O único fato da nossa apuração -- e fato assombroso, por
mais que conheçamos as relações promíscuas entre a Odebrecht e Lula -- é que
Emilio Odebrecht ameaçou Lula e recomendou a César Mata Pires que fizesse o
mesmo com o petista se quisesse salvar a sua empresa.
A única certeza da nossa apuração é que, se a Odebrecht
cair, Lula também cairá.
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