Por Thiago Cortês
Quando Marco Feliciano foi eleito presidente da Comissão de
Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara Federal, rapidamente se tornou
alvo do Lobby LGBT e da imprensa.
A essa altura do nosso torneio de polêmicas, pouca gente se
recorda, mas quando ficou encurralado, com gente de peso como presidente do
Congresso, Henrique Alves, pedindo sua renúncia, Feliciano foi abandonado, num
primeiro momento, pelo seu partido.
O Partido Social Cristão (PSC) se dobrou às pressões. Uma
semana após a escolha do de Feliciano, Henrique Eduardo Alves se encontrou com líderes do PSC e saiu da reunião com a resposta que queria: a sinalização do
partido de que o deputado pastor deixaria o posto.
O líder do PSC era o deputado André Moura e o
vice-presidente, Everaldo Pereira.
Diante das câmeras, os líderes do partido fingiam estar ao
lado de Feliciano, mas, como até mesmo a imprensa secular noticiou na época,
internamente o partido queria sua renúncia.
O PSC chegou a anunciar que iria “rediscutir a indicação deFeliciano” para a CDHM. Não fosse a insistência de Feliciano com apoio doscristãos, tanto evangélicos como católicos, não tenho dúvidas de que o PSC
teria feito as vontades do Lobby LGBT.
Só quando a onda mudou a favor de Feliciano foi que os
chefões do PSC decidiram que o partido iria manter o pastor na CDHM de qualquer
maneira.
Confesso que sempre desconfiei da postura dos chefões do
Partido Social Cristão.
E tive parte das minhas suspeitas confirmadas por causa da
postura “ambígua” – pra não dizer outra coisa – do atual candidato à
presidência do PSC, pastor Everaldo Pereira, um dos líderes da legenda que
queria a saída de Feliciano da Comissão de Direitos Humanos.
Aliás, lembro que na época dos acontecimentos na CDHM, o
pastor Everaldo teve uma postura tímida e quase invisível na defesa de Marco
Feliciano. É estranho que agora ele seja vendido pelo PSC como um legítimo
liberal-conservador…
Quando a liberdade de expressão de Feliciano esteve em
risco, não lembro de ter visto o “herói liberal” Everaldo Pereira tomando a
linha de frente na defesa do colega…
O pastor Everaldo é realmente um sujeito curioso.
Ele militou na esquerda durante toda a sua carreira
política. Foi discípulo fiel de Leonel Brizola e até hoje se diz um brizolista
puro-sangue. Nunca demonstrou qualquer objeção a ideia de que o Estado deve
tomar a frente de tudo e de todos.
Everaldo celebrou o governo Lula e também participou, através do PSC, do governo Dilma. Não consta
nenhuma crítica dele, em anos anteriores, sobre o tamanho do Estado e sua
vulnerabilidade à corrupção…
Eis que um belo dia, Everaldo acordou com vontade de
defender o liberalismo econômico!
Talvez uma maça tenha caído na cabeça de Everaldo – assim
como Newton, durante a epifania que o levou a elaborar a teoria geral sobre a
lei da gravidade.
Ou talvez ele tenha ido para o pólo ideológico oposto porque
o PSC perdeu espaço no governo Dilma e Everaldo, sabiamente, enxergou um nicho
eleitoral pouco explorado: o público crescente que clama por alternativas
liberais e conservadoras.
O curioso Everaldo ainda tem dificuldades para assumir a
ideologia que lhe caiu na cabeça. Nos debates, ainda parece hesitante e um
tanto vago quando fala das propostas liberais. E ainda deixa escapar algumas
pérolas que revelam sua alma esquerdista.
Durante uma convenção do PDT em São Borja, o novo-liberal
Everaldo “arrebatou” o público de sindicalistas ao afirmar que é “brizolista desde criancinha”.Não fiquei surpreso.
Sempre achei o pastor Everaldo aquele tipo de figura que só
consegue impressionar os impressionáveis.
O tipo de “herói” que não resiste a uma pesquisa no Google.
O herói
dos liberais perdeu adeptos recentemente ao participar do Plebiscito
Constituinte, uma proposta de partidos de esquerda, cujo objetivo é provocar
uma “assembleia de deputados eleitos pelo povo para modificar a economia e apolítica do País” .
Em nota direcionada aos que lotaram sua rede social com
questionamentos, Everaldo respondeu: “entendemos ser legítima a manifestação
desses setores na luta pelos seus ideais, ainda que equivocados, em nossa
opinião”.
Ou seja, aqueles grupelhos que veneram Fidel Castro e acham
a Venezuela, mesmo sem papel higiênico, um paraíso, querem um Constituinte para
“modificar a economia e a política” do Brasil e o pastor Everaldo, o herói dos
liberais, acha que é “legítimo”…
Ele também se apressou em dizer que votou pelo “Não”, ou
seja, manifestou-se contra a realização do Plebiscito. Pena que ele não tenha
sido inteligente o suficiente para ignorar a iniciativa da esquerda,
emprestando sua imagem para legitimar tal sandice.
É o tipo de coisa que acontece quando um “brizolista desde
criancinha” vira liberal da noite para o dia, sem realmente se arrepender das
bobagens que defendeu durante toda uma vida.
Participar do Plebiscito só para dizer não é algo tão
criminosamente ingênuo quanto participar do Foro de São Paulo com a desculpa de
tentar levar propostas mais liberais ao grupo.
Tomara que o curioso Everaldo não leia este artigo ou,
talvez, contrariando seus assessores, faça isso um dia. Nunca se sabe até onde
vai a genialidade de um brizolista.
Fonte: GospelPrime
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Thiago Cortês é graduado em sociologia pela Fundação Escola
de Sociologia e Política de São Paulo (FESP-SP). Há mais de dez anos trabalha
como jornalista e, atualmente, presta serviços de consultoria política.
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