Por Percival Puggina
Atribui-se ao
jornalista Cândido Norberto a frase segundo a qual, em política, pode acontecer
tudo, inclusive nada. Por exemplo: pode explodir um avião sobre o cenário
eleitoral; pode acontecer algo enigmático, tipo vir à superfície mais um
escândalo e o governo melhorar sua posição. E também pode acontecer nada, pelo
simples motivo de que parcela imensa da população, em flagrante desânimo, joga
a toalha no ringue. As pesquisas desta semana indicam que nação está agendando
um encontro de boi com matadouro. E vai abanando o rabo na direção de um entre
dois neocomunismos: o sem Pai Nosso de Dilma ou o com Pai Nosso de Marina.
É possível que o leitor destas linhas pense que estou
paranóico. Não, meu caro. Pergunto-lhe: você leu o documento final do 20º
Encontro do Foro de São Paulo (aquela organização que a grande mídia nacional
diz que, se existe, não fede nem cheira?). Quem lê o referido documento não só
fica sabendo que o bicho existe, mas que é poderoso e bate no peito mostrando
poder. O texto exalta o fato de que, em 1990, no grupo de partidos alinhados
sob essa grife, apenas o PC Cubano governava um Estado nacional. Hoje, estão
sob manto do FSP, entre outros, Brasil, Uruguai, Argentina, Bolívia, Chile,
Equador, Venezuela, El Salvador e Nicarágua. Se observar bem, verá que a lista
contém a nata dos comunismos e socialismos bolivariano, cocaleiro, maconheiro,
bananeiro e por aí vai. E se escrutinar caso a caso vai encontrar dirigindo
esses países, em seus vários escalões, aos cachos, ex-guerrilheiros comunistas
que, em momento algum, extravasaram arrependimento ou deserção das antigas
fileiras. Uma parceria e tanto, essa que o Brasil integra na condição de grande
benemérito e tendo o PT como sócio fundador.
O Foro de São Paulo, como bem mostra Olavo de Carvalho, é a
chave de leitura para o que acontece, não apenas na política nacional, mas nas
nossas universidades, na nossa economia, nos negócios externos e na tal
geopolítica "multipolar" que nada mais é do que um passo adiantado na
direção de um projeto de hegemonia e totalitarismo sobre a região. E é para lá
que vamos se, confirmando-se o dito com que abri este texto, já aconteceu tudo
e nada mais há para acontecer.
Se olharmos pela janela, veremos que a economia brasileira
está parando. A cartola de sortilégios do ministro Mantega está tão vazia quanto
os cérebros que nos governam. O que houve? Nada que não possa ser explicado
pela sujeição nacional a um governo com estratégias erradas. A Venezuela já não
está com polícia nos supermercados? Não se contam cinco décadas de escassez e
filas em Cuba? A outrora próspera Argentina, não se encontra em plena
decadência?
As parcerias do FSP adotam exitosas técnicas de sedução
eleitoral. Mas exercem o poder de modo desastroso. E Marina vem na mesma toada.
Ela nasceu para a política como líder comunista. Revoltada com a vida e com o
mundo, como costumam ser os líderes comunistas. Marina não entendia o motivo
pelo qual abrir trilha na floresta e riscar casca de seringueira não
transformava o cidadão acreano num próspero suíço. Saiu da floresta, estudou,
ganhou mundo, quer presidir o Brasil. Mas se não esconjurar as ideias que tinha
quando ministra, ela é um apagão eminente.
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Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de
Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de
Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões,
integrante do grupo Pensar+.
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