A reviravolta do dólar teve relação direta com a fala do
presidente do Banco Central, quanto à possibilidade de vender reservas, dólares
mesmo, pra segurar o ataque especulativo que o mercado vinha desenhando. Com
disparada do dolar e, também, dos juros futuros, aumentando muito o ganho dos
títulos que o governo coloca no mercado. O que bate direto na dívida pública.
Agora, esfriar não significa reversão da tendência.
Os fatores que vêm pressionando o mercado continuam
presentes. As trapalhadas políticas do governo, como na redefinição do
Ministério, aumentam muito o grau de incerteza. É tudo muito mal planejado,
improvisado, pouco discutido com quem interessa. A nova formação do Ministério
vai ser muito mais uma tentativa do governo de se salvar do que uma busca de
maior eficiência. Em meio ao risco de abertura de um processo de impeachment,,
o governo quer garantir o ajuste fiscal, com a volta da CPMF. Poderia ter
recorrido a impostos menos polêmicos, que não precisassem da aprovação do
Congresso, mas fez mais uma daquelas escolhas difíceis de entender. Vai ser
difícil a CPMF passar.
A impressão é que todo mundo perdeu a paciência com tudo de
errado que foi e continua sendo feito e não quer mais pagar conta alguma. E
continua a enxurrada de dados ruins. O relatório trimestral de inflação mostrou
que o Banco Central prevê, pra este ano, a inflação em 9,5%, maior do que o
mercado espera e mais que o dobro do centro da meta. O BC já fala em 5,6% no
ano que vem, mesmo tendo como objetivo derrubar a inflação para a meta de 4,5%.
O relatório também trouxe a previsão de uma retração do PIB
de 2,7% agora em 2015. Um cenário muito ruim que está relacionado à execução do
ajuste fiscal. Sem o ajuste pode ficar bem pior. Foi no embalo dessa
possibilidade que o dólar disparou nos últimos dias. Nesta última safra de
dados ruins, ainda tem aumento do desemprego, que deve crescer mais, já que não
se vê no horizonte um sinal de reação, tão cedo, da atividade econômica. E pra
fechar o noticiário negativo houve nova queda histórica da confiança do
consumidor, que reflete muito as crises que o País está enfrentando.
Como ficar confiante com a realidade que temos? O Banco
Central pode atuar, segurar a pressão por algum tempo, mas melhoria, mesmo, de
cenário, das expectativas, só se houver um fato efetivamente positivo. se o
governo mostrar que consegue desatar o nó político, estabelecer condições pra
recuperar a credibilidade do País e a capacidade de retomada do crescimento.
Sem isso, o máximo que vamos ter são momentos de trégua do mercado, como hoje.
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