É impressionante a piora que estamos vendo na economia
brasileira, sem que nada ocorra pra reverter a situação. Tem a proposta de
ajuste fiscal. Mas uma proposta que teria de passar por ajustes, pra trazer
mudanças efetivas na redução de despesas, sem depender tanto do aumento de
arrecadação e de um imposto tão ruim como a CPMF.
Semana após semana, o que temos é o mercado com projeções
mais pessimistas, a confiança de empresários e consumidores batendo recordes de
baixa, os índices de atividade com recuos históricos e o desemprego em alta. O
mercado segue tenso, com bolsa em queda, juros futuros em alta, o dólar
disparando. Os juros, na prática, já estão muito acima da taxa básica definida
pelo Banco Central. Se o governo quiser buscar recursos no mercado tem de pagar
bem mais que a selic. O dólar alto pode até ajudar a melhorar a competitividade
dos produtos brasileiros mais à frente. Ainda é uma expectativa favorável. Só
que a curto e médio prazo deve produzir mais inflação.
Não é à toa que o mercado está elevando as projeções para
este e o próximo ano, mesmo contando com uma recessão pesada, queda forte do
consumo, que tendem a segurar aumentos de preços e salários, além da manutenção
de juros elevados. O dólar já encostou nos 4 reais. Fechou o dia vendido a R$
3,98, com alta de 0,57%. Mas deve romper a barreira técnica e psicológica dos
4. A pressão vem muito da falta de confiança na aprovação do ajuste, incluindo
a CPMF.
Sem o ajuste das contas, aumenta a probabilidade de o Brasil
ser rebaixado por outras agências de classificação de risco, com mais perda de
investimentos e maior desorganização da economia. A proposta de ajuste fiscal
foi ou é uma tentativa do governo de estabelecer uma condição melhor para a
evolução das contas, o que poderia garantir pontos em termos de credibilidade.
Só que é um ajuste precário, atrasado, muito criticado, que vai enroscar no
Congresso. Muita coisa não vai passar.
A dificuldade pra definir o corte de Ministérios é uma
demonstração clara da fragilidade política. E antes de viabilizar as novas
propostas, o governo está preocupado em evitar a derrubada de vetos da
presidente a medidas que podem ampliar muito as despesas, como o reajuste do
Judiciário. As indicações são de que a economia ainda pode piorar mais antes de
melhorar.
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