O pânico causado pela eleição de um presidente esquerdista,
Lula da Silva, e a crise do final do governo FHC provocaram uma grande
desvalorização do real. No último ano, nos últimos 12 meses, a desvalorização
da moeda brasileira foi ainda maior, quase difícil de acreditar. E daí?
Daí que a alta do dólar e alta das taxas de juros no mercado
financeiro estão à beira de provocar recessão grave também em 2016, de ameaçar
mesmo o cenário melhorzinho, que já não era bom: de apenas estagnação da
economia no ano que vem, de crescimento zero. Melhor que o de 2015, que vai ser
de recessão profunda.
Em 2002, a alta do dólar e o tumulto econômico causaram
temores de volta da inflação descontrolada e de recessão profunda. Mas o
governo Lula tomou as medidas corretas, controlou os gastos do governo, foi
racional, deu motivos de otimismo. O país se estabilizou.
Agora, as condições de controlar os gastos são muito mais
difíceis. Dilma Rousseff gastou demais, criou despesas difíceis de cortar sem
grande disputa política e os impostos são altos demais. Para piorar, nem mesmo
se sabe se a presidente está disposta a consertar parte do estrago que fez em
seu primeiro mandato. Alguns de seus principais assessores vinham fritando o
ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que é o defensor do plano de arrumação da
casa. O ministro apenas não caiu esta semana porque um comitê de empresários e
banqueiros faz pressão sobre a presidente, que no entanto continua a fazer
discursos confusos sobre o que pretende fazer.
No meio da confusão, o dólar sobe. Foi hoje a R$ 3,86, 72%
mais caro que há um ano. Dólar nessa altura e nessa toada deve causar mais
inflação, além de bagunçar a vida financeira das empresas. A inflação mais alta
vai impedir a queda dos juros. Com juros altos, a recessão continua e, assim, o
aumento do desemprego.
A situação está se tornando crítica, o governo perde seus
últimos apoios e a economia começa a perder as esperanças de alguma recuperação
significativa em 2016.
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