O incêndio na política baixou um pouco, por algumas horas ou
dias e isso apareceu até em indicadores como dólar e taxas de juros no mercado
financeiro. Parecia que o governo estava para cair nas próximas semanas. Quem
sabe a fervura diminua mais, a depender das manifestações de domingo e de
novidades e novas prisões da Lava Jato. Mas a vida do dia a dia continua a piorar
muito e regularmente.
Não importam os acordos políticos, o consumo deve continuar
a declina até quase o final do ano. No primeiro semestre, as vendas no varejo
caíram 2,2% sobre a primeira metade do ano passado, coisa que não se via desde
2003. Mesmo as vendas dos supermercados, as dos produtos mais essenciais,
caíram 1,2%, soubemos hoje.
É muito difícil que a situação do consumo melhore antes do
final do ano, pelos motivos que quase qualquer um pode perceber.
Primeiro, a inflação está alta e deve continuar no mesmo
nível, entre 9% e 10% ao ano, até pelo menos novembro, comendo o poder de
compra dos nossos rendimentos.
Segundo, os salários caem e o desemprego aumenta; as
pesquisas com empresas indicam que essa tendência vai pelo menos até o começo
do ano que vem.
Terceiro, falta crédito. Os juros estão além da lua. Os
bancos estão na retranca, estão muito cuidadosos nos empréstimos. Quem ainda
tem condições de pedir e conseguir crédito está com medo de se endividar, dado
o ambiente.
Com renda menor, menos emprego e crédito estagnado, não há
como o consumo reagir tão cedo.
Claro que uma situação política mais resolvida e um plano
econômico de mudança grande, que tenha apoio social e político, podem abreviar
essa crise e diminuir a intensidade do sofrimento. Mas tão cedo também não vai
haver tal acordo político.
Logo, a crise ainda tende a piorar até quase o finzinho do
ano. Então, fica a dúvida: a revolta popular com a crise e o arrocho podem
causar outra piora na política? O cobertor do otimismo está curto para tanta
crise.
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