Sergio Pedro Bambini
Em minha mensagem de despedida, enfatizei dois fatos, para
mim, relevantes. Eu era o último Oficial-Aviador cuja formação dera-se,
totalmente, no lendário Campo dos Afonsos. Também, e mais importante, eu era o
último Oficial, que já fazia parte do Corpo de Oficiais da Aeronáutica no dia
31 de março de 1964.
Em minha formação de Oficial, durante os anos de Escola
Preparatória e de Escola de Aeronáutica, em nossas aulas, pouco aprendemos e
debatemos sobre diversos aspectos de nossa história, então, recente. Fatos
relevantes, como a Revolução de 1930, a Revolução Constitucionalista de 1932, a
implantação do Estado-Novo e a destituição de Getúlio Vargas eram, apenas,
comentados ligeiramente. Esses fatos, ocorridos há menos de 35 anos da época em
que vivíamos eram parte do passado e ponto. Fatos atuais como as revoltas de
Jacareacanga e Aragarças, assim como a renúncia de Jânio Quadros, também, não
eram fruto de estudos aprofundados.
Minha geração atual, composta de militares inativos deseja,
com ardor insistente, que os militares da ativa sejam especialistas, solidários
e responsáveis pelos valores do movimento revolucionário de 1964. Muito justo.
No entanto, há que se considerar e ter presente que toda a geração de
militares, hoje na ativa, das três Forças, é formada a partir do final dos anos
setenta e depois.
A formação destes militares seguiu outros parâmetros, que,
por sua vez, têm evoluído considerável e constantemente.
E isto é um fato!
Os valores, porém, dos militares de hoje são os mesmos dos
militares de ontem. Eles são capazes, sim, de fazer, no presente, o que nós e
aqueles que nos antecederam, fizemos no passado. Basta a Pátria necessitar e
eles não lhe faltarão.
Os militares de hoje estão presentes e disponíveis. Procuram
inteirar-se dos problemas e estudam suas soluções. Mantém a mentalidade
operacional, com plena consciência que sua destinação é a guerra e o seu
preparo a melhor dissuasão. Eles são exemplo e, por isso, plenamente aceitos
pela sociedade brasileira, que neles deposita total confiança.
Tenhamos confiança e sejamos crentes.
Nossos militares trabalham além da simples obrigação formal.
Eles vibram com a profissão que livremente escolheram. Vislumbremos que, para o
cumprimento da missão a eles confiada, são igualmente importantes aqueles
encarregados da atividade-fim e aqueles encarregados da atividade-meio,
independentemente de postos ou graduações. Na Força Aérea, os que voam, os que
fazem voar e os que apoiam o voo.
Eles sabem. São militares por opção própria e estão cientes
que fortalecer a cadeia de comando é o caminho correto de aprimorar a mútua
confiança entre superiores e subordinados, chave para o enfrentamento vitorioso
de conflitos.
Eles vivem em constante aprimoramento da disciplina,
pois não a exercendo, ou não a exigindo, estarão corroendo um dos pilares
básicos da Instituição Militar e preservar esse baluarte é dever de cada
um. Assim, estão conscientes, não podem ser tolerantes com pequenas faltas, que
solapam a disciplina e tornam-se precursoras de grandes transgressões.
Eles exercitam e fortalecem, constantemente, as qualidades
que são desejáveis no cidadão e requisitos de vida para o militar –
patriotismo, civismo, honestidade, lealdade, coerência, dignidade, humildade,
eficiência, ética, confiança – lembrando que tais qualidades não são
fracionáveis e definem o perfil do indivíduo.
Eles primam pela segurança no trabalho – qualquer trabalho –
fazendo, cada um, sua parte para o bom andamento do serviço.
Não, meus caros companheiros de inatividade, os militares da
ativa não são diferentes do que fomos.
Eles saberão honrar seu juramento e saberão agir se e quando
necessário.
Confiemos e peçamos ao bom Pai que os abençoe, os ilumine e
lhes dê a força necessária para cumprir sua missão.
Fonte: Clube Militar
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Sergio Pedro Bambini é Tenente Brigadeiro tendo
sido declarado Aspirante a Oficial Aviador em 1963 e foi Chefe do Estado-Maior
da Aeronáutica.
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