O dólar tem refletido toda essa incerteza que temos hoje no
Brasil. É uma crise em cima da outra. Há um claro agravamento da crise
política, com a perda de popularidade do governo e perda de apoio no Congresso.
O governo está sendo atropelado em votações importantes não apenas pela base
aliada, que está encolhendo, mas até pelo próprio partido. A deterioração da
situação política é clara. E essas votações, que parecem ter o objetivo de
provocar um desgaste ainda maior do governo, tem implicações bem negativas para
a economia.
Parece já não haver qualquer preocupação nesse sentido. Mas
as conseqüências podem ser pesadas. Pra garantir a meta fiscal, ter um mínimo
de superávit das contas públicas, o governo ainda depende da aprovação de
medidas que garantam alguma receita extraordinária. As votações estão indo no
sentido contrário. Cresce o risco de o Brasil perder o selo de bom pagador, de
ser rebaixado na classificação de risco. Mesmo antes disso, o investidor
estrangeiro e até investidores locais já estão mais cautelosos em colocar
dinheiro aqui.
A pressão sobre o dólar aumenta, trazendo mais problemas
para a economia. O Banco Central indicou, por exemplo, que pretende manter a
taxa basica de juros no nível atual, em 14,25% ao ano, por entender que isso
vai ajudar a levar a inflação para o centro da meta, para 4,5%, até o final do
ano que vem. Mas se o dólar continuar avançando, a inflação sobe mais e os
juros também podem subir mais pra segurar a situação.
A crise econômica se agrava, dando mais munição pra crise
política, com maior perda de popularidade. A inflação já pesa mais para a base
de maior apoio da presidente.
A inflação da baixa renda passou de 10,3% em 12 meses,
enquanto o índice oficial está pouco acima de 9%. Agora, a tendência para o
dólar ainda é de alta, por esse cenário complicado que temos no Brasil e ainda
o cenário externo, com a possível alta dos juros nos Estados Unidos e a desaceleração
do crescimento da China, que podem afetar mais o fluxo de dólares para o País.
O dólar pode testar logo a faixa dos 3,60. Um fato novo mais
negativo pode empurrar ainda mais pra cima.
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