A Grécia chegou muito perto de sair da zona do euro.
Situação que poderia levar à quebradeira de bancos, adoção da própria moeda,
com forte desvalorização, o que geraria inflação, mas dando melhores condições
para as exportações do País. O comércio externo seria o canal para um
recuperação da economia, mas de forma muito incerta, já que a pauta exportadora
da Grécia é bem limitada. No curto prazo, a crise, as perdas poderiam ser bem
maiores. Já o bloco europeu ficaria estruturalmente abalado. Daí veio a
negociação de última hora, arrancada na marra, muito por pressão da França e da
Itália, que não queriam uma solução mais drástica. A Grécia, como vimos, deve
receber o empréstimo de até 86 bilhões de euros, investimentos, mas vai ter de
engolir mais ajustes pesados, como as mudanças na Previdência, aumento de
impostos e privatizações, cujos recursos também vão entrar como garantia do
empréstimo. O primeiro ministro Tsipras não pode mesmo cantar vitória. Vai ser
forçado a adotar medidas que rejeitava desde a época das eleições, assumindo
todo o desgaste. Qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência. Não
dá pra saber como a população grega vai reagir a mais aperto. Por outro lado, o
bloco europeu abre um precedente. Talvez, mais à frente, tenha de negociar com
outros países que também mostram maior fragilidade econômica. A postura da
Itália em defesa da Grécia veio muito dessa possibilidade. No final das contas
o acordo pode ter sido apenas a solução menos traumática, mas não definitiva.
Para o Brasil traz um certo alívio. O impasse em torno da Grécia era mais um
fator a provocar movimentos de aversão ao risco, fuga de investimentos, assim
como pode ocorrer com as incertezas em relação à China; em relação ao momento
em que os juros vão voltar a subir nos Estados Unidos, e, também, por causa dos
nossos próprios problemas no campo político e econômico. Problemas que já têm
deixado os investidores bem cautelosos.
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