Por Ney Vilela
Uma das manobras mais difíceis de se executar, por parte de
um grande exército, é a retirada. Ceder território é desmoralizante e passa o
sentimento psicológico de que a derrota se aproxima. Mas, independentemente
dessa situação ser constrangedora, um bom general precisa garantir que seus
exércitos consigam se reagrupar, ganhando condições operacionais para enfrentar
as próximas batalhas.
Ao realizar a manobra de retirada, é costumeiro que o
exército em recuo deixe, no caminho, uma parcela de suas tropas com a função de
obrigar o inimigo a perder algum tempo enfrentando-as. Assim, quem se retira
troca espaço por tempo, conseguindo as condições para se reorganizar e melhor
poder defender suas posições, a seguir.
Observe-se o que aconteceu com Graça Foster, presidente da
PETROBRAS: ela foi submetida a um desgaste desumano, nesse último ano. Enquanto
ficava evidente que a PETROBRAS teve seus recursos dilapidados e foi
literalmente implodida em nome dos interesses do partido que se apoderou da
máquina de governo, Graça Foster atraiu o fogo da bateria do exército da
oposição, enquanto o ex-presidente da empresa, o ex-presidente da República e a
liderança partidária do PT ganharam um tempo precioso que lhes permitiu vencer
a eleição presidencial e se organizarem para o grande embate judicial que se
aproxima.
Como "tropa retardadora", Graça Foster (além de um
grupo de diretores da PETROBRAS), deu o melhor de si, sacrificando-se com ardor
missionário – sabe-se lá por que – em benefício de Lula da Silva e de sua
mandada, Dilma Rousseff.
Diante desses fatos, observa-se que o exército da oposição
não pode esquecer que é necessário levar à rendição quem assinou o contrato que
levou a PETROBRAS a perder mais de um bilhão de reais com a Refinaria de
Pasadena (uma sucata à beira do canal de 100 km que liga Houston ao mar, que
foi comprada por 42,5 milhões de dólares para ser revendida à Petrobras por 26
vezes este valor. O valor da compra original de Pasadena foi quase todo ele
referente ao terreno, bem valorizado, de 40 milhões de dólares; os restantes
2,5 milhões equivaliam ao valor do aço e outros metais contidos nas instalações
para revenda). Esta compra representa apenas 3,75 % da roubalheira na
Petrobras. Quem aprovou a assinatura desse contrato foi o Conselho da empresa,
dirigido – na época – por Dilma Rousseff, mandada pelo então presidente Lula da
Silva.
Deve ser levado ao tribunal de crimes de guerra o camarada
que fez o acordo com a Venezuela para se construir a Refinaria Abreu e Lima, o
que levou a um prejuízo de aproximadamente 20 bilhões de dólares. E quem
realizou esse acordo foi Lula da Silva.
Deve ser levado à rendição quem doou derivados de petróleo
para a Venezuela (!) no período da crise que quase derrubou Hugo Chávez. E quem
fez isso foi Lula da Silva. E note-se: a Venezuela tem a 2ª maior reserva de
petróleo do mundo, inferior apenas à da Rússia, e maior do que a da Arábia
Saudita, mas sua petrolífera, a PDVSA, não tem capacidade de retirar muito
petróleo do chão, porque foi sucateada, como agora está sendo a Petrobras.
Precisa ser derrotado quem alterou o contrato de exploração
das jazidas de petróleo, criando o sistema de partilha que exaure os recursos
da PETROBRAS. É necessário levar à rendição quem resolveu combater a inflação
mantendo congelado os preços dos combustíveis fósseis, destruindo o equilíbrio
financeiro da PETROBRAS.
E, para não perder a viagem, a oposição deve levar às barras
dos tribunais, quem destruiu o equilíbrio das empresas que produzem energia
elétrica, advindo os apagões, que já se iniciaram neste ano, e prosseguirão. O
Brasil se curvou ao vexame de comprar energia elétrica da Argentina. E também
quem entregou os recursos do BNDES – com juros subsidiados – para algumas
empresas que, posteriormente, faliram. A oposição também precisa punir (sempre
dentro da lei) quem doou dinheiro para se construir um porto, em Cuba, e uma
linha de metrô, na Venezuela, com os recursos do contribuinte brasileiro,
enquanto há tantas deficiências de infraestrutura em nosso próprio país. Belo
Horizonte, o terceiro centro metropolitano do país, maior do que Caracas, não
tem uma única linha de metrô. Nem uma estação. Mas apenas um trem subúrbio de
superfície. E olhem que a atual presidente é mineira, e Lula da Silva e ela
foram eleitos com maioria em Minas em suas quatro eleições. Mas o metrô foi
para Caracas! Lembrem-se disso, mineiros e belo-horizontinos! Mas ele vai
responder por este crime venezuelano também! Pergunto: será que o governo
federal do PT, junto com o agora também governo estadual do PT em Minas, vai
construir pelo menos uma linha de metrô em Belo Horizonte? Ou ao invés disso
vão doar uma linha à Bolívia? Ou ao Equador, ou para Havana? Não duvide disso
não ! Vejamos ao final do governo em Minas.
Graça Foster é desimportante: o que interessa é penalizar os
mandantes. Trata-se de capturar os generais desse exército em retirada.
E por falar em exército, que exército é esse de Stédile,
citado por Lula da Silva, no movimento de "apoio" à Petrobrás ?( o
apoio foi na verdade aos bandidos que roubaram a empresa como mandados). A que
ponto chegamos? Um ex-presidente da República chama de exército um grupo de
invasores criminosos liderados por um sujeito que, em qualquer país com governo
sério do mundo, estaria cumprindo pena atrás das grades por todos os seus
crimes. O escárnio com as leis do país, vindo de um ex-presidente, é uma
afronta ao estado de direito. Então quer dizer que Lula assume o que todos já
sabiam, que o MST é uma espécie de exército paralelo revolucionário? E fica por
isso mesmo?
Fonte: A Verdade Sufocada
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Ney Vilela é Coordenador Regional do Instituto Teotônio
Vilela de Estudos Políticos, Membro da Academia Jahuense de Letras, Membro da
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, Membro do
Instituto Cultural de Artes Cênicas do Estado de São Paulo, Membro dos Estudos
Pós-Graduados em História (Cultura e Representação) da PUC-SP, Professor de
Teorias da Comunicação e de História do Brasil Contemporâneo da Fundação Raul
Bauab - Jahu
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