Por Marcos Coimbra
Mahatma Gandhi foi um dos principais líderes mundiais, de
todos os tempos. De estatura modesta, magro, desarmado, movimentava
milhões de indianos contra a opressão inglesa. Foi preso, sofreu muito, mas
acabou alcançando seu objetivo principal: a independência da Índia. Um
dos mais importantes instrumentos utilizados por ele foi a desobediência civil
na qual o povo indiano desarmado (pelos antecessores do Viva Rio?) enfrentava a
tirania dos poderosos, escudados em canhões, navios de guerra, metralhadoras,
enfim toda a parafernália bélica da qual o império britânico era detentor.
Analisando a conjuntura brasileira, identificamos o Poder
Executivo, utilizando a mídia amestrada, docemente corrompida, com “musos e
musas” cooptados, com o poder de censurar e vetar até qualquer referência a
quem desagrade aos “detentores do poder político”, seus patrões, fazendo o que
querem. E ainda possuem a desfaçatez de pregar, contra a censura, em favor da
liberdade de expressão, quando são os primeiros a exercer seu arbítrio,
censurando os que pensam diferentemente. O Poder Legislativo, submisso, mendigando
cargos e verbas, com honrosas exceções.
Até o Poder Judiciário (STF), considerado antigamente como
última esperança, dobrou-se, decidindo, tempos atrás, por 10 votos a 1,
rasgando a Constituição e abrindo o caminho para a “balcanização” do Brasil. A
administração petista, grande e verdadeira responsável pela grave crise
sistêmica enfrentada pela Nação, possui poderes ditatoriais. Fazem aquilo que
querem, sem oposição significativa.
A propósito da intenção da administração petista de subtrair
direitos dos trabalhadores, aposentados e pensionistas, quando a carga
tributária chega a 36% do Produto Interno Bruto (PIB), sem a contrapartida
adequada, sob a forma de prestação de serviços de atendimento às necessidades
coletivas (saúde, educação, segurança, energia, transportes, comunicações e
outras), fica a idéia de que a única solução é a desobediência civil. Nem os
aposentados conseguem o reajuste de seus parcos rendimentos em condições
proporcionais às contribuições impostas por décadas. A desculpa sempre é
justamente a inexistência de recursos.
A falta de escrúpulos na maior parte das administrações em
seus três níveis (União, Estados e Municípios), bem como nos três Poderes, é
constatada a cada dia, explicitada por incidentes quase diários. Já existem
catalogados mais de cem escândalos de porte apenas na atual administração
petista federal. De fato, estão roubando muito. É praticamente impossível
encontrar um político que apresente uma declaração de bens na entrada na
“carreira” política com um patrimônio superior ao verificado na saída. As poucas
exceções confirmam a regra.
Comprova-se a deterioração progressiva de praticamente todas
as Instituições Nacionais e de sadias tradições. Até a destruição da coesão
social está sendo implementada, com a importação de práticas exóticas
praticadas em outros países, com condições inteiramente diferenciadas das
nossas, inclusive algumas delas já abandonadas. Chegam a criar “quistos
territoriais”, baseados em critérios altamente suspeitos. Predomina a anarquia
e a desordem em todo o território nacional, em especial no campo. O critério do
mérito é substituído pela indicação política. A ignorância é glorificada e a
educação ridicularizada.
Estamos constatando a existência de graduados em nível
superior, possivelmente aprovados obrigatoriamente, sem a menor condição de
exercer a profissão desejada. Serão os “analfabetos funcionais”, agora com o
título de doutor. Como pensar em reverter a grave crise econômica que assola o
mundo e nosso país, sem contar com o indispensável capital humano de qualidade?
Fica a sugestão para os partidos ditos de oposição e para as
centrais sindicais que, ao invés de defenderem os verdadeiros interesses dos
trabalhadores, entram em conchavos vergonhosos com a administração petista.
Lutem, enquanto é tempo, por bandeiras justas, em benefício do povo. Se não
lutarem, estarão jogando-o no caminho da desobediência civil, como a praticada
atualmente por milhões de pessoas, que não pagam conta de luz, pois possuem
“gatos” (ligações clandestinas).
A autoridade governamental que quiser verificar é só
conferir, por exemplo, no Rio de Janeiro, comparando a escuridão nos bairros de
classe média, em comparação com outros logradouros, fartamente iluminados,
inclusive com o uso de aparelhos de ar condicionado. Ou então observar os
milhares de ambulantes que vendem de tudo, sem pagar qualquer tributo,
impedindo o livre trânsito das pessoas, em frente dos comerciantes legalmente
estabelecidos, em qualquer cidade grande. Ou nas centenas de “vans” que
praticam irregularmente o transporte coletivo, estacionando em local proibido,
engarrafando o já caótico trânsito das grandes cidades. Ou na ação dos
narcotraficantes ou milicianos que exercem de fato o controle de vastas
regiões, criando verdadeiras “áreas liberadas”, ocupando o espaço vazio deixado
pelo Poder Público.
É hora de um basta a esta anomia! Lembramos que a teoria da
anomia de Merton explica porque os membros das classes menos favorecidas
cometem a maioria das infrações penais, explica os crimes de motivação política
(terrorismos, saques, ocupações) que decorrem de uma conduta de rebeliões e
explica comportamentos como os do alcoolismo e toxicodependência.
Fonte: Brasil Acima de Tudo
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Marcos Coimbra é Economista, Professor, Acadêmico Titular da
Academia Brasileira de Defesa e Autor do livro Brasil Soberano.
Correio eletrônico : mcoimbra@antares.com.br
Sítio : www.brasilsoberano.com.br
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