Reportagem de Júnia Gama, Fernanda Krakovics e Maria Lima, O
Globo de quinta-feira 18, focaliza com destaque as principais alterações nas
estratégias dos três candidatos para a etapa final do primeiro turno, na
realidade decisivo para a classificação dos dois primeiros às urnas de 26 de
outubro. As três repórteres analisam as propostas em curso nos bastidores
principalmente de Dilma Rousseff e Marina Silva, mas também as colocadas pelo
estafe de Aécio neves.
As mudanças de alvo e de estilo foram colocadas em foco depois
que a pesquisa do Ibope divulgada na noite de terça-feira pelo Jornal Nacional
apontou um recuo de Dilma (de 39 para 36), um leve declínio de Marina (de 31
para 30) e um avanço de Aécio de 15 para 19 pontos. Relativamente à presidente
da República, a estratégia colocada a ela implica em atacar menos a
ex-senadora, sua principal adversária, e adotar o caminho de apresentar ao
eleitorado projetos de conteúdo positivo.
Pelo contrário, a tática de Marina Silva é não deixar
acusações sem respostas, forma de neutralizar os ataques, e reforçar as
críticas ao atual governo. Para Aécio neves, o comportamento básico será aquele
que aliás vem adotando: criticar tanto
Dilma quanto Marina.
DILMA AGORA É O ALVO
O que ocorre é que, a meu ver, Dilma torna-se o melhor alvo
das restrições, pois é a única candidata que pode ser cobrada pelas ações que
adotou ou deixou de adotar, já que ocupa o poder Executivo. Marina Silva e
Aécio Neves podem receber cobranças por seus posicionamentos políticos, não
pelos resultados de suas administrações. Marina Silva deixou o Ministério do
Meio Ambiente no início do segundo governo Lula, por uma desavença exatamente
com Dilma Rousseff em torno da construção das hidrelétricas de Santo Antônio e
Jirau, ambas em Rondônia. Assim, está fora do poder há mais de seis anos..
Aécio Neves deixou o governo de Minas antes do pleito de 2010, quando foi
eleito senador. O que fez e o que deixou de fazer não são temas atuais nem
nacionais.
Como se vê, as cobranças recaem todas sobre a presidente da
República. Dessa forma, se o poder permite que realizações sejam ressaltadas,
de um lado, de outro abre perspectivas para que omissões se transformem em
objetos de realce negativo. Elas por elas. Os dois fatores se compensam no
debate eleitoral. Faltam poucos dias para o primeiro turno, marcado para o
próximo dia 5. Apesar do avanço de Aécio, quando escrevo este artigo, antes da
divulgação de mais uma pesquisa do Datafolha, a distância que o separa de Dilma
(17 pontos) e de Marina (11% das intenções de voto) é acentuada e somente um
fato inesperado poderá leva-lo a obter a colocação que o conduza ao segundo
turno. Este, mais provavelmente, vai reunir face a face, com tempo igual no
horário político, Dilma Rousseff e Marina Silva. Qualquer outro desfecho fornecerá
uma sensação de total surpresa.
PARTIDOS MENOS CORRUPTOS
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