sábado, 14 de março de 2015

Crimes nunca apurados

Por Márcio Accioly

É possível que ninguém jamais tenha mentido tanto numa CPI como José Sérgio Gabrielli (PT-BA) na que investiga a roubalheira sem fim na Petrobras. Ex-presidente daquela empresa, até as pedras das ruas sabem que Gabrielli era um dos chefões da gatunagem, abastecendo campanhas eleitorais como a do ex-governador da Bahia Jacques Wagner (PT). O que impressiona mais ainda, neste país de calhordas, é o fato de Wagner ser atualmente ministro da Defesa. Minha nossa!

O acordo na cúpula petista baiana tinha o ex-presidente da petrolífera como candidato à sucessão governamental de Wagner. Tanto que, depois de sair da empresa, Gabrielli assumiu Secretaria do governo baiano (Planejamento), onde ficou aguardando a hora de desincompatibilizar e mergulhar na campanha. Para se tornar conhecido, comentava programa político de rádio todas as quintas-feiras, onde falava de tudo: desde a formação de ninho de passarinho à construção de arranha-céu e bomba atômica.

Como o povo na maioria vive a se idiotizar, e sempre quer ter no que acreditar, o que Gabrielli dizia passava a figurar como verdade insofismável, em especial para os beneficiados por bolsas pagas com extorsivos impostos, maneira dissimulada de compra de votos. Tudo ia muito bem, até que apareceram as primeiras denúncias da Operação Lava Jato, fulminando a sua candidatura. O operador da roubalheira petista, que respondia a todas as determinações do chefão, Lula da Silva, o Lularápio, soçobrou.

A Petrobras é um “segredo”, entre aspas, que já fez fortuna de muita gente. Basta lembrar “o japonesinho do Geisel”, Shigeaki Ueki, ministro das Minas e Energia (1974-79) e presidente da Petrobras (1979-84). Ele vive hoje no Texas e é considerado uma das maiores fortunas do mundo. Não possuía tanta riqueza, antes de ser cooptado pelo Regime Militar (1964-85).

Um dos maiores mistérios com relação à Petrobras é o fato de o ex-presidente FHC não admitir que haja investigação englobando seu período de governo (1995-2003). Todas as vezes que se fala nisso é um verdadeiro deus nos acuda. Na gestão FHC, o presidente da Petrobras, até 1999, foi Joel Rennó. Ele vinha da gestão Itamar Franco, iniciada em 92. Certo dia, o jornalista Paulo Francis, morto em 97, afirmou num programa de televisão (Manhattan Connection), que havia corrupção na Petrobras.

O programa era transmitido por canal pago (Globo News) e teve ampla repercussão no Brasil, pois Francis afirmou que diretores da empresa tinham contas milionárias na Suíça. Sete diretores da Petrobras, liderados por Joel Rennó, moveram processo em Nova York (deveria ter sido movido aqui no Brasil), e cobraram uma indenização de 100 milhões de dólares. Pouco tempo depois, angustiado, Paulo Francis morreu. Nem o presidente FHC, segundo confessou, conseguiu demover Rennó do propósito de processar Francis.

Pois não seria esta a hora de se empreender investigação profunda e colocar tudo em pratos limpos? Mas FHC, ou o chamado “líder oposicionista”, Aécio Neves (PSDB-MG), não quer saber de encrenca com o PT. Os dois afirmam não ser bom falar em impeachment, que não adianta tirar Dilma e que é preciso ter muito cuidado, embora não se saiba com quê.

O certo é que a Petrobras é sangrada há anos e o desenlace se dá agora na gestão petista, pois o PT aparelhou toda a máquina estatal com bandoleiros inconsequentes! A coisa vai assumir proporção nunca vista, pois a situação climática mundial está promovendo quebra na produção mundial de alimentos. Aos que se apossaram da máquina do Estado, e dominam todos os seus departamentos, resta o consolo de dispor de grande volume de notas fresquinhas para comerem quando a fome apertar.


Fonte: Alerta Total


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Márcio Accioly é Jornalista.

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