quarta-feira, 9 de abril de 2014

Deputada denuncia Gilberto Carvalho como arrecadador de propina: " você era conhecido como o homem do carro preto". Petista teria extorquido pai da deputada.

 
A deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) afirmou nesta quarta-feira (9), durante audiência pública na Comissão de Segurança da Câmara, que o atual ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, recolhia dinheiro de propina em Santo André durante o governo do ex-prefeito da cidade Celso Daniel, assassinado em 2002.

Carvalho estava presente à audiência, para a qual foi convocado pelos deputados da comissão. Mara Gabrilli disse que o próprio pai teria sido extorquido e que Carvalho era conhecido como o "homem do carro preto". "O senhor sempre foi conhecido como o homem do carro preto, e eu não falo isso porque eu li, eu falo isso porque eu vi. O homem do carro preto era o homem que pegava os recursos extorquidos de empresários e levava para o [ex-presidente do PT] José Dirceu", disse a deputada.

Gilberto Carvalho rechaçou de imediato as acusações e negou envolvimento em um suposto esquema. "A senhora nunca me viu num carro preto, a senhora nunca presenciou nada, eu não a conhecia. Eu conheci a sua irmã, Rosângela, que foi falar na prefeitura, depois da  morte do Celso. A senhora não pode afirmar isso", contestou Carvalho.

O ministro foi convocado pela Comissão de Segurança para falar sobre acusações do ex-secretário-nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior. No livro "Assassinato de  Reputações", lançado recentemente, ele diz que Carvalho chegou a confessar a ele, Tuma Júnior, que era responsável por recolher propina de um esquema de corrupção em Santo André a fim de abastecer campanhas eleitorais do PT.

O assassinato de Celso Daniel em 2002 levou o Ministério Público de São Paulo a concluir que a morte foi encomendada após descoberta do suposto esquema de corrupção. A Polícia de São Paulo, no entanto, concluiu que houve um crime comum.

Na audiência da Câmara, Mara Gabrilli cobrou explicações do ministro sobre o caso. "O senhor é um ministro de estado e o senhor não fala disso? Isso não incomoda o senhor, que era braço direito desse prefeito?", questionou a deputada. A deputada também perguntou por que Carvalho não pediu ao Supremo Tribunal Federal que acelerasse o processo que investiga Sérgio Sombra, suposto coordenador do esquema. "A senhora conhece uma coisa chamada independência entre os poderes?", questionou Gilberto Carvalho.

O ministro afirmou que a morte de Celso Daniel faz doer "muito a alma". Disse também que que, à época do assassinato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a Brasília para conversar com o então presidente Fernando Henrique Cardoso, para solicitar a entrada da Polícia Federal no caso. Relatou também ter procurado o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para pedir uma investigação isenta.

Dossiês

Durante a audiência, Carvalho também negou que tivesse participado da elaboração de dossiês, durante o governo Lula, para atingir adversários políticos. Em seu livro, Tuma Júnior relata que materiais com falsas acusações eram produzidos pelo Ministério da Justiça e Polícia Federal, com aval do Planalto, para desmoralizar quem desagradasse ao governo. Um dos alvos teria sido o atual governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).

"Quero que ele prove se eu tive alguma conversa com ele falando alguma coisa de dossiê. Vai ter que provar. Porque não é assim, não posso chegar e dizer que tal pessoa pediu isso se ela não pediu. Não pedi nunca ao senhor Tuma e a ninguém que fosse produzido dossiê, até porque não considero isso uma forma adequada de luta política", afirmou o ministro.

Ele afirmou que não leu o livro de Tuma Júnior, mas voltou a dizer que irá processar o ex-secretário. "A meu juízo, ele combina fatos reais com uma série de inverdades, para dar validade a essas inverdades. Mas o que eu quero dizer é que eu nego peremptoriamente, e vamos nos encontrar no momento adequado, que eu julgar adequado, na Justiça", declarou. Ele disse que ainda não moveu uma ação judicial por considerar que não chegou o momento adequado. (G1)

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