Apesar de questão de ordem apresentada pelo PT, o processo
contra o deputado André Vargas (PT-PR) foi instaurado nesta quarta-feira no
Conselho de Ética da Câmara. O presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar
(PSD-SP), negou o pedido feito pelo PT para não instaurar o processo contra o
petista. O presidente afirmou que o Conselho de Ética é órgão independente, não
se submetendo a outros órgãos.
O deputado Zé Geraldo anunciou que o PT recorrerá à
Presidência da Câmara contra a decisão de Izar. Em seguida, o presidente do
Conselho leu o ato de instauração do processo contra Vargas, que está
licenciado do cargo. Zé Geraldo (PT-PA) apresentou uma questão de ordem
alegando que, como há uma sindicância sobre o mesmo tema em andamento na Corregedoria
da Casa, é preciso aguardar essa instância para depois levar adiante o processo
no Conselho.
- Vamos pedir para segurar o trâmite, já que existe uma
sindicância na Corregedoria. Aqui nesta Casa não pode ter dois pesos e duas
medidas. Aqui é uma Casa de leis e o regimento deve ser cumprido. Houve outros
casos em que primeiro tramitou na Corregedoria, para depois vir para o
conselho. O caso Lereia, por exemplo. Espero ser compreendido - disse o
deputado Zé Geraldo, antes da abertura do processo. Indagado sobre a manobra
ser considerada uma tentativa de adiar as investigações para não respingar no
PT, Zé Geraldo afirmou: - O PT está sob artilharia pior do que a Ucrânia.
Segundo aliados de Vargas, a ideia é mostrar que é preciso
agir com prudência para a produção de provas, ainda que leve mais tempo. Está
sendo feito um paralelo com o caso do tucano Carlos Alberto Lereia (GO), que
confessou ser amigo do bicheiro Carlos Cachoeira. Primeiro a corregedoria
investigou, depois a Mesa decidiu mandar para o Conselho de Ética. No conselho,
o relatório pela cassação foi derrotado e aprovaram suspensão do mandato por 90
dias. E até agora, mesmo pronto desde o ano passado para ser levado ao plenário
da Casa, não foi votado.
Os deputados que representam o PT no Conselho de Ética são:
Fernando Ferro (PE), Sibá Machado (AC), Zé Geraldo (PA) como titulares, e
Amauri Teixeira (BA), Luis Couto (PB e Margarida Salomão (MG) como suplentes.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) afirma que esse tipo de
atitude do PT configuraria uma manobra para protelar a investigação. - É
manobra para tergiversar e para beneficiar o possível infrator, totalmente
aética. As matérias não são concorrentes, são caminhos diferentes e uma não
sobresta a outra. Seria um esbulho ao direito dos partidos de representar no
conselho de ética ou na corregedoria. Já tivemos caso semelhante, do deputado
João Carlos Bacelar, que tramitou na Corregedoria e no Conselho de Ética -
afirmou Alencar.
Mais cedo, em resposta dada por mensagem ao GLOBO, que
indagava se ele renunciaria ao mandato de deputado federal ou, pelo menos, ao
cargo de vice-presidente da Câmara, André Vargas afirmou: - Não vou renunciar a
nada. (O Globo)
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