Aécio e Serra juntos, na campanha de 2010.
Em 2014, a
possibilidade da chapa puro-sangue
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Já dá para saber, afinal, se José Serra vai mesmo ser o vice
na chapa presidencial liderada pelo senador Aécio Neves, ambos do PSDB? Ainda não dá para saber nada. Qualquer que
seja o palpite nesse caso, a chance de errar é rigorosamente igual à de
acertar. Pode ser e pode não ser. Sim, eu acho que o partido sairia ganhando
com isso, já escrevi aqui, porque Serra tem densidade eleitoral e é um nome
nacionalmente respeitado e conhecido. O partido demonstraria uma união inédita,
depois de sua última vitória presidencial, em 1998, e se faria uma chapa sem
dúvida forte. Há mais: as circunstâncias podem jogar a favor: o ex-governador
foi derrotado em 2012 por Fernando Haddad na disputa pela Prefeitura de São
Paulo. A legião de leitores arrependidos, intuo, é imensa. O nome de Serra
também transita com facilidade hoje no DEM, no Solidariedade e em setores do
PMDB que vão apoiar Aécio.
Mas não é uma solução nem fácil nem simples. FHC se
pronunciou a respeito — ou não se pronunciou — em entrevista à GloboNews e
disse o óbvio: para que aconteça, é preciso que tanto Aécio como Serra queiram.
Eles querem? Ainda não está claro. Há tucanos, democratas e membros do
Solidariedade entusiasmados com a ideia.
Toda solução tem sempre prós e contras — e não seria
diferente desta vez. A meu juízo, o lado favorável da balança pesa muito mais,
mas é preciso que o PSDB faça uma escolha anterior ao nome: e ela atende pelo
nome de “unidade”. Uma vez conquistada, a solução se torna natural se houver os
tais “quereres”. Uma terceira alternativa, esta sim, só tem “contras”: o
excesso de demora na escolha, o robustecimento da “hipótese Serra”, a
manifestação de algum eventual bolsão de resistência e a desistência. Aí se
acabará colhendo um resultado algo ruim do que, hoje, tem enorme potencial
positivo.
Na quinta-feira, Aécio e Serra conversaram em São Paulo.
Fizeram um balanço da disputa nos Estados, falaram sobre os aliados nesta
empreitada de 2014, mas consta que ninguém se estendeu a respeito do assunto —
ou por outra: não expressaram com clareza os seus respectivos quereres.
No dia 14 de junho, há a convenção do PSDB. É claro que, até
lá, o vice tem de estar definido. O ideal é que essa escolha seja feita bem
antes. Reitero aqui uma observação que já fiz: a oposição vive,
inequivocamente, um bom momento — e a mais recente pesquisa Datafolha deixa
isso claro. Se o segundo turno fosse
hoje, Dilma venceria por 47% a 36%. Não é preciso ser bidu para concluir que 11
pontos, a esta altura do campeonato, dado o contexto, não dão ao PT a certeza
da vitória — muito pelo contrário. Quando se considera o potencial de
crescimento das oposições, o futuro sorri para os petistas muito menos do que
eles poderiam imaginar há um ano.
Dilma não precisou se preocupar com o “vice”; vai de Michel
Temer mesmo, ainda que este não leve consigo todo o PMDB, como é sabido.
Eduardo Campos, do PSB, ao se juntar com Marina Silva, não deixou de marcar um
tento politicamente positivo, independentemente do que se possa achar do
pensamento da líder do ainda inexistente Rede. Que os tucanos tomem cuidado
para que a sua escolha do vice também seja uma operação virtuosa.
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