Em artigo intitulado "O público e o privado",
publicado hoje na Folha de São Paulo, o presidenciável Aécio Neves (PSDB) ataca
a má e desonesta gestão do PT nas estatais. Leia abaixo.
"O que o PT tem contra as estatais?
Depois de anos de discursos condenando as privatizações e se
apresentando como defensor das empresas públicas, chega a ser cruel ver como a
retórica se transformou em exercício prático de poder. Os estragos provocados
pela interferência do governo são de tal ordem que não permitem outra
conclusão: o governo mais estatizante pós ditadura militar é o que mais
maltrata as empresas estatais.
Os bordões repetitivos do partido, usados à exaustão como
arma eleitoral, nos quais difunde-se um país dividido entre nacionalistas e
entreguistas, já não surtem mais efeito diante do quadro de destruição
perpetrado na administração pública. A mão pesada do Estado está levando as
estatais federais às cordas. A Eletrobras perdeu grande parte do seu valor. As
ações da Petrobras desabaram.
O que está em risco é o patrimônio do povo brasileiro. É a
riqueza pública que se esvai na incompetência e na ingerência política sem
limites. Antes, assistíamos orgulhosos às conquistas da Petrobras, uma empresa
respeitada globalmente. Hoje, o que se vê é a dilapidação da credibilidade
conquistada em 61 anos de história.
Os exemplos da intromissão excessiva do governo nas
instituições públicas transbordam por todos os lados. Servidores estão
quebrando o silêncio. No IBGE, os funcionários reagiram e o governo recuou da
decisão autoritária de não divulgar a Pnad Contínua. O Ipea e a Embrapa não
ficaram imunes à intervenção política.
Neste fim de semana, voltaram a surgir graves evidências de
que o indiscriminado e ostensivo aparelhamento chegou também aos fundos de
pensão, que apresentaram prejuízo recorde em 2013.
Diante de tantas e novas denúncias, a caixa preta das
operações conduzidas pelas direções desses fundos, nos últimos anos, precisa
ser aberta, para que sejam esclarecidas suspeições diversas de operações no
mercado financeiro, maquiagens contábeis e prejuízos astronômicos.
O certo é que o petismo leva para dentro das estatais o que
há de mais atrasado em gestão, confundindo o interesse do Estado com o
interesse das pessoas no poder. Quando as coisas dão errado, a saída é a de
sempre --ninguém sabe nada e tenta-se transformar fatos graves e sucessivos em
ações isoladas e episódicas.
Os brasileiros não se enganam mais, como bem mostram as
pesquisas de opinião que apontam para um profundo desejo de mudança. O país
exige não só competência gerencial, mas também transparência e ética na
condução dos negócios públicos. O recado é claro, no que se refere às estatais:
precisamos devolver as empresas públicas ao seu verdadeiro dono --o povo brasileiro."
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