Na VEJA.com:
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou
documento nesta quarta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) no qual afirma
que há indicativos claros de tratamento diferenciado concedido aos mensaleiros
que cumprem pena no Distrito Federal, entre eles, o ex-ministro José Dirceu.
Entre esses indicativos, ele citou o fato de os presos terem recebido visitas
em horários diferenciados no Complexo Penitenciário da Papuda, administrado
pelo governo Agnelo Qureiroz (PT). O procurador ressaltou ainda depoimento no
qual outros presidiários relataram que os condenados do mensalão recebem café
da manhã diferenciado. “Há indicativos bastante claros que demandariam uma
atitude imediata das autoridades”, disse.
Em duas edições, VEJA
revelou uma série de mordomias de Dirceu e Delúbio Soares na Papuda. Dirceu
passa a maior parte do dia no interior de uma biblioteca onde poucos detentos
têm autorização para entrar. Lá, ele gasta o tempo em animadas conversas,
especialmente com seus companheiros do mensalão, e lê em ritmo frenético para
transformar os livros em redações, o que lhe pode garantir dias a menos na
cadeia. O ex-ministro só interrompe as sessões de leitura para receber visitas
– incluindo um podólogo –, muitas delas fora do horário regulamentar e sem
registro oficial algum, e para fazer suas refeições, especialmente preparadas
para ele e os comparsas.
Já o ex-tesoureiro petista detém forte influência no Centro
de Progressão Penitenciária. Os benefícios, considerados irregulares pelo
Ministério Público do Distrito Federal, incluem até refeições especiais, como
feijoada aos finais de semana, o que é proibido para todo o restante da
população carcerária. Outro exemplo da influência de Delúbio dentro do CPP
ocorreu quando o petista teve sua carteira roubada. Ele chamou o chefe de
plantão, que determinou que ninguém deixasse a ala do centro de detenção até
que a carteira, os documentos e os 200 reais em dinheiro fossem encontrados.
Comandada pelo PT, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara
realizou uma diligência até a Papuda com o objetivo de negar a existência de
benefícios aos condenados no julgamento do mensalão e, dessa forma, evitar
sanções aos mensaleiros. A intenção era pressionar pela liberação do trabalho
externo para Dirceu, mas o tiro saiu pela culatra: os deputados encontraram
Dirceu assistindo um jogo de futebol em TV de plasma e conferiram que sua cela
é maior e mais equipada que a dos demais detentos – possui micro-ondas,
chuveiro quente e uma cama melhor.
Dirceu está sendo investigado pela Justiça por ter usado um
celular dentro da cadeia do secretário da Indústria, Comércio e Mineração do
governo da Bahia, James Correia, no dia 6 de janeiro.
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