Por Camila Hochmüller Abadie
Hoje pela manhã fui surpreendida. Fui até a feirinha do Bom
Fim comprar algumas coisas e pude assistir ao desfile de várias escolas, entre
elas do Colégio Militar e do Colégio da Brigada, em homenagem ao 7 de setembro.
Eu não sabia que o desfile aconteceria ali e, pra falar a verdade, nem havia me
dado conta da data. Minha cabeça está voltada para o dia 13. Até lá terei
dificuldades em lembrar de qualquer outra data. Mas, voltando ao desfile, pude
ouvir e observar muita coisa interessante.
A primeira delas foi a diferença entre os poucos veteranos
presentes e os estudantes em geral. Claro que a idade, por si, já contribui
para a distinção, mas era nítida uma certa sobriedade (gravidade, melhor
dizendo) na postura dos mais velhos, enquanto a maioria dos estudantes trazia
um olhar e uma postura de quem não sabe ao certo o que está fazendo ali;
outros, por sua vez, personificavam a irreverência, alheios àquilo que deveria
ser rememorado e expressado no desfile. Alguns poucos, porém, pareciam saber a
razão de estarem ali e portaram-se de acordo.
A segunda coisa na qual prestei atenção foi a reação dos
clientes da feira. Esta é uma feira de alimentos orgânicos, comercializados por
produtores locais, e para qual afluem dezenas, centenas de bichos-grilo,
alternativos, esquerdistas, adoradores de guaipecas, e, por fim, vovós e vovôs
que só querem comprar alguma coisa direto da horta. Contrariando os
tradicionais discursos pretensamente pacifistas que jorram das bocas da maioria
desse pessoal, o clima de hostilidade era evidente. Pouquíssimas pessoas
pararam para prestigiar as escolas e suas bandas. A maioria seguiu comprando,
alheia ao evento, reclamando que o desfile tinha "acabado com a feira".
Vi semblantes de escárnio, de desprezo, de superioridade...
O ápice, na minha opinião, foi a apresentação do Colégio
Tiradentes, o único que tinha grito de guerra. Imaginem a cena: dezenas de
rapazes e moças, separados em duas companhias, uniformizados, marchando e
bradando seus respectivos gritos, cada um à sua vez. Não me recordo de todo o
grito, mas creio que guardei na memória o essencial:
"Brasil acima de tudo! Ninguém acima de Deus!"
O silêncio dos espectadores ressoou tristemente a frieza e a
indiferença na qual o povo brasileiro vive os nossos dias. Eles não sabem, mas
já não é ao exército ou à polícia que se tornaram avessos. É a ordem, a
disciplina, o rigor, a honra, a lealdade e outras virtudes semelhantes,
parcamente ali representadas, que eles hoje odeiam. Nosso povo enamorou-se de
morte pelo caos, pela bagunça, pelo improviso, pela baixeza, pela traição...
A hipótese final é notoriamente trágica: hoje, caso
rebentasse uma guerra e dependêssemos dos estudantes, estaríamos perdidos; por
outro lado, se dependêssemos dos clientes da feira, estaríamos mais que
perdidos: estaríamos entregues.
Que nesta véspera de 07 de setembro possamos nos empenhar em
fazer das nossas famílias pequenos e amorosos "quartéis", verdadeiros
núcleos de resistência à vilania onde cada um saiba o seu papel, desempenhe-o
com alegria e sirva aos demais com respeito, fidelidade e amor. Pelo futuro do
Brasil e para a glória de Deus!
Fonte: Mídia Sem Máscara
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Camila Hochmüller Abadie é mãe, esposa e mestre em
filosofia. Edita o blog Encontrando Alegria.
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