Por Carlos Alberto Brilhante Ustra - Cel Ref EB
Realmente, não deveria haver nenhum desaparecido mas, já que
infelizmente isto aconteceu, essa procura e essa dor não deveriam ser exploradas
politicamente, como acontece com frequência em época de eleições ou datas
importantes para as Forças Armadas.
Agora, novamente, está na pauta a Vala do Cemitério de
Perus, volta e meia remexida, por militantes da luta armada.
Ontem, 04/09/14, Ivan Seixas, militante do MRT e da ALN,
alçado à categoria de pesquisador da Comissão da Verdade, entrevistado na Globo
News, reabriu o assunto, relembrando que foi no governo de Erundina PT/SP - 1990, que o assunto veio á tona.
Evidentemente, Ivan Seixas
omitiu o motivo pelo qual esta vala foi criada e nela colocados os
restos mortais de mais de mil indigentes e alguns poucos militantes da luta
armada.
O Cemitério de Perus
foi criado pelo prefeito Paulo Maluf, em 1971, para enterrar os corpos dos
indigentes falecidos. Alguns terroristas, mortos durante a luta armada, foram enterrados neste cemitério. O
sepultamento era feito pelas autoridades estaduais. Não cabia ao Exército esta
missão.
Em 1975, durante a gestão do prefeito Miguel Colasuonno,
(28/08/73 a 16/08/75), talvez para desocupar vagas, foram exumadas mais de mil
ossadas que foram colocadas em sacos plásticos e empilhadas no cemitério.
Em 1976 quando o prefeito era Olavo Egídio Setúbal (17/08/75 a 11/07/79), o
Serviço de Sepultamento da Prefeitura de São Paulo determinou que a Vala de
Perus fosse aberta e nela despejadas as ossadas de 1049 indigentes, inclusive
as de 6 a 8 terroristas.
Quando Mário Covas era prefeito da cidade de São Paulo,
determinou que a abertura da Vala de Perus não fosse comentada. Covas foi
membro do antigo MDB, depois PMDB, fora nomeado pelo governador Franco Montoro,
portanto de oposição aos governos militares e, se não denunciou irregularidades
na colocação das ossadas na Vala é porque elas não existiram. Ao contrário,
endossou a atitude do Serviço de
Sepultamento da Prefeitura.
É impossível que, em 1990, a prefeita Luiza Erundina quando
fez o estardalhaço sobre a Vala de Perus, com grande repercussão na mídia,
acusando os militares de terem ocultado milhares de cadáveres de terroristas,
não soubesse que as ossadas colocadas naquela vala, foram lá despejadas por
ordem da Prefeitura de São Paulo.
Em depoimento, em dia 24/02/2014, à Comissão Nacional da
Verdade, o ex-administrador do Cemitério de Perus, Antonio Pires Eustáquio, que
esteve à frente do posto entre 1976 e 1992, relatou que, segundo funcionários
que trabalharam no local no início dos anos 1970. Os corpos eram enterrados
como indigentes em caixões simples de madeira e em covas rasas separadas.
Alguns vinham com uma letra “T, vermelha. Eu descobri depois que ela se referia
a terrorista. Essa declaração ficava em minha posse e, depois do sepultamento, ela
era usada para efetuar o registro de óbito”.(...) “houve uma preocupação da
administração funerária de São Paulo, na década de 1970, em dar fim aos restos
mortais. A solução encontrada foi abrir uma vala comum na qual foram despejadas
as ossadas de mais de 1500 pessoas.” Sendo entre seis e oito militantes de
esquerda”(...), “após a Anistia Política, ele foi orientado, em uma reunião na
capital paulista, a “não fazer alarde” e nem dar entrevistas sobre a vala
comum. O pedido foi feito por membros da administração funerária em São Paulo
durante a gestão de Mário Covas” - (1983-1985). “Na reunião, os meus superiores
do serviço funerário lembraram que havia tido a anistia e que apareceriam
muitos curiosos procurando por pessoas desaparecidas. E pediram que eu não
mostrasse o livro (de óbitos). Era para ele (Mário Covas) estar presente, mas
ele não foi – disse. (...)” O ex-administrador do Cemitério de Perus afirmou
ainda que foi ameaçado de morte após a descoberta da vala e teve de se esconder
no interior do estado de São Paulo, abandonando seus familiares.”
E agora, qual a versão que a Comissão Nacional da Verdade
adotará, a da Erundina ou a do Administrador do Cemitério de Perus?
Fonte: A Verdade Sufocada
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