Por ucho.info
Batata quente – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens
Bueno (PR), afirmou na quarta-feira (3) que a presidente da Petrobras, Maria
das Graças Foster, devolveu ao Palácio do Planalto a responsabilidade pela
compra desastrada da refinaria de Pasadena, no Texas. O parlamentar se referiu
ao fato de que, em depoimento nas comissões de Fiscalização Financeira e de
Minas e Energia da Casa, Foster declarou que era responsabilidade do Conselho
de Administração da estatal, na época presidido por Dilma Rousseff (PT),
demitir diretores como Nestor Cerveró.
Após a revelação do escândalo de Pasadena, Dilma vem
repetindo que só aprovou a compra com base em resumo executivo falho e
juridicamente incompleto elaborado por Cerveró. Na última terça-feira (29), a
presidente Dilma disse que a Petrobras não pode pagar pelo erro de um único
funcionário.
“Na verdade, Graça Foster jogou a bomba no colo da
presidente Dilma. Ao ser indaga por que Cerveró não foi demitido após o negócio
ter se revelado desastroso e ainda acabou sendo transferido para a diretoria da
BR Distribuidora, ela disse, com todas as letras, que a decisão sobre a
demissão cabia ao conselho comandado por Dilma. Agora, a pergunta volta para o
Planalto. Por que a presidente não convenceu o conselho a demitir uma pessoa,
que segundo dados da própria estatal, gerou uma baixa contábil, ou seja, um
prejuízo de US$ 536 milhões para a estatal? São perguntas que queremos ver
respondidas na CPI da Petrobras”, destacou Rubens Bueno, lembrando que só a
refinaria de Pasadena custou mais de US$ 1,9 bilhão ao brasileiros.
Para o líder do PPS, a declaração de Graça Foster sobre a
responsabilidade da demissão de diretores só reforça ainda mais as suspeitas
sobre o negócio. Indagada sobre o papel da empresa na demissão dos diretores, a
presidente da petroleira afirmou: “Quem demite e quem aprova diretores da Petrobras
e da BR Distribuidora é o conselho, que é o mesmo [para as duas empresas]. Cabe
apenas ao conselho. Tem o presidente do conselho e os conselheiros, cabe a esse
presidente do conselho justificar a aprovação ou não de um diretor da nossa
companhia”.
Rubens Bueno afirmou ainda que são tantas as
irregularidades, desvios, superfaturamentos e denúncias de corrupção envolvendo
a Petrobras, que a sociedade cobra respostas claras. “Ninguém mais aguenta esse
jogo de empurra. O Brasil perdeu e é preciso saber com quem ficou tanto
dinheiro”, reforçou, lembrando que espera a instalação da CPI Mista da
Petrobras na próxima terça-feira (6).
Okinawa
Na audiência, Rubens Bueno também questionou Foster sobre a
compra de outra refinaria, a de Okinawa, no Japão. Em 2007, a Petrobras comprou
uma fatia de 87,5% da empresa ao custo de US$ 52 milhões.
Na época, a Petrobras informou que a aquisição viabilizaria
a produção de 100 mil barris por dia, a mesma capacidade de Pasadena, no Texas.
No entanto, por restrições ambientais e técnicas da refinaria e regras de
segurança impostas pelo Japão, a Petrobras, segundo revelou o jornal Valor
Econômico, já sabia que Okinawa não tinha como atingir a meta de 100 mil
barris.
Além dos US$ 52 milhões, a Petrobras ainda investiu em Okinawa
mais US$ 111 milhões na planta. E, devido à famosa cláusula “put option”, a
estatal adquiriu, em 2010, o restante da refinaria por US$ 29 milhões. No
total, foram gastos US$ 192 milhões na operação que, até hoje, não produz os
100 mil barris diários.
“Descontados os gastos com a compra, investimentos e custos
de operação de Okinawa, houve lucro, de 2007 até agora, com a operação?
Quanto?”, questionou o líder do PPS. Graça Foster não deu números e se limitou
a dizer que o negócio “não trouxe até agora baixa contábil”. Ela também admitiu
que a refinaria não está mais entre as prioridades da Petrobras e que a empresa
estuda ofertas pelo negócio.
Empreiteiras
Rubens Bueno indagou ainda quais empresas, em especial
empreiteiras, foram contratadas para fazer ampliações e melhoria nas duas
refinarias. “Houve concorrência, disputa para as contrações?”, questionou o
deputado.
Mais uma vez, a pergunta não foi respondida e, ao insistir
na questão, o deputado provocou alvoroço entre os petistas presentes no
encontro, entre eles o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). “O senhor não havia feito
essa pergunta”, protestou, em coro, um grupo de petistas.
Mais uma vez a presidente da Petrobras não respondeu.
“Sempre que se fala em empreiteira é esse silêncio”, disse Rubens Bueno a um
grupo de deputados no final da reunião.
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