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quinta-feira, 1 de maio de 2014

Presidente da Petrobras jogou a “bomba de Pasadena no colo de Dilma”, afirma líder do PPS


graca_foster_05Batata quente – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR), afirmou na quarta-feira (3) que a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, devolveu ao Palácio do Planalto a responsabilidade pela compra desastrada da refinaria de Pasadena, no Texas. O parlamentar se referiu ao fato de que, em depoimento nas comissões de Fiscalização Financeira e de Minas e Energia da Casa, Foster declarou que era responsabilidade do Conselho de Administração da estatal, na época presidido por Dilma Rousseff (PT), demitir diretores como Nestor Cerveró.

Após a revelação do escândalo de Pasadena, Dilma vem repetindo que só aprovou a compra com base em resumo executivo falho e juridicamente incompleto elaborado por Cerveró. Na última terça-feira (29), a presidente Dilma disse que a Petrobras não pode pagar pelo erro de um único funcionário.

“Na verdade, Graça Foster jogou a bomba no colo da presidente Dilma. Ao ser indaga por que Cerveró não foi demitido após o negócio ter se revelado desastroso e ainda acabou sendo transferido para a diretoria da BR Distribuidora, ela disse, com todas as letras, que a decisão sobre a demissão cabia ao conselho comandado por Dilma. Agora, a pergunta volta para o Planalto. Por que a presidente não convenceu o conselho a demitir uma pessoa, que segundo dados da própria estatal, gerou uma baixa contábil, ou seja, um prejuízo de US$ 536 milhões para a estatal? São perguntas que queremos ver respondidas na CPI da Petrobras”, destacou Rubens Bueno, lembrando que só a refinaria de Pasadena custou mais de US$ 1,9 bilhão ao brasileiros.

Para o líder do PPS, a declaração de Graça Foster sobre a responsabilidade da demissão de diretores só reforça ainda mais as suspeitas sobre o negócio. Indagada sobre o papel da empresa na demissão dos diretores, a presidente da petroleira afirmou: “Quem demite e quem aprova diretores da Petrobras e da BR Distribuidora é o conselho, que é o mesmo [para as duas empresas]. Cabe apenas ao conselho. Tem o presidente do conselho e os conselheiros, cabe a esse presidente do conselho justificar a aprovação ou não de um diretor da nossa companhia”.

Rubens Bueno afirmou ainda que são tantas as irregularidades, desvios, superfaturamentos e denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras, que a sociedade cobra respostas claras. “Ninguém mais aguenta esse jogo de empurra. O Brasil perdeu e é preciso saber com quem ficou tanto dinheiro”, reforçou, lembrando que espera a instalação da CPI Mista da Petrobras na próxima terça-feira (6).

Okinawa

Na audiência, Rubens Bueno também questionou Foster sobre a compra de outra refinaria, a de Okinawa, no Japão. Em 2007, a Petrobras comprou uma fatia de 87,5% da empresa ao custo de US$ 52 milhões.

Na época, a Petrobras informou que a aquisição viabilizaria a produção de 100 mil barris por dia, a mesma capacidade de Pasadena, no Texas. No entanto, por restrições ambientais e técnicas da refinaria e regras de segurança impostas pelo Japão, a Petrobras, segundo revelou o jornal Valor Econômico, já sabia que Okinawa não tinha como atingir a meta de 100 mil barris.

Além dos US$ 52 milhões, a Petrobras ainda investiu em Okinawa mais US$ 111 milhões na planta. E, devido à famosa cláusula “put option”, a estatal adquiriu, em 2010, o restante da refinaria por US$ 29 milhões. No total, foram gastos US$ 192 milhões na operação que, até hoje, não produz os 100 mil barris diários.

“Descontados os gastos com a compra, investimentos e custos de operação de Okinawa, houve lucro, de 2007 até agora, com a operação? Quanto?”, questionou o líder do PPS. Graça Foster não deu números e se limitou a dizer que o negócio “não trouxe até agora baixa contábil”. Ela também admitiu que a refinaria não está mais entre as prioridades da Petrobras e que a empresa estuda ofertas pelo negócio.

Empreiteiras

Rubens Bueno indagou ainda quais empresas, em especial empreiteiras, foram contratadas para fazer ampliações e melhoria nas duas refinarias. “Houve concorrência, disputa para as contrações?”, questionou o deputado.

Mais uma vez, a pergunta não foi respondida e, ao insistir na questão, o deputado provocou alvoroço entre os petistas presentes no encontro, entre eles o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). “O senhor não havia feito essa pergunta”, protestou, em coro, um grupo de petistas.

Mais uma vez a presidente da Petrobras não respondeu. “Sempre que se fala em empreiteira é esse silêncio”, disse Rubens Bueno a um grupo de deputados no final da reunião.

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