Por Reinaldo Azevedo – VEJA
A oposição reagiu ao pronunciamento da presidente Dilma Rousseff
feito nesta quarta-feira em cadeia nacional de rádio e televisão. O grupo
assegurou que questionará a fala no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por
considerar que se trata de campanha eleitoral antecipada. As informações foram
divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo.
O vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), afirmou
que o departamento jurídico do partido “certamente” acionará o TSE. “A primeira
conclusão é que é necessário acabar com o processo de reeleição no Brasil
porque o abuso é desmedido. O que ela fez foi campanha eleitoral antecipada e
com dinheiro público. É um ritmo de discurso eleitoral com discurso mentiroso.
Quando ela aborda a questão da corrupção, ela fala o contrário do que o seu
governo faz: em vez de combater a corrupção, coloca a sujeira embaixo do
tapete.”
O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), também
defendeu a medida. “Vou propor à Executiva do partido que entremos com uma
representação na Procuradoria-Geral Eleitoral (PGE) porque o que ela fez foi um
palanque eleitoral com recurso público. O PT privatizou a fala presidencial. O
horário gratuito é para ser utilizado para pronunciamento de chefe de Estado e
agora está privatizado a favor de um partido. Vamos reestatizar isso. É uma
aberração. Estão apelando porque ela está despencando na popularidade e agora
promete tudo a 60 dias do começo da campanha.”
Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato ao
Planalto, o pronunciamento de Dilma “representa o desespero de um governo
acossado por sucessivas denúncias de corrupção e uma presidente da República
fragilizada pelo boicote da sua própria base, protagonizando um dos mais
patéticos episódios já vistos na política brasileira”.
Para o candidato tucano, Dilma abdicou “uma vez mais, da
necessária compostura que deveria ter ao utilizar um instrumento de Estado,
como a cadeia de rádio e televisão, para fazer campanha política e atacar os
adversários”.
Na visão de Aécio, “Dilma Rousseff fala de um país que não é
o nosso, onde a inflação é obra do acaso e não dos desacertos do seu governo.
Da mesma forma, debita a perda de credibilidade da Petrobras à fiscalização e
cobranças das oposições e não como resultado da ação daqueles que transformaram
a maior empresa brasileira em um balcão de negócios, sob grave suspeição”.
Para ele, o tom do pronunciamento foi “certamente orientado
por seu marqueteiro”. “A presidente tenta, como se fosse possível, encarnar o atual
sentimento de mudança existente no país. Ela ainda não percebeu, mas perceberá,
que a mudança pela qual clamam mais de 70% da população brasileira não inclui a
sua permanência no poder”, afirmou o tucano.
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