Por Thiago Cortês
Em audiência pública na Comissão de Segurança da Câmara, a
deputada federal Mara Gabrilli afirmou que o atual ministro-chefe da Secretaria
Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, “pegava recursos extorquidos de
empresários” em Santo André durante o governo do ex-prefeito da cidade Celso
Daniel, assassinado em 2002.
Gilberto Carvalho |
Mara Gabrilli afirmou categoricamente que o próprio pai
teria sido extorquido e que Carvalho era conhecido como o “homem do carro
preto”.
“O senhor sempre foi conhecido como o homem do carro preto,
e eu não falo isso porque eu li, eu falo isso porque eu vi. O homem do carro
preto era o homem que pegava os recursos extorquidos de empresários e levava
para o José Dirceu”, disse a deputada.
Veja o vídeo com a fala completa de Gabrilli.
Não há nada de novo sobre Carvalho. A novidade é que alguém
da oposição finalmente teve coragem de questioná-lo diretamente, de forma
firme, em uma sessão oficial do Congresso.
Falta aos tucanos um pouco da coragem que se espera de quem
faz oposição a um governo que tem um projeto de poder autoritário. Gabrilli é
um sinal de esperança.
Mas o foco aqui é Gilberto Carvalho. O atual ministro forte
de Dilma foi assessor do prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em
2002. Além do prefeito, várias testemunhas importantes do caso foram
posteriormente assassinadas.
Carvalho era braço-direito de Celso Daniel e, conforme
denunciaram os irmãos do prefeito que hoje se encontram exilados por ameaças de
morte, o PT tinha um grande esquema de corrupção em Santo André, onde enormes
somas eram levadas à cúpula do PT — no caso, para José Dirceu, que era
articulador da campanha presidencial.
De acordo com Bruno Daniel, o irmão de Celso, o próprio
Carvalho teria feito a entrega de R$ 1,2 milhão a José Dirceu, então presidente
do PT. O dinheiro seria usado na campanha de Lula em 2002.
A coragem de uma mulher e a covardia de uma bancada
“O senhor é um ministro de estado e o senhor não fala disso?
Isso não incomoda o senhor, que era braço direito desse prefeito?”, questionou
a deputada Mara Gabrilli.
Os empresários do setor de transportes de Santo André
certamente compartilham do mesmo espanto da parlamentar diante da trajetória
espetacular que levou Carvalho ao Palácio do Planalto, onde trabalha
diretamente para a presidência da República.
É igualmente espantoso que a Bancada Evangélica o aceite
como interlocutor junto ao governo Dilma. Não se trata de julgar um homem pelo
passado – ainda que esse passado esteja ligado a um caso tão sinistro como o
assassinato de Celso Daniel.
No ABC Paulista ninguém confiaria em Gilberto Carvalho nem
para ser o office-boy da firma.
Mas os nossos inteligentes e corajosos representantes no
Congresso adoram se reunir com Carvalho toda vez que surge uma “crise” entre
evangélicos e petistas.
Isso acontece com certa freqüência. Imagino que deve existir
um alarme secreto no gabinete de todo parlamentar evangélico. Quando a sirene
soa todos saem em disparada para ouvir as platitudes de Carvalho, principalmente
os elogios que ele faz a si mesmo e ao seu partido.
E basta que Gilberto Carvalho – o “homem do carro preto” nas
palavras de Mara Gabrilli – repita seu mantra sobre o PT estar super afinado
com os evangélicos para que nossos deputados e senadores saiam das tais
reuniões felizes e saltitantes.
Falamos de um homem que o próprio irmão de Celso Daniel
acusa de ser responsável pelo esquema de corrupção que operava em Santo André
na época em que o prefeito foi assassinado.
Gabrilli não é evangélica, mas demonstrou coragem em
manifestar publicamente suas dúvidas sobre o caráter do ministro. O que dizer
dos evangélicos eleitos para fazer o mesmo?
Por que a Bancada Evangélica aceita este sujeito como
interlocutor?
Fonte: Julio Severo
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