Muitos manifestantes parecem ser sobreviventes que
resistiram meritoriamente, durante quase 15 anos, a uma guerra mental,
tendenciosa e ideológica neo-revolucionária, gestada nos laboratórios do Fórum Social
Mundial de Porto Alegre (FSM) a partir de 2001
1. O que ocorreu nas profundidades do Brasil real no domingo
15 de março de 2015, dia das manifestações anti-governamentais que levaram mais
de um milhão de brasileiros às ruas? As interpretações talvez sejam tantas
quanto o número de analistas que tentaram explicar esses fatos que marcaram a
fundo a vida do gigante sul-americano e tiveram grande repercussão
internacional.
2. Os motivos pelos quais as multidões teriam se lançado às
ruas, segundo o instituto de pesquisa Datafolha, seriam protestar contra a
corrupção (47%), pedir o impeachment da presidente Dilma (27%), manifestar-se
contra o governante Partido dos Trabalhadores (PT, ao qual pertence a
presidente Dilma - 20%) e repudiar a classe política (14%). Há quem chegou a
ver no meio das multidões que tomaram as ruas, germes de uma espécie de
contra-revolução cultural nascente.
3. De qualquer maneira, seja pelo motivo que for, muitos
manifestantes parecem ser sobreviventes que resistiram meritoriamente, durante
quase 15 anos, a uma guerra mental, tendenciosa e ideológica
neo-revolucionária, gestada nos laboratórios do Fórum Social Mundial de Porto
Alegre (FSM), a partir de 2001. Por exemplo, foi nos conchavos do FSM, com a
participação de dezenas de milhares de ativistas do Brasil e América Latina,
que se reciclou as bases do Partido dos Trabalhadores (PT), de sua eficaz
aliada, a “esquerda católica” e de outras correntes de esquerda, para lançar o
projeto de um neo-Lula gradualista, moderado na estratégia mas igualmente
radical nas metas, que passou a esquerdizar o Brasil no plano mais cultural,
mais do que nas estruturas econômicas. Foi por causa dessa nova estratégia
gradualista que um reciclado Lula conseguiu chegar ao poder em 2002, com o
Partido dos Trabalhadores (PT).
4. Os novos conceitos de “transversalidade”, “revolução
intersticial”, “diversidade” e de ideologia de gênero, debatidos no FSM de
Porto Alegre, foram sendo aplicadas no Brasil para revolucionar gradualmente as
mentalidades dos brasileiros até essa ocasião refratários às esquerdas, através
de um gigantesco trabalho de desconstrução mental.
5. Dezenas de artigos publicados na ocasião por repórteres
de Destaque Internacional, presentes no FSM de 2001 e nos seguintes, descrevem
esse processo de reciclagem das bases da esquerda brasileira em função das
novas estratégias de desconstrução mental.
6. Apesar desses planos do FSM postos em prática, houve no
Brasil os que resistiram a esse embate de revolução “cultural”, conseguiram
sobreviver psicologicamente e fizeram aflorar sua inconformidade nas
manifestações de 15 de março pp. Eles são sobreviventes e ao mesmo tempo
órfãos, porque quase não houve lideranças à altura no Brasil para denunciar
esse processo de desconstrução das mentalidades e da sociedade.
7. As manifestações de 15 de março sem sombra de dúvida
fizeram pôr as barbas de molho, não somente ao governo brasileiro e seu
desprestigiado Partido dos Trabalhadores (PT), mas também a outros governos de
esquerda da região que também estão metidos em confusões não pequenas.
Apontamentos de Destaque Internacional. Sábado, 20 de março
de 2015.
Responsável: Javier González. E-mail: destaque2016@gmail.com
para opiniões, pedidos de subscrição, remoção, sugestões, etc.
Tradução: Graça Salgueiro
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