A descoberta, pelos Órgãos de Inteligência, do trabalho de
campo na região do Araguaia, conduzido pela “Comissão Militar” vinculada à
Executiva Nacional do Partido Comunista do Brasil, em abril de 1972, foi obra
do acaso. Até que esse conhecimento tivesse sido adquirido, existiam apenas
indícios sobre ele, ao longo do rio Araguaia, área prenhe de conflitos de
terras e de atuação da Igreja Progressista.
Essa descoberta deveu-se ao jovem Pedro Albuquerque Neto,
detido em Fortaleza, em fevereiro de 1972, pelo Departamento de Polícia Federal
do Ceará, ao buscar obter uma cédula de identidade. Pedro já possuia
antecedentes, por ter sido detido em outubro de 1968, como integrante do grupo
de estudantes que tentou realizar o 30º Congresso da UNE em Ibiúna, São Paulo.
Em suas declarações à Polícia, disse haver sido deslocado
pelo PC do B, em 1971, juntamente com sua companheira, do Ceará para São Paulo,
e daí para a região do município de Marabá, a um lugarejo chamado Cigana, onde
havia um campo de preparação para a guerrilha rural. Nessa área, dirigida por
“Paulo”, havia um grupo de cerca de 15 militantes do Partido em treinamento.
Pedro Albuquerque disse ter permanecido no referido campo,
com sua companheira, por aproximadamente seis meses, abandonando o local, por
iniciativa própria, face à impossibilidade de conciliar a assistência à sua
companheira, grávida, com as obrigações revolucionárias, e face à insistência
dos dirigentes do partido para que a gravidez fosse interrompida por um aborto.
Depois de constatada, pelos Órgãos de Inteligência, a
veracidade das declarações de Pedro Albuquerque Neto, as autoridades
competentes acionaram o comando da 8ª Região Militar, em Belém, Pará,
responsável pela segurança da área.
Assinale-se que, anteriormente, nos início dos anos 70,
haviam sido criados os Destacamentos de Operações e Informações dos Centros de
Operações de Defesa Interna (DOI/CODIs) nas áreas dos comandos de Exércitos e
comandos militares, com a missão específica de agir, conjuntamente com as
outras Forças Singulares, forças auxiliares e órgãos policiais dos Estados, no
combate à subversão que então atingira seu ápice.
Posteriormente, em outubro de 1970, a Presidência da
República emitiu o documento “Planejamento de Segurança Interna“ e, em seguida,
os Ministros Militares, com base nesse documento, baixaram suas diretrizes
específicas, conferindo, assim, ao então Sistema Nacional de Informações, a
base legal para o combate independente, ou em ações conjuntas, à subversão.
Recorde-se que no início dos anos 70 o Brasil possuía uma
população de 70 milhões de pessoas e o efetivo de todos os partidos e
organizações marxistas-leninistas-trotskistas-maoistas-castristas-anarquistas
então em atividade, em todo o território nacional, com seus aliados,
simpatizantes e respectivas bases de apoio, era estimado em cerca de 25 mil,
menos de 0,04% da população.
O Partido Comunista Brasileiro, não por acaso conhecido como
O Partidão, embora abjurando a luta armada, é o que desempenhava uma atividade
mais sutil e deletéria, face ao grande número de seus membros nos meios
intelectuais, jornalísticos e nas cátedras escolares - alguns considerados
acima de qualquer suspeita -, e muitos deles mantidos ingenuamente pela
Revolução de 31 de Março de 1964 em seus cargos federais, estaduais e
municipais, todos “fazendo a cabeça” dos sinceramente desavisados e
desinformados.
Pela avaliação realizada pelos órgãos competentes do governo
no que diz respeito ao trabalho de campo na área do Araguaia, concluiu-se que o
Partido Comunista do Brasil jamais conseguiria o apoio da rarefeita população
da área, constituída, na quase
totalidade, por camponeses oriundos do Norte e Nordeste do país, com
quase nenhum grau de instrução, sem condições intelectuais, portanto, de
absorver a sofisticada ideologia científica.
Nessa avaliação, ficou claro que em abril de 1972 - 6 anos
após a chegada dos primeiros militantes à Área Estratégica - os guerrilheiros
ainda não se sentiam seguros para iniciar o trabalho de cooptação ideológica
dos moradores locais. Buscavam, isto sim, os paulistas - como eram conhecidos
os guerrilheiros -, obter o reconhecimento da sofrida população através de
precários atendimentos médicos e farmacêuticos e fornecimento de medicamentos.
Registre-se que naquele momento - abril de 1972 - a
guerrilha urbana já estava em fase terminal.
Embora o governo Médici fosse notoriamente popular, forte e
coeso, isso não incomodava o Sr. João Amazonas e seus companheiros de direção
do PC do B que o julgavam, em suas análises, cada vez mais instável e
desprovido de base social. O projeto do partido deveria, portanto, ir avante.
Afinal, a partir da constituição do partido, em 1962, já se haviam ido cerca de
10 anos de investimentos. E, como justificar o recuo perante os camaradas da
China e da Albânia? E, também, eram menos de 100 jovens... Um número
insignificante para o partido representante da classe operária.
Sem apoio de Inteligência e da população, sem apoio externo,
sem comunicações, sem apoio político, financeiro e militar, e com armamento
deficiente, não houve Guerra Revolucionária alguma. No chamadotrabalho de
campo, no estágio em que foi encontrado, os guerrilheiros ainda não dispunham
e, daí em diante, nunca chegaram a dispor da situação considerada ideal para a
guerrilha.
A Guerra Revolucionária limitou-se a manobras evasivas dos
rebeldes, objetivando desgastar os contra-rebeldes, e à permanente fuga através
da selva. Nesse sentido, os guerrilheiros levavam a vantagem do perfeito
conhecimento da região. É evidente que os contra-rebeldes só iriam conseguir
esse conhecimento após algum tempo.
Para os que não conhecem a Selva Amazônica, a penetração
acarreta um alto grau de insegurança, pois a região é inóspita e a mata virgem
só mantém a claridade do dia no período das 9 às 15 horas. Nessas condições, os
contra-rebeldes, para penetração na selva em trabalhos de busca, necessitavam
da colaboração de mateiros nativos da região.
A “Comissão Militar” que dirigia a guerrilha composta,
evidentemente, pelo que o partido julgava
ser o que de melhor havia em matéria de luta armada, não soube fazer uma
avaliação de seus fatores de força e de fraqueza, permanecendo em uma área já
descoberta e em certo momento determinando o agrupamento dos três Destacamentos
sob seu comando, aceitando, portanto, o inevitável confronto, sacrificando os
melhores quadros do partido e um grupo de jovens inexperientes, levando-os à
morte.
Por outro lado, a Executiva Nacional do PC do B e a“Comissão
Militar”, ao que parece, analisaram de forma distorcida a operação levada a
efeito, por etapas, pelas Forças Armadas, julgando que o retraimento em cada
uma dessas etapas constituía uma vitória da guerrilha, e que, assim, teriam
condições de manter-se no local indefinidamente, por falta de competência da
tropa contra-rebelde. Não souberam avaliar que nos períodos de tempo em que
contingentes das Forças Armadas não se mantinham na área era dedicado a
trabalhos de Inteligência, levantando dados sobre os guerrilheiros, os
moradores, sobre a tendência ideológica de cada morador, e reconhecendo a
região.
Na verdade, seriam o Sr João Amazonas, dirigente máximo do
PC do B já falecido, e a Srª Elza de Lima Monerat - integrante do Comitê
Central, cuja tarefa era conduzir os jovens, de São Paulo para o Brasil Central
-, quem deveriam ter sido responsabilizados pelos familiares dos jovens mortos
na louca empreitada por eles imaginada, abandonados à própria sorte, sem
condições mínimas de sobrevivência e de luta. Ambos chegaram à área no início de
1968, mas se retiraram, desertando e voltando para São Paulo em abril de 1972,
tão logo os confrontos tiveram início.
O único apoio recebido por esses jovens foi o moral,
transmitido através dos programas em português, dirigidos ao Brasil, pela Rádio
Tirana, da Albânia. Esse apoio, no entanto, não custava dinheiro e não envolvia
riscos para os dirigentes partidários.
Na composição do contingente levado para o Araguaia
predominou o número de militantes oriundos da classe média, embora pelos
ensinamentos da doutrina científicao proletariado é que seria o coveiro do
capitalismo: 44% eram estudantes universitários, 8% secundaristas, 16%
profissionais liberais (professores, médicos, advogados) e 12% comerciários,
bancários e outros. Isso significa que mais de 70% dos militantes engajados na
guerrilha eram procedentes das chamadas camadas médias. Os operários, força
motriz da revolução, eram cerca de 6% apenas.
Isso tem um significado: o fraquíssimo enraizamento do PC do
B, definido pelos documentos partidários como opartido da classe operária, na
dita classe operária, considerada a categoria social básica para o êxito da
luta revolucionária. Isso viria a ser reconhecido pelo ex-guerrilheiro José
Genoino Neto, em uma avaliação tornada pública em 1979.
Desde o seu 8º Congresso, em 1992, o PC do B foi
transformado em um partido light, após renegar a figura de Stalin que havia
sido considerado em 1962, quando o PC do B foi fundado, o “quarto clássico do
marxismo-leninismo”.
Após o desmantelamento do socialismo real e da morte do
ditador Henver Hodja, guia genial do povo albanês, a Albânia, considerada pelo
PC do B como o farol do socialismo, foi também renegada pelo 8º Congresso.
João Amazonas, dirigente supremo do Partido Comunista do
Brasil desde 1962 até seu falecimentoi, ou seja, desde que o partido passou a
existir, ao prestar um depoimento, em 16 de maio de 1996, sobre a Guerrilha do
Araguaia, na Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, faltou
descaradamente com a verdade, distorcendo os fatos, no afã de justificar o
injustificável: a morte dos jovens militantes levados pelo partido para a Selva
Amazônica, a fim de desencadearem a luta “em favor dos oprimidos”. Além de
traçar um retrato baluartista da guerrilha e atacar os militares “que atuaram
como bárbaros, violando a Convenção de Genebra”, o kamarada Amazonas tentou
fazer crer que a guerrilha era “uma resposta do povo” ao Ato Institucional nº
5, de 13 de dezembro de 1968 e às atividades dos DOI/CODI (constituídos somente
no início dos anos 70). Disse também que “o movimento contou com amplo apoio da
população” e que, “para nós, o Araguaia foi uma grande experiência”.
Deve ser consignado que João Amazonas em seu depoimento na
Comissão de Direitos Humanos, após uma breve exposição, respondeu “perguntas”
formuladas pelos seguintes deputados: Inácio Arruda, Socorro Gomes, Haroldo
Lima, Aldo Arantes, Jandira Feghali, Aldo Rebelo, Sérgio Miranda e Lindberg
Farias, todos membros do partido por ele dirigido, o PC do B!
Ao afirmar que os militares “atuaram como bárbaros”,João
Amazonas esqueceu-se de mencionar ter sido dele a iniciativa da constituição da
Área Estratégica nas selvas do Brasil Central, com jovens recrutados nas
cidades, futuros membros do Exército Popular de Libertação que imporia ao
Brasil uma República Democrática Popular, ou seja, ao pé da letra, nada mais
que um pleonasmo: um governo do povo popular...
Esqueceu-se de dizer que as primeiras vítimas na guerrilha
foram militares do Exército, muito antes que algum guerrilheiro fosse morto ou
desaparecesse.
Esqueceu-se de mencionar, também, que a guerrilha possuía
leis próprias, como um Tribunal Revolucionáriocriado pela “Comissão Militar” e
que essa “Comissão”,sem qualquer
julgamento, com base nessas leis próprias (eludindo a citada Convenção
de Genebra), onde uns poucos podiam tudo, “justiçou” pelo menos dois integrantes
da própria guerrilha que ousaram pensar com a própria cabeça e decidiram
abandonar a louca empreitada. Os companheiros “justiçados” foram os
guerrilheiros “Mundico” e “Paulo”. Este,
segundo uma publicação do próprio PC do B e “Mundico” apontado como tendo
cometido o suicídio.
Esqueceu-se de recordar que pelo menos três habitantes da
região, por suspeita de colaboração com as forças da ordem, considerados,
portanto, segundo a cartilha do PC do B, “inimigos do povo”, foram também
“justiçados”.
Cabe indagar que parcela do povo conferiu aos ungidos
dirigentes do PC do B, ideológica e militarmente formados, primeiro na União
Soviética e depois na China, o direito de julgar e assassinar, a título de
“justiçamento”, os “inimigos do povo”? Quais os critérios utilizados para
definir quem eram os amigos ou inimigos do povo?
É interessante assinalar que os “justiçamentos”, bem como as
demais mortes na guerrilha, são abençoados por Frei Betto, que em um livro de
sua autoria, “Nos Bastidores do Socialismo”, página 404, escreveu: “Quero
deixar claro que admito a pena de morte em uma exceção: no decorrer da guerra
de guerrilhas”.
Toda uma série de crimes, ademais, foi cometida pelos que se
aventuraram na violência armada, na cidade e no campo. Livros recentemente
escritos por militantes ou ex-militantes de partidos de esquerda e organizações
terroristas, revelam esses crimes.
Deve ser reconhecido que na guerra suja contra a subversão
armada as Forças Armadas não deixaram de agir com rigor, no cenário escolhido e
com as armas propostas pelos inimigos da Pátria, retaliando com violência a
violência revolucionária por eles iniciada. Sem dúvida, uma decisão em muito
semelhante à adotada por Israel após o massacre de seus atletas na Olimpíada de
Munique, em 1972, quando a então 1ª Ministra, Golda Meir, ordenou aos Serviços
de Inteligência “matar os que mataram”.
Quando, a partir de 1966, o Partido Comunista do Brasil
começou a deslocar um grupo de militantes para a “Área Estratégica”, no Norte
de Goiás e Sul do Pará para a estruturação de um “trabalho de campo” visando a
formação futura de um “Exército Popular de Libertação”, uma parcela das Forças
Armadas brasileiras começava também a receber o treinamento necessário ao
conhecimento da Guerra Revolucionária, então desencadeada em diversos países da
América Latina e Central por decisão da “OLAS - Organização Latino-Americana de
Solidariedade”, constituída nesse ano de 1966, em Havana.
Não tinham ainda, as Forças Armadas, experiência nesse tipo
de Guerra, uma vez que nenhuma Academia Militar jamais ensinou como - por
exemplo - ganhar a populaçãopara a sua causa. Quem faria o papel de população a
serganha?
É evidente que os contra-rebeldes, ao penetrarem na área
escolhida pelos rebeldes - a Área Estratégica - dificilmente poderiam
distinguir quem era e quem não era guerrilheiro, já que ele poderia ser de
qualquer sexo, qualquer idade e ter qualquer profissão. Ademais, os rebeldes
possuíam a iniciativa, uma vantagem decisiva em qualquer tipo de guerra.
Neste sentido, os contra-rebeldes deveriam estar sempre
atentos e prontos, com um número sempre muito maior e desproporcional de
homens, para contra-atacar a quem ele não conhecia, objetivando manter um
mínimo de controle da situação e um mínimo de contato com os rebeldes. Nessa
situação era inevitável que algumas ações, como é o desejo dos rebeldes,
atingissem a população inocente, criando arestas para os contra-rebeldes.
Recorde-se que, quando o PC do B iniciou aquilo que ele
próprio denominou de trabalho de campo, em 1966, ainda não haviam eclodido os
distúrbios estudantis - que tiveram seu ápice no Maio francês, no Quartier
Latin, em Paris, e no Brasil, em 1968 - e a guerrilha urbana estava, ainda, em
seu estágio inicial.
O atentado a bomba perpetrado no Aeroporto dos Guararapes,
em Recife, em 25 de julho de 1966, contra o General Costa e Silva, no qual
perderam a vida o jornalista Edson Régis de Carvalho e o Almirante Nelson Gomes
Fernandes, saindo ferido o hoje General Sylvio Ferreira da Silva, embora, como
depois comprovado, tivesse sido uma ação de iniciativa individual de um
militante da Ação Popular, pode ser definido como o início da guerrilha urbana.
A chamada pequena-burguesia, intelectuais e estudantes
universitários foram os quadros que, em grande parte, constituíram as chamadas
Organizações Revolucionárias.Jovens, em sua maioria idealistas, impregnados
pelas doutrinas de seus ídolos de então - livremente ensinadas nas cátedras das
Universidades -, Marx, Engels, Lênin, Mao, Trotsky, Che Guevara. O Manifesto
Comunista, que em 2010 completou 162 anos, foi um dos escritos que fizeram a
cabeça dessa juventude. Outro livro, que
já teve inúmeras reedições, foi o
“Conceitos Elementares do Materialismo Histórico”, escrito na década de
60 por Marta Harnecker,
marxista-leninista chilena que depois passou a viver em Cuba e transformou-se
na principal ideóloga do Foro de São Paulo.
É forçoso reconhecer que ainda hoje, apesar do
desmantelamento do socialismo que realmente existiu, do advento da
globalização, do surgimento da Internet, e da descrença generalizada nos
políticos, existe um grupo de jovens brasileiros – como, ademais, em todos os
países - que acredita no socialismo e julga que o mundo só irá melhorar depois
de uma revolução liderada pela classe trabalhadora, conduzida pelo partido da
classe operária, o Partido Comunista, seja qual for o matiz de seu socialismo.
Chamados de dinossauros por seus próprios colegas, por defenderem idéias
ultrapassadas, eles dizem ter certeza que o capitalismo irá ruir em pouco tempo
e, nesse sentido, vivem uma rotina estafante, dividindo seu tempo entre as
aulas nas Universidades e o trabalho político nas fábricas, nas associações de
bairro, nas próprias Universidades e nas passeatas..
Ser militante, é certo, não é tarefa para qualquer um, sendo
quatro, pelo menos, os requisitos básicos imprescindíveis: assistir
semanalmente às reuniões do seu núcleo de base; levar a política do partido aos
movimentos sociais; divulgar o jornal do partido; e contribuir financeiramente
para o partido ou organização.
Um desses dinossauros, com apenas 21 anos, disse
recentemente à revista Veja que “não há nada mais excitante do que convencer
uma pessoa de que o socialismo não morreu”.
A posição dos jovens guerrilheiros está perfeitamente
definida no livro “O Que é Isso, Companheiro?”, de Fernando Gabeira. Segundo o
livro, eles sentiam orgulho de ser considerados guerrilheiros.
As organizações comunistas constituídas na década de 60, a
partir de inúmeras cisões ocorridas no tradicional Partido Comunista Brasileiro
eram, em sua maioria, adeptas da “Teoria do Foco Guerrilheiro”. Recorde-se que,
segundo essa teoria, a revolução deveria ser feita e conduzida a partir da
proliferação de “focos guerrilheiros”,constituídos independentemente dos
partidos, pois “o Foco era o próprio partido em verde; o Foco seria o pequeno
motor que poria em ação o grande motor: a revolução”, segundo escreveu o intelectual
francês Regis Debray, companheiro de Che nas selvas da Bolívia.
O Foco, todavia, era dependente das expropriações levadas a
efeito nas cidades pelos guerrilheiros urbanos, para fazer finanças que
tornassem possível a montagem de sua estrutura no interior do país.
No entanto, a guerrilha urbana foi dizimada e, pouco a
pouco, tornou-se uma questão de sobrevivência dos próprios guerrilheiros que
jamais conseguiram sair do círculo vicioso de assaltar para sobreviver. Isso já
foi narrado em vários livros escritos por ex-terroristas, como, por exemplo,
Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz (“Clemente”), que foi um dos comandantes
da ALN-Ação Libertadora Nacional, após as mortes de Carlos Marighela e Joaquim
Câmara Ferreira.
“Clemente” escreveu em seu livro “Nas Trilhas da ALN”, 1997,
editora Bertrand Brasil, no qual faz uma profunda autocrítica, que a ALN: “ao
final de cada mês, assaltava a fim de obter dinheiro para pagar os aluguéis dos
aparelhos”.
Voltando ao Partido Comunista do Brasil: como já vimos,
desde que foi constituído, em fevereiro de 1962, passou a defender a violência
armada como a principal forma de luta para a tomada do poder. Nesse sentido, em
seuManifesto-Programa afirmava que as classes dominantes tornavam inviável o
caminho pacífico da revolução e que as massas operárias e camponesas teriam que
recorrer a todas as formas de luta. Isso em 1962, no governo Jango!
A área de floresta densa, no Araguaia, de cerca de 7 mil
quilômetros quadrados em que os militantes do PC do B para ali deslocados
começaram a se fixar, abrigava, então, uma população rarefeita de cerca de 20
mil pessoas. Estima-se que aí estivessem, em abril de 1972, quando foram
iniciadas as hostilidades, cerca de 70 militantes dirigidos por uma “Comissão
Militar” e divididos em três Destacamentos. Isto significa que quando os
contingentes das Forças Armadas chegaram à área, os militantes do PC do B já a
conheciam bem e nela se movimentavam com facilidade.
Coerente com o modelo revolucionário importado da China,
alguns se estabeleceram na área com diversos tipos de comércio, como farmácias
e pequenos armazéns, o que facilitava o contato com a população local. Também
foi utilizado um barco, para a compra e venda de artigos junto às populações
ribeirinhas do rio Araguaia. Isso permitia os tipos de levantamentos desejados,
bem como a instalação de um precário sistema de Inteligência, objetivando o
controle e identificação de pessoas estranhas chegadas à região.
Tudo isso foi mantido no mais absoluto sigilo até o início
de 1972, buscando preservar as atividades do PC do B para a implantação da
“Área Estratégica”. Sigilo não apenas externo como também dentro do próprio PC
do B.
Nesse sentido, as normas da direção do partido para manter a
operação sob rigoroso sigilo, definiam:
- o conhecimento da operação por um reduzido número de
membros, inclusive aqueles pertencentes ao Comitê Central;
- o recrutamento e o deslocamento para a região eram feitos
sem que o militante tomasse, a priori, conhecimento de seu destino;
- aos militantes introduzidos na área não era permitido o
afastamento, a não ser em casos excepcionais de doença;
- não realização de trabalho político-revolucionário junto à
população local antes da eclosão efetiva da violência armada.
A partir do ano de 1970 o fluxo de militantes do partido
enviados para o Sul do Pará aumentou consideravelmente, com o objetivo de
tomarem conhecimento detalhado da região, adaptação à vida local e realização
de um continuado trabalho de massa junto à população da área, de cunho
eminentemente social, sem aparentar conotações políticas, como acima foi
escrito.
A quase totalidade desses militantes era composta de jovens,
na faixa etária de 20 a 28 anos de idade, quase todos estudantes universitários
e secundaristas (mais de 50%) que, nas cidades, participavam do Movimento
Estudantil.
A formação desses elementos, ligados às áreas de saúde,
educação e agricultura, considerando as atividades desenvolvidas pelo partido
na região, facilitavam em muito o acesso ao local e ao precário trabalho de
massa desenvolvido, permitindo uma boa aceitação pelos habitantes da área.
Antes do deslocamento para a Selva Amazônica os militantes
eram conduzidos a São Paulo, onde, em aparelhos do partido, eram entrevistados
por um membro da Comissão Executiva conhecedor da operação. Aos estudantes
recrutados era dito que face à impossibilidade de uma atuação política nas cidades
em que viviam, dada a iminência de serem presos, por segurança deles próprios e
do partido, seriam deslocados para outras áreas de atuação.
Esses jovens – homens e mulheres - eram conduzidos à área
estratégica sempre por “Dª Maria” – Elza Monerat, uma velhinha simpática, acima
de qualquer suspeita.
É verdade que os primeiros elementos chegados à chamada
“Área Estratégica” buscaram e obtiveram uma efetiva integração com os moradores
locais, após estudarem seus hábitos e costumes. Em 1970, o PC do B já possuía
glebas de terras espalhadas por diversos locais. Elas, no futuro, serviriam de
pontos de apoio, onde os guerrilheiros passariam a viver com fachada legal.
A partir de 1971 foi dada prioridade às atividades de
treinamento físico e instrução militar. A prioridade para esse tipo de trabalho
obedeceu a uma resolução da Executiva Nacional do PC do B, no sentido de que
fosse adotada uma estrutura militarizada para o movimento que passou a ser
constituído por Destacamentos com o efetivo, cada um, de 23 homens (um
comandante, um vice-comandante e 21 membros divididos em três Grupos).
O trabalho de formação política dos guerrilheiros, que
consistia na leitura e discussão dos documentos elaborados pelo partido, além
da obrigatoriedade de ouvir, diariamente, as transmissões em português daRádio
Tirana, da Albânia, sempre existiu.
Quando foram iniciados os confrontos, em abril de 1972, a
“Comissão Militar” decidiu alterar sua tática, passando a fazer propaganda
revolucionária ostensivamente, não em nome do Partido Comunista do Brasil, mas
de uma pseudo-entidade denominada “União para a Liberdade e pelos Direitos do
Povo” (ULDP), com base em um programa político de 27 pontos, elaborado pela
direção do partido, voltado para as peculiaridades da região e difundido à
população local.
Dentre os documentos básicos da “União pela Liberdade e
pelos Direitos do Povo”, fazia parte um programa de reivindicações mínimas que
continha um levantamento dos principais problemas da área, dava sugestões para
a solução desses problemas e concitava a população a unir-se à luta pela
implantação de um Governo Popular Revolucionário. Ora, para a maioria da
população analfabeta da região, isso era latim...
Por outro lado, o “Regulamento da Justiça Militar
Revolucionária”, redigido pela “Comissão Militar”, definia as penas para as
faltas consideradas graves cometidas pelos guerrilheiros, bem como para os
“inimigos do povo”capturados. A Justiça Militar Revolucionária constituía-se de
um Tribunal Militar Revolucionário das Forças Guerrilheiras, composto por dois
membros do Birô Político da Zona Guerrilheira, um membro da “Comissão Militar”,
e o Comandante ou Vice-Comandante do Destacamento a que pertencesse o
guerrilheiro a ser julgado.
Com base nesse Regulamento, três moradores da região e pelo
menos dois guerrilheiros foram assassinados. Ou melhor, “justiçados”, segundo o
linguajar da guerrilha.
O Regulamento Militar definia a estrutura das forças
guerrilheiras, pelo menos para a fase inicial das operações. Essa estrutura era
composta de uma “Comissão Militar”, sem constituição definida, designada pelo
Birô Político da região de guerrilha, e a ele subordinado; pelos Destacamentos
que operavam sob a direção da “Comissão Militar”, com uma área determinada de
operações; e pelos Grupos que integravam os Destacamentos.
O Destacamento correspondia a uma unidade das Forças
Guerrilheiras. Estruturava-se com um Comandante, um Vice-Comandante e três
grupos de 7 guerrilheiros cada um, que dispunham de relativa autonomia. Em
princípio, não era previsto um número fixo de Destacamentos que aumentariam ou
diminuiriam de conformidade com o desenvolvimento da luta guerrilheira.
O Grupo constituía a unidade militar de base das Forças
Guerrilheiras. Era composto por um Chefe, um substituto eventual e 5
combatentes.
A mencionada “União pela Liberdade e pelos Direitos do
Povo”, denominação fictícia da guerrilha, foi totalmente dizimada pelos
contra-rebeldes, até meados de 1974.
Diversos militantes do partido, recrutados para a aventura
do Sul do Pará, ao tomarem conhecimento da área logo manifestaram desejo de
abandoná-la, vendo-se impedidos, no entanto, por três razões: as ameaças dos
dirigentes locais do partido; o receio de ficarem perdidos na selva; e o receio
de serem capturados pelas forças legais.
Dentre esses elementos, além de Pedro de Albuquerque Neto e
sua esposa “Ana”- Teresa Cristina de Albuquerque, outros 8 guerrilheiros
abandonaram a área e a guerrilha por motivos diversos.
Os dois últimos que conseguiram sair da área, também
abandonando a guerrilha, foram “Joaquim” – Ângelo Arroio, membro da “Comissão
Militar” e “Zeca” – Micheas Gomes de Almeida (que em 2003 deu diversas
entrevistas à imprensa), juntos, no início de 1974, no decorrer da terceira e
última fase das hostilidades. Ângelo Arroio viria a ser morto em 1976, em São
Paulo, num aparelho do PC do B, onde se realizava uma reunião do Comitê
Central.
É de observar-se a diferença de tratamento dado pela direção
da guerrilha a Teresa Cristina de Albuquerque, grávida - impondo-lhe a
realização de um aborto -, com o dispensado a Criméia Alice Schimidt de
Almeida, também grávida, autorizada a voltar para São Paulo. Teresa era uma
desconhecida militante de uma base estudantil do Nordeste. Criméia, no entanto,
era a mulher de “Zé Carlos”- André Grabois - comandante de um Destacamento – e,
portanto, nora do Comandante Militar da guerrilha, Mauricio Grabois.
Segundo a doutrina científica que a guerrilha do PC do B
desejava implantar, todos seriam iguais. Uns, todavia, desde o início, eram
“mais iguais”, segundo a histórica expressão de George Orwell no livro “A
Revolução dos Bichos”.
Quanto ao chamado trabalho de massa desenvolvido junto aos
habitantes da área, segundo a publicação“Guerrilha do Araguaia” (sem menção ao
nome do autor), da Editora Anita Garibaldi, um empreendimento do PC do B, dos
habitantes da região foram incorporados aos Destacamentos guerrilheiros uma
pessoa em dezembro de 1972, outra em abril de 1973 e 9 a partir de junho de
1973, num total de 11 pessoas. Índice que pode ser considerado excepcionalmente
reduzido, levando-se ainda em consideração que, dessas pessoas, duas desertaram
da guerrilha em fins de outubro de 1973, e outras duas em novembro e dezembro
de 1973.
Todavia, já foi dito que no período que antecedeu as
hostilidades e mesmo depois do seu início, diversos moradores da região foram
recrutados para a guerrilha ou simplesmente colaboraram com ela, realizando
pequenas tarefas, como, por exemplo, ceder mantimentos aos guerrilheiros.
Considerando as naturais despesas para a instalação inicial
de campos de treinamento - aquisição de pontos comerciais e glebas de terras, a
distribuição de recursos financeiros entre os Destacamentos, além dos recursos
necessários à toda uma sistemática de recrutamento e viagens de militantes para
a área, bem como de dirigentes para dentro e fora da área -, as contribuições
financeiras de possíveis aliados do partido, em território nacional, seriam
insuficientes para atender a todas essas necessidades, sendo lícito especular
que os recursos destinados à montagem da “experiência”, iniciada em março de
1964, com a ida de militantes para cursar aAcademia Militar de Pequim, e
concluída 10 anos depois, pelo seu desmantelamento total, teriam sua origem na
China ou até mesmo na Albânia, país mais atrasado e pobre da Europa.
Dentre os militantes do partido que desenvolveram atividades
no Sul do Pará e direta e indiretamente participaram da implantação das bases
guerrilheiras, os seguintes foram adestrados militarmente na China, segundo
matérias publicadas na Folha de São Paulo dos dias 21 e 22 de novembro de 1968:
“Ari” - Arildo Valadão, “Cazuza” – Miguel Pereira dos
Santos, “Dª Maria” - Elza de Lima Monerat, “Daniel” - Daniel Ribeiro Callado,
“Gil” - Manoel José Nurchis,“Joaquim” - Ângelo Arroio, “Joca” - João Bispo
Ferreira Borges, “Juca” – João Carlos Haas Sobrinho, “Nelito” - Nelson Lima
Piauhy Dourado,“Nunes” - Divino Ferreira de Souza, “Osvaldão” - Osvaldo Orlando
da Costa, “Zé Carlos” - André Grabois, “Zé Fogoió” ou “Zeca” - José Humberto
Bronca, ”Zeca” ou “Zezinho” - Micheas Gomes de Almeida,.
Com exceção de “Dª Maria” e de “Zeca” ou “Zezinho”, que
desertaram, todos foram mortos.
Além dos “justiçamentos” dos guerrilheiros “Mundico”
e“Paulo”, alguns habitantes da região foram também“justiçados” pelos
guerrilheiros sob a acusação de colaboração com a repressão. Foram eles Pedro
Mineiro, João Pereira e Osmar.
Parece desnecessário discorrer sobre os efeitos altamente
negativos sobre o PC do B, junto à esquerda e a seus próprios militantes -
estes, quando foram informados - do desfecho da Guerrilha do Araguaia, bem
como, paralelamente – visando eliminar um possível apoio, de fora, à guerrilha
- do desmantelamento de diversos Comitês Estaduais do partido nas cidades, com
a prisão de um grande número de dirigentes e provados militantes, e morte de
alguns.
Sobre tudo isso, a direção do PC do B manteve um completo silêncio.
Somente em agosto de 1976, mais de dois anos após o fracasso da experiência
(como o PC do B se referia à guerrilha) é que a Comissão Executiva decidiu
divulgar um documento, dirigido às bases do partido, abordando o tema. Esse
documento tinha um título extemporâneo: “Gloriosa Jornada de Luta”.Comunicava
que a guerrilha havia chegado ao seu fim, não sob a forma de aniquilamento
total ou deserção dos militantes nela engajados, mas sob a forma de “um recuo e
uma dispersão temporária”. Esse Comunicado definiu a luta no Araguaia como “um
conflito regional entre posseiros” e não como um ato perpetrado pela alta
direção partidária desde fevereiro de 1962, quando o partido foi constituído.
Os familiares dos militantes deslocados para a Selva
Amazônica que os promotores da guerrilha, desde o primeiro momento, sabiam que
estavam mortos ou desaparecidos, NUNCA foram informados de nada pelos
dirigentes partidários.
Embora derrotados na Selva Amazônica e politicamente
desmantelados nos centros urbanos, os dirigentes do partido não deixaram de
considerar válida a “experiência”do Araguaia e, ainda no ano de 1976,
elaboraram um planejamento para o prosseguimento da violência armada no campo,
em longo prazo, procurando tirar ensinamentos dos erros passados.
Esse planejamento não teve conseqüências, uma vez que em
dezembro de 1976, quando ele seria discutido, os Órgãos de Segurança
desmantelaram uma reunião da Executiva Nacional e do Comitê Central do PC do B,
em São Paulo - operação que o partido passou a denominar“Chacina da Lapa”-.
Nessa ocasião, diversos dirigentes foram presos e outros mortos e diversos
documentos relativos ao planejamento da pretendida continuidade da experiência
do Araguaia foram apreendidos.
Devido a ocultação, pela direção do PC do B, dos fatos
relativos ao Araguaia, no início dos anos 80 um grupo de militantes abandonou o
partido - inclusive o entãodeputado José Genoino Neto, que viria a ser
condenado pelo STF por corrupção - e constituiram o PRC - Partido
Revolucionário Comunista, cuja existência foi efêmera.
A direção do PC do B NUNCA fez uma autocrítica da Guerrilha
do Araguaia, como se nada houvesse acontecido. Continua insistindo em colocar a
culpa pelas mortes, prisões e desaparecimentos, na repressão desencadeada pela
ditadura militar “que atuaram como bárbaros”. Em 1982, no 6º Congresso do PC do
B – na realidade, o primeiro a ser realizado desde a constituição do partido,
em fevereiro de 1962 -, com o partido já depurado dos militantes que o
abandonaram, a fragorosa derrota foi, cinicamente, atribuída a “desacertos e
insuficiências de natureza militar”. Juntamente a essa explicação, o Congresso
voltou a criticar o maoísmo, e a Albânia foi apontada como o único país que
permanecia fiel ao socialismo.
Recorde-se que, curiosamente, apenas 6 anos antes, em 1976,
o líder chinês, Mao-Tsetung, quando de sua morte, havia sido apontado pela
direção do PC do B em artigo publicado pelo jornal do partido “A Classe
Operária”, de setembro desse ano, como “a personalidade mais destacada do
movimento comunista mundial contemporâneo”.
Dois anos depois, em 1978, no entanto, as análises
científicas partidárias passaram a propalar para as bases que o kamarada Mao
“nunca havia sido um marxista”; que nunca passara de “um líder nacionalista e
democrático pequeno-burguês”.
Antes disso, a VII Conferência Nacional do PC do B, que
reuniu o que restava do Comitê Central do partido, realizada em... Tirana,
capital da Albânia, em duas partes – outubro de 1978 e janeiro de 1979 – iria
decretar “o caráter pernicioso da influência de Mao-Tsetung”, transformando-o,
de um dia para o outro, em revisionista, defensor da conciliação com as
burguesias nacionais e, portanto, antimarxista-leninista.
Registre-se que os delegados a essa VII Conferência, ao
invés de serem eleitos pelos Comitês Regionais, como é de praxe em todos os
partidos comunistas do mundo e como, aliás, consta do Estatuto do PC do B,
foramselecionados pelo próprio Comitê Central que, dessa forma, preveniu-se
contra prováveis posicionamentos políticos antagônicos.
Até então, desde fevereiro de 1962, quando foi criado, o PC
do B não havia realizado nenhum Congresso, o que não impedia que o Comitê
Central remanescente afirmasse que “o partido é uma organização centralizada.
Entre um e outro Congresso, o CC representa o partido. A unidade se faz em
torno do CC”. Como o 1º Congresso do PC do B somente foi realizado em janeiro
de 1982, 21 anos depois de sua fundação, durante todo esse tempo, o Comitê
Central funcionou com dirigentes cooptados pelo próprio Comitê Central.
Ou seja, o Partido Comunista do Brasil, após as demoradas
análises científicas de seus dirigentes, deu a entender que o culpado pela
catástrofe no Araguaia teria sido Mao-Tsetung, pois, afinal, o partido não
havia seguido fielmente os ensinamentos transmitidos a seus militantes na
Academia Militar de Pequim?
Fonte: Alerta Total
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Carlos I. S. Azambuja é Historiador.
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